Capítulo dois

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Porque minha vida é tão complicada meu Deus? Porque não tenho uma vida normal como os outros adolescentes?

Em minha vida às coisas ao invés de melhorarem a cada dia elas tendem a piorar, uma desgraça atrás de outra, uma desgraça leva a outra que leva a outra como nunca cascata enzimática.

Os novos alunos me encaravam com um misto de curiosidade, ódio e digamos que até pena, isso me deixou com medo, muito medo.

A loira mudou de postura e sorriu, se aproximando de mim, que por impulso recuei dois passos assustada, seu irmão continuou parada me olhando com desprezo.

Que diabos eles querem de mim?

- Não precisa agir dessa forma garota, só queremos saber como você está - disse tranquila, levando as maus em sinal de paz - você sumiu durante mais de três horas, a aula chata do professor de matemática acabou e o pinguim desorganizado de biologia falou uma baboseira qualquer sobre insectos e saiu espalhado todo material, que sujeito estranho... Ele sempre é assim? - falou tudo rápido, muito rápido - porquê nenhum dos seus colegas deu pela sua falta? Olha desculpa estar falando assim, é que, sabe quando estou nervosa não consigo parar e... e você nem responde, tem algum problema? Você é muda? - continuou falando e fazendo questões uma atrás da outra, por Deus ela e imparável, não pausa nem para respirar - claro! Nem me apresentei, bem.... Sei que o profechato disse meu nome mas não é a mesma coisa e convenhamos eu não sei seu nome, meu nome é Darla, tenho 18 anos, adoro gatos eles são tão fofos, mas mamãe nunca deixou eu adotar um, eu...

- Por favor para, você é um furacão, agradeço, mas não precisa se preocupar comigo - digo me afastando deles, sentindo algo muito estranho dentro de mim, como se meus ossos quebrassem e meu sangue saísse dos vasos, não consegui me mexer, fiquei tonta e apaguei.

***
Acordo confusa e com uma enorme dor de cabeça, tento levantar mas fracasso, observo o logar e tudo que vejo é branco.

Não acredito! Eu morri e estou no céu, nunca imaginei que Deus me receberia, estava tão feliz até que alguém entrou no local:

- Vejo que a senhorita acordou, então como se sente? - um homem velho, com cabelo e barba branca, óculos de fundo de garrafa perguntou gentil.

- Eu morri? Você é um dos anjos do Senhor? - perguntei com a esperança de que ele confirmasse, eu sei, é muito estranho alguém desejar morrer mas garanto que se você estivesse em meu lugar desejava o mesmo, mas para minha desgraça ele negou com a cabeça e sorriu como se isso fosse engraçado, que mal tem em alguém querer morrer? Esta vida é bem cansativa.

- A senhorita teve um desmaio, mas não é nada grave - disse ainda sorrindo, vi um crachá em seu bolso esquerdo, mas não me importava em saber o nome dele - foi só o stress, parece que você é emocionante sensível, és muito nova devia relaxar - o escutei em silêncio, sem dar importância para nada - por agora descanse, seus pais estão lhe esperando, já pode voltar para casa - finaliza e sai apressado.

Meus pais!

Meus pais são os únicos que me fazem bem, os únicos que me amam incondicionalmente.

***

Meu pai é muito dramático, acho que o facto dele ser escritor influencia muito, me encheu de mimos e me obrigou a descansar, quando acordei me deu uma sopa bem deliciosa, serviu um jantar simples: arroz, peixe grelhado e um salada, com um sumo de uva para acompanhar, o meu preferido.

Minha mãe não fica atrás, a cada cinco minutos me perguntava se preciso de algo, se sinto alguma dor, sempre dizendo o quanto ficou preocupada quando recebeu a ligação do colégio:

- Filha, você sabe o quanto a amo, você precisa cuidar mais de si, você precisa ter amigos, conversar mais com as pessoas... Você precisa parar de se afastar das pessoas por pensar que elas te odeiam, mostre para eles como você é incrível - ela diz me abraçando e não consigo evitar as lágrimas que descem livremente por meu rosto, sempre contei tudo para minha mãe, ela é minha melhor amiga, ela acha que o facto das pessoas a minha volta me odiarem é coisa da minha cabeça, algo que inventei para cortar qualquer proximidade, segundo ela tenho medo de me machucar- não chore meu amor!

- Mãe, você não entende... Não sou eu...

- Não. Eu vi que as coisas não são como você sempre me disse querida, dois dos seu colegas ficaram por horas a espera que você reagisse e quando o doutor Lucas disse que você estava bem, eu vi o alívio nos olhos deles, eles só não ficaram para se despedir de você porque um homem os levou, então pare... Pare por favor! Promete que vai tentar, Anna! Me promete filha - ela me corta sem me dar chances de relutar, simplesmente, prometo em murmúrio e ela me abraça feliz, sem saber que eu era infeliz.

Mas que colegas eram esses?

Só podiam estar fingindo.

Mas porquê?

Isso é muito estranho.

Saiu me desejando uma óptima noite, e me deu um beijo de boa noite, meu pai veio logo em seguida ele gostava de ser o último, dizia ele que assim eu lembraria mais dele e que o "boa noite" de um pai é sagrado.

Isso melhorou meu ânimo e me fez esquecer um pouco do quão desagradável é a minha vida, pensava eu que poderia ter uma noite feliz e tranquila, pensava eu que poderia descansar em paz e ter bons sonhos como meus pais desejaram mas não, um ser mesquinho se encarregou de estragar isso:

- Porquê não morreu duma vez irmãnzinha, não imagina o bem que faria para humanidade... Sabe quando meu pai falou que você estava no hospital torci tanto para nunca mais tivesse o gosto de vê-la, de me ver livre de você... Dessa tua presença insignificante - diz se aproximando cada vez mais de mim, a luz estava apagada e não conseguia ver direito - eu te desprezo desde o maldito dia em que você entrou em minha vida.

- Pare, senão eu grito - digo quase gritando - me deixa em paz, saia do meu quarto - ela continuava avançado, não tinha mais força, sempre tentei ignorar suas palavras, mas sempre, todos os dias, elas me machucavam de uma forma brutal.

- Eu te odeio Anna! - disse bem baixinho em meu ouvido - não vejo a hora de você descobrir a verdade e sumir da minha vida - finaliza e sai tão rápido quanto entrou.

E então novamente permiti as lágrimas rolarem livremente no meu rosto, estava destruída, com tamanha angústia que seria capaz de cobrir o mundo.

Minha irmã me ideia!

E que verdade era essa?

E isso era apenas uma parte do meu tormento.

Mais um dia normal da minha vida.

Só espero que o sono venha logo e me leve para um mundo onde as coisas são diferentes em minha vida, onde sou feliz e tenho paz.

Evelyn-A princesa perdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora