Temos mais avisos, people! Não de linguagem mas de conteúdo perturbador.
Quê? Há gente sensível e assustadiça nestas bandas! Há que prevenir!
-----------------------------------------------------------
Lay andava pelo caminho de cristal, que estava sempre em linha reta, tentando não pensar em nada. Ela estava feliz por ter conseguido uma chave do Palácio das Nuvens mas queria encontrar Sofia e Max depressa e não pensar no que se tinha passado.
Passado um bocado, ela viu que o corredor tinha uma curva no final, mas ainda ia demorar algum tempo até lá chegar.
Lay estava a mexer na chave dourada, passando os dedos pela folha verde que era tão suave ao toque, quando ela ouviu uma voz.
- Lay...
A voz era-lhe familiar, como se já tivesse ouvido... Mas nenhuma memória de alguma vez ter ouvido aquela voz, lhe veio á mente.
- Lay?
A voz tinha mudado. E Lay reconhecia-a.
Era a voz da mãe...
- Lay?
Ela ficou quieta ao perceber que a voz estava a afastar-se.
- Lay? Estás ai? Vieste buscar-me?
Lay guardou a Chave da Terra no bolso, engoliu seco e perguntou:
- Quem está ai?
Ouviu-se um suspiro de alívio que ecoou pelas paredes.
- Lay, és tu. Sou a tua mãe. Vêm buscar-me.
Ela ficou quieta.
- Vêm buscar-me. Estou presa. Vêm buscar-me... Lay...
Lay sentiu um arrepio na espinha ao ouvir o nome dela a ser dito de uma forma tão baixa e suave. Ela sabia que aquela não era a mãe dela e deu um passo para trás.
- Lay?
A voz estava mais perto.
Isto lembrava-lhe alguns dos incontáveis filmes de terror que tinha visto e deu mais um passo para trás.
- Estás a tentar deixar-me... A deixar-me para trás...
Lay ouviu a algo a rastejar e recuou ainda mais.
- NÃO ME DEIXES!
A voz já não era calma. Já nem era a voz da mãe. Era uma voz grave e demoníaca.
Agora é que aquilo parecia um filme de terror. Mas a pergunta era... Ia Lay, sobreviver?
Lay começou a correr para trás com todas as forças.
Ela conseguia a ouvir o rastejar atrás dela, juntamente com os gritos que misturavam a voz da mãe e a voz que ela não conhecia, de uma forma assustadora.
A certa altura ela chocou contra uma parede de cristal, que se tinha erguido em frente dela. Lay esfregou o nariz e ouviu o rastejar a parar. E assim que levantou o olhar, o coração de Lay parou.
Era sem dúvida a fonte das vozes, que ela estava a ver refletida na parede de cristal. A criatura tinha um sorriso de orelha a orelha e Lay viu que tinha ficado mais pálida.
A pele da criatura era pálida como a de um cadáver, a boca sem lábios estava cozida e os olhos eram completamente negros. Não como os da sereia, os olhos negros da sereia eram vivos e intensos mas estes... Estes olhos eram vazios e mortos, como quem olha para o fundo de um poço sem fundo. O cabelo era grisalho e dividido em madeixas grossas e despenteadas.
Lay não conseguia desviar o olhar da criatura macabra que estava atrás dela. Ela não soube como conseguiu falar e perguntar:
- Que queres?
- O teu coração, ainda a bater, e coberto de sangue.
Lay queria gritar. Mesmo depois de tantos filmes de terror, ela sentia que ia desmaiar. Seria aquilo outro desafio que lhe daria outra chave? Ou algum simplesmente obstáculo, daqueles que Máli lhe tinha mencionado?
Ela tentou manter a cabeça fria e perguntou:
- Existe alguma alternativa que não me mate no processo?
O sorriso da criatura ficou maior e ela disse:
- Fica comigo. Faz-me companhia, para sempre...
Lay engoliu seco. E decidiu que a prioridade dela era manter-se viva e depois pensava num plano.
- Ok.
- Perfeito.
Lay começou sentir-se tonta. Depois, só se lembrava de cair aos pés de alguém com um dedo cortado no pé esquerdo e dois dedos a mais no pé direito.
Lay acordou num espécie de caverna. Estava em cima de de um monte de almofadas rasgadas e a memória do que se tinha passado voltou a ela como uma pancada na cabeça.
Uma pancada bastante desagradável.
- Estás bem?
Lay guinchou e ao ver a criatura que a tinha trazido para ali, deu um grito. A criatura pareceu ficar triste e não disse nada.
As duas ficaram a olhar uma para a outra durantes uns momentos. A criatura falou, num tom estranhamente normal, para a voz que ela já tinha ouvido.
- Como te chamas?
Lay sentia-se completamente desprotegida por estar deitada mas a dona da boca cozida e dos olhos mortiços estava a uma boa distância.
- L-Lay.
A criatura sorriu.
- Sou a Ens.
------------------------------------------------------------
Eu juro-vos... Ter português, inglês e espanhol no mesmo dia não me fez bem á cabeça...
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Deusa da Noite
FantasyUma vez que havia duas irmãs. A irmã mais velha fez o dia e a irmã mais nova fez a noite. Por muito tempo a sua função foi trazer a sua respetiva fase do dia e assim foi por muitos milénios. Mas a inveja começar a crescer na irmã mais nova que sente...