Capítulo 1

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Rose POV- ATUALIDADE

Se eu soubesse que, ao acordar, as lembranças da noite passada estariam a soar na minha cabeça como sirenes não teria acordado. Teria dormido o dia inteiro e acordava daqui a um mês quando já ninguém se lembrasse do meu showzinho. Mas que showzinho? Bem para explicar isso teria que contar como cheguei a Miami e como conheci o Will.

Rose POV-3 MESES ATRÁS

- Anda Rose. Não tenho a tua vida, criatura.

-Já vou, dá-me só um minuto por favor.

Sempre sonhei com o momento em que iria acordar e estar a ir embora deste sítio. Desde o primeiro estalo que ele lhe deu até ao último suspiro dela, este sempre fora o meu sonho. Deixar esta vida para trás, fingir que isto nunca aconteceu. Claro que será difícil, não digo que não. O trauma está presente até aos ínfimos do meu cérebro. Mas agora que finalmente está a acontecer é como se uma pequena parte de mim morresse. A parte que vulgarmente designamos de «esperança». Estou a ir embora e estou a deixar ir a última ponte que me ligava à minha progenitora.

-Rose, juro por Deus. Tens 1 minuto para estar aqui ou vou-te buscar pelos cabelos.

Estava já a meio das escadas quando me lembro de uma coisa. Corro o mais depressa que posso para o antigo quarto dos meus pais e vejo na mesinha de cabeceira da minha mãe a moldura, meio rachada, que me iria lembrar sempre desta parte da minha vida. Agarro-a com o máximo de força que o meu pequeno corpo tem e desço as escadas a correr, com medo do que a minha prima me faria se demorasse demasiado.

-Aleluia, Deus seja louvado. Agora que a minha querida prima já deu graças já posso arrancar?

-Podes, por favor leva-me para longe daqui.

Embora a minha boca lhe dissesse para me levar para longe, os meus olhos marejados diziam algo completamente diferente. Nem sempre é fácil mudar-nos e deixar a vida antiga para trás. Mesmo que seja tão difícil como a minha era, era uma parte de mim e isso nunca poderia ser esquecido.

Passamos o resto da viagem a ouvir a música que dava na radio. Não que isso fosse desagradável, não era, mas talvez um pouco de conversa salvasse tudo. Mas a realidade era uma: embora não visse a minha prima há cerca de 2 anos (altura em que ele decidiu isolar-nos do resto da família) ela conhecia-me como ninguém. Sabia que se eu não estava a falar era porque simplesmente não conseguia. Afinal ainda está para nascer alguém que fale tanto quanto eu.

Foi uma viagem longa, sem dúvida. Entretanto lá avistei a bendita placa 'BEM VINDO A MIAMI'. Oh bem, nova vida, cheguei.

RoseOnde histórias criam vida. Descubra agora