XXXIV- Good Nigth

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Nosso relacionamento sempre teve altos e baixos. Não é fácil ter algo estável na adolescência. Tínhamos problemas internos e externos. Mas nunca tive dúvidas quanto a ele, nosso relacionamento, ou quanto a sentimentos, eu a amava.

Eu estava a olhando. Estávamos deitadas na grama do meu quintal, observando as estrelas. Sempre se tratou daquele clichê adolescente em que nos vimos completamente apaixonadas e perdidas. Eu sentia que éramos aquilo. Um clichê adorável. Isso não soa ruim, nem um pouco. O azul dos teus olhos me deixa cada vez mais perdidamente apaixonada. Eu sabia que se brigássemos não demoraria para que nós voltássemos a nos falar. Era quase um imã, algo sempre a trazia de volta e algo sempre me levava de volta para ela.

Soltei um longo suspiro e voltei a olhar para cima. As noites ali eram quentes e húmidas. Eu gostava do clima de LA.

-Quero montar um restaurante. - Eu disse a fazendo rir. - É sério...

-Vai ser um ótimo restaurante. - Billie disse animada.

-Meus pais querem que eu faça a faculdade, acabe tomando conta da empresa. - Suspirei. - Eles a construíram com muito amor...

-Você consegue fazer os dois. Samanta Becker advogada de sucesso e dona do famoso restaurante Becks.

-Becks? - Mordi o lábio inferior, virando-me de lado. Billie fez o mesmo.

-É um bom nome. B de Billie, Eck do seu sobrenome e S de Samanta.

-É ótimo. - Mordi o lábio inferior. - Becks Restaurant.

-Isso, incrível. - Ela riu. Não conversamos sobre o que faríamos quando eu fosse para faculdade e Billie seguir sua carreira. Nós conseguimos achar muitos motivos para discutir, não precisaria antecipar um deles. - Promete que se você tiver esse restaurante vai manter o nome?

-Prometo. - Eu abri um genuíno sorriso.

Quando meu pai cantava aquela música incansavelmente eu sinceramente não entendia o motivo. Era como um disco arranhado se repetindo.

Agora eu entendia perfeitamente...

Eu não costumava saber quem eu realmente era. Tentava me encaixar nas expectativas alheias, tentava me ajustar conforme o desejo de outros. Eu não sabia o que estava fazendo, e é completamente entendível estar perdida na adolescência. É um período de hormônios tomando conta do seu corpo, decepções amorosas e as vezes problemas como câncer e morte. Todos aqueles sentimentos em crianças que acham que são adultas. Eu sempre achei que tinha controle sobre tudo ao meu redor, obviamente estava completamente enganada. A formatura estava se aproximando e eu havia me achado, havia descoberto meu nome. Sophie estava conseguindo seguir os passos do AA. Thomas tinha problemas em casa recorrente o que o fez se dedicar ainda mais ao futebol. Noah também estava dedicado, não poderia pagar uma faculdade de medicina particular. Billie estava cada vez mais reconhecida, o que me deixava orgulhosa dos pés à cabeça. Nos paravam recorrentemente na rua, para tirar foto com ela e receber presente de fãs. Ela estava no auge da vida. Havíamos concordado em não expor na mídia nosso relacionamento, ela queria que focassem na música dela e não a tornassem apenas uma celebridade que canta.

-Achei que tinha desistido. - Tessa sorriu amigável, arrumando o coque em sua cabeça. Estávamos no estudio.

-Não, só estava complicado... As coisas começam a acontecer do nado e não param. - Sorri alongando-me.

-É complicado ter as coisas fora de controle, mas fiquei feliz por ter me ligado.

-Eu estou com uma ideia. - Papai havia pedido para que eu fosse legal com Dustin, até Tereza resolveu amolecer o coração. - Em vez de ter Noah na coreografia posso chamar o filho do meu pai.

O azul dos teus olhos  (Billie Eilish)Onde histórias criam vida. Descubra agora