Vivendo em dois mundos

Capítulo 64

M A R I A   E L I S A 🌻

— Olha isso Maria — Jorge falou animado e começou a dar carinho e falar baixo com a barriga da Bi, Cauê começou a chutar e Jorge a gargalhar — Tá vendo?

— Ele vai ser muito mimado — Bi falou e passou a mão em sua barriga —.

— Vai mesmo — falei sorrindo — Vou pra casa porque amanhã eu trabalho — falei me levantando —.

Ainda é domingo, umas sete horas da noite deve ser.

— I, a piranha tá namorando, vê se pode — Jorge falou encarando minha mão —.

— Vê se pode, tu acredita nisso Jorge? — Bi perguntou, na real ela só queria colocar mais lenha na fogueira — esse mundo tá perdido mesmo.

— Tchau pra vocês — falei indo pra porta —.

Ainda no quintal ouvia as zoações deles e só sabia rir.

Comecei a subir pra rua da minha casa respondendo Vinicius.

Todos me conheciam aqui, então ninguém era tão idiota assim pra mexer comigo, me roubar, mais mesmo assim ainda ouvia algumas coisas quando passava, e eu só ignorava.

— Vê se pode, sobrinha de traficante namorando alguém do Bope — ouvi alguém falar, nunca tinha ouvido aquela voz,  só continue subindo — Chacal acha que foi tudo armação pra cima da sobrinha, eu já acho que a sobrinha que tava armando pro tio — parei de andar e tentei procurar a pessoa, a mesma assobio e eu olhei pra cima de uma casa, nunca tinha o visto na vida — tocou no ponto foi? — falou sínico —.

— Sem tempo pra você e suas piadinhas — falei o encarando, guardei meu celular na bolsa e continuei a andar —.

— X9 MORRE CEDO — gritou e virei pra ele —.

— Então tu tá vivendo muito em. É de que morro? Veio fazer intriga aqui por que? — falei e arqueei a sobrancelha — conheço seu tipo e suas táticas, comigo não cola.

Virei e ouvi uma arma sendo destravada, gelei, nem sei como estava respirando.

— Vim com a ordem de te matar, e é isso que vou fazer — falou, e puta merda, cadê minha respiração? —.

Ouvi um tiro sendo destravado e senti alguém me empurrando, senti uma dor insuportável no ombro e outro tiro sendo disparado.

Alan me empurrou, o tiro que era pra ter acertado no coração foi direto pro ombro, não sei como.

— Ele tá morto — ouvi alguém dizendo — Tá com a mira Boa em Chacal.

— TÁ  DOENDO PRA CARALHO — gritei sentindo mais dor ainda —.

Alan me pegou no colo e me colocou em um carro.

— Leva ela pro hospital do asfalto — meu tio disse pra Julia que estava no banco na frente do motorista — qualquer coisa tu me liga, vou tá arrumando as coisas por aqui.

Julia assentiu, meu tio fechou a porta.

— Tá, vamos falar do que então? — Julia falou enquanto corria com carro, corria e muito —.

— Eu não consigo pensar em nada que seja na bala que está em meu ombro — falei me deitando no banco — minha blusinha rosinha, novilha, manchada de sangue, e com um rasgo — falei bufando — Será que se eu falar eu não sinto tanta dor? — perguntei me levantando, Julia abriu a boca pra falar algo mais logo fechou — Tu tá morando com meu tio? Porque tu só vive lá.

— Eu não tenho certeza — falou fazendo a curva — vivo mais na casa do Carlos do que na minha, nem sei como tá meu apartamento pra falar a verdade.

Ela estacionou o carro e saiu correndo, me levantei e abri a porta.

Vi Julia se aproximando com dois enfermeiros e um médico, eles traziam uma maca junto com eles.

Um dos enfermeiros foi tentar me conduzir pra maca e foi pegar em meus ombros.

— MAIS QUE MERDA — gritei de dor já deitada na maca —.

O enfermeiro me olhou torto e foi olhar a Julia do mesmo jeito.

— Você que é o errado, eu hein — Julia já falou brava com o enfermeiro —.

Entramos no hospital e uma moça foi falar com a Julia, puxando a mesma pro balcão.

— Certeza que é mulher de bandido — o enfermeiro que tocou meu ombro disse baixo —.

— Certeza que taco um b.o em você e tu fica sem nada — falei ajudando o outro enfermeiro a tirar minha blusa — Não quero ele aqui — falei pro médico —.

— Por favor se retira e chama uma enfermeira — o médico disse o encarando e depois me olhou — Desculpa por isso.

Assenti com a cabeça e fiquei observando mexer em meu ombro.

[ 150⭐• 80💬 ]