Era um pouco difícil fingir naquele momento, eu deveria parecer nervosa e impaciente, porém a verdade era que eu gostava de assistir ele trabalhando – ficava tão bonitinho no uniforme de garçom e perguntando as pessoas o que queriam. E não importava as vezes que eu fizesse aquela piadinha de 'gostaria do meu namorado para viagem, por favor', ele sempre ficava envergonhado se segurando para não rir.
O problema é que se eu demonstrasse estar tranquila ele ia me fazer esperar até não ter mais ninguém no restaurante – como era o caso de agora, em que restava apenas dois garçons e um casal que não terminava a porra da lasanha nunca! Se brincar até o chefe de cozinha já tinha ido embora.
E quando o casal finalmente pediu a conta, ergui as mãos para o céu.
—Aguenta só mais um pouquinho...—Disse assim que o casal saiu. Suspirei assistindo-o e o resto do pessoal arrumando as mesas e cadeiras.
—Tudo bem, afinal quem precisa passar o dia dos namorados junto com o namorado, não é? E o fato de ser nosso primeiro dia dos namorados juntos nem significa nada mesmo...—Resmunguei quando veio tirar o forro de uma mesa perto de mim.
—Você disse que não se importava de esperar desde que comemorássemos hoje, eu disse que podíamos fazer...
—AMANHÃnãoédiadosnamoradosDuncan!—Revidei rangendo os dentes nervosa e um tanto histérica. Deu para ouvir umas risadinhas no fundo dos funcionários, ele engoliu em seco e continuou o trabalho.
Aproveitei para tirar uma foto da cena e mandar para minha mãe com um monte de emoticons irados explicando o motivo do porque eu chegaria mais tarde do que o combinado.
Em retorno a velha me enviou outra foto com ela e meu pai tendo um jantar romântico a luz de velas no quintal de casa, em cima da mesa a perdição dela: Uma cesta de chocolates com vinho. E como se não bastasse ela jogar o encontro perfeito dela na minha cara, a desaforada ainda teve o disparate de colocar uma legenda dizendo: "Quem pode, pode, querida".
Eu ia revidar, mas ela logo continuou com: "Mamãe vai desligar o celular, papai quer o presente dele, bjos!"
—Alguém pediu um delicioso petit gateau?—Colocou na mesa com um sorriso implorando desculpas.
—Não, eu pedi um namorado para viajem, mas pelo visto está em falta aqui!—Ele mordeu os lábios e fechando os olhos.
—Me desculpa, Elise! Eu já dispensei todo mundo, vou subir para me arrumar e a gente saí, tá bom?!—Abri a boca perplexa. Larguei até a comida de lado para seguir ele.
—Ah! Claro, afinal tem muitos lugares abertos a essa hora... O Subway, por exemplo!—Disse com ironia. Duncan estalou os dedos do meu lado concordando.
—Quer ir ao subway...?
—Foi sarcasmo e você sabe disso!—Sorriu assentindo. Ele suspirou coçando a nuca enquanto subíamos as escadas.
—Eu realmente sinto muito, não achei pessoal suficiente e o restaurante lota de casais, serei rápido, eu prometo!—Assim que entramos acenei para se apressar.
Me joguei no sofá sem mais tantas expectativas.
Eu tinha mais um plano, mas ele requeria tempo e preparação, não dava para já irmos para o finalmente. A donzela virgem com quem resolvi namorar tinha que ser induzida lentamente, já que da última vez que estávamos ficando e eu apenas mencionei estar sem sutiã para apimentar as coisas fez ele congelar.
Puxei o decote do vestido sem acreditar que mais uma vez vim de maiô para nada.
—Não é hoje pessoal...—Resmunguei deitada.
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O Teste
RomanceMinha família é maluca e quando eu tinha doze anos, só pelo simples fato de eu sair num encontro escondido com um cara de vinte um anos, eles decidiram que não tenho juízo suficiente para escolher com quem sair. Então criaram o famoso TESTE, quem qu...