Choque de Realidade

Único: O valor de Zero

Incompleto

Inútil

Erro

Protótipo

Incapaz

Insuficiente

As mãos se ergueram até os cabelos, os dedos se embrenharam nos fios claros apenas para puxá-los, em uma falha tentativa de descontar a frustração. A voz que falava em sua cabeça, aquela que o acompanhava desde que saíra do laboratório de seu Mestre, parecia ter acordado de mal humor e aborrecida.

Os lembretes de tudo o que era, as palavras pesadas na voz grave de Grandark, serviam apenas para colocá-lo em seu devido lugar. Era tudo aquilo afinal. Mais um protótipo incompleto que só era capaz de empunhar Grandark por ter sido o último a ser feito, e o ataque ao laboratório o forçou a ser "escolhido". Não era ninguém.

Era apenas mais um. Oz era seu mestre, seu único mestre, mas o que fazer quando seu mestre tinha muitos outros Zeros? Seu único destaque dentre os outros era ter tido que lutar empunhando Grandark. E mesmo para a espada, era apenas mais um. Mais uma criação feita para si, mais uma marionete criada apenas para satisfazer a ânsia de Grandark por lutar contra Eclipse. Não era nada além de um instrumento.

Um instrumento para uma espada. Se sua capacidade comunicativa fosse um tanto melhor, veria a ironia que era aquilo. Veria o que aquilo implicava. Infelizmente, era incompleto. Seu senso social era falho, e mal sabia como havia conseguido se juntar à Grand Chase, mal sabia como conseguia se fazer entender por todos os outros. Talvez por isso não se sentisse apenas mais um com o grupo.

Com a Grand Chase, Zero não era apenas mais um dos milhares testes de seu Mestre. Ali, era apenas Zero. Os outros não se importavam se era um protótipo ou se era capaz de acompanhar Grandark. Aquilo não fazia diferença para os caçadores, que nem mesmo o questionavam sobre ele se comunicar com a própria "arma" – como se não fosse ele a arma de Grandark. Eles o aceitavam. Ele era alguém ali.

Por isso, Grandark estar de mal humor lhe era ruim, as palavras duras o lembravam de quem realmente era com um choque de realidade, quebravam a ilusão que ser bem tratado lhe fazia criar, o colocavam em seu lugar.

Não valia nada. Valia... Zero.