O homem que se apaixonou por uma mulher livre

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As noites, olhando a parede machucada por arranhões, lhe traziam angústias. Hugo havia se apaixonado. Em sua cabeça era como se tivesse sido ontem. Quando aquela moça de pele pálida e olhos escuros ousou cruzar seu olhar. Aquele frio na barriga, suas pernas trépidas, tivera essa sensação apenas uma vez, quando fora abandonado pelo seu pai. Agora, apaixonado.

— Quem é aquela? — Disse Hugo. — Muito bonita.

— Nayara. — Respondeu um amigo próximo.

Se ele soubesse o que lhe aguardava, pensaria duas vezes antes de se envolver. Nayara, mulher independente.

— Oi, prazer. Hugo.

— Olá Hugo, sou a Nayara.

— Eu sei. —Fez ar de riso.

— E como pode saber? — Disse ela debochando da cara do rapaz.

— Me contaram.

Ali, naquele momento, nasceu uma paixão. Talvez um amor. De longe aquela seria uma história de amor clichê, com Hugo e Nayara foi diferente. Minutos se tornaram dias e com eles semanas. A vida resumida em crepúsculos e auroras, não vivia, existia. E com o tempo, desejo. Uma vez, com olhos distantes dos seus, precisava de um motivo para vê-la, uma desculpa. E sua grande ideia de pedir um filme emprestado, foi o que salvou seu coração apaixonado. Conversaram, se aproximaram, se tocaram. Ela, por sua vez, indecisa com seus sentimentos levianos, vivia sua vida independente como se não houvesse problemas, como se nada importasse. Sua saúde não era das melhores, suas noites de sonos eram frias.

— Hugo, o céu não é o limite. Tive essa certeza quando descobri as estrelas. A vida foi feita para curtir!

Houve um silêncio, ficou quieto. Apenas sorriu canto de boca, ele gostava de observar os traços delicados de uma mulher bárbara. Se mostrara para ele como alguém resistente, quase nunca sabia dos seus problemas. Questionou-a sobre sua maneira de viver, estava confuso sobre sua garota aventureira.

— Você faz umas coisas muito loucas, Nayara. Às vezes parece que tenta viver a vida cedo demais. Como se fosse morrer...

Ela olhou-o por uns instantes, logo respondeu:

— E eu vou. Sabe, eu não sei o que eu tenho, ninguém sabe o que eu tenho. Só sei que me consome cada dia mais e mais. Sei que não vou ficar muito tempo por aqui, por isso não me prendo em nada, me sinto livre. Como se por um instante eu pudesse escolher meu futuro.

— Você pode... você pode... — Disse bem baixo.

— O que disse?

— Nada não.

— Hm.

Mesmo com toda a explicação, não vira motivos para aquilo tudo, mas confidenciou sua vida a ela. Não havia passado sufoco ao seu lado. Mas, de repente o inverno chegou e Hugo não soube o que fazer. Os problemas, as divergências, ela quase não respondia suas mensagens, estava preocupado, em seus dias de ausência sentia uma sensação ruim, como se algo estivesse para acontecer. Havia feito um convite, um almoço e ela aceitou. Ele cozinhou para ela, fez tudo conforme planejou, passaram a noite juntos. Na madrugada, ela começou a se debater na cama, malditos pesadelos! Nayara, ainda dormindo começou a aranhar a parede, os movimentos contínuos ceifaram a pele de seus dedos. Ele a segurou na cama, não queria acordá-la, com cuidado a guardou em seus braços, houve uma calmaria.

Pela manhã, sem se despedir, ela partiu. Havia saído casa sem aviso. As mensagens de Hugo não foram mais respondidas. O amor se vai mais rápido do que chega. Os dias de desolação eram preenchidos com filmes, estes que outrora lhe fizeram lembrar de um amor perdido. Sem parar, olhava sua foto de perfil nas redes socias, seu vazio era preenchido com as fotos de Nayara no Instagram. Por fora, feliz, por dentro, faltava algo. Se perder daquilo que te prende, um alívio ou um fardo, calmaria ou tempestade? 

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