Dádiva do Desejar (poema)

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"Majestosa e singular, dama sedenta em desejos

Eu seguia o trilhar traçado pela desilusão

Trajava meu anseio em luto da desesperança

Desinteresse pelo apego derivava do puro temor

De farpas nunca arrancadas do peito dilacerado


A sorte tracejou, em ironia, o encontro ante a partida

Sublime junção fizemos, intensos e ávidos

Sem tempo para tocar a essência plena do outro

Fizemos dos escassos dias os mais vívidos


De ti fiz um cálice sacro, ao qual venerei com os lábios

E bebemos da fonte em furor mútuo, celebrando

Pois a junção fora impecável em sua imperfeição

Dos toques, dos olhares, das palavras, das vontades


Em sombrio silêncio partilhei de tuas lágrimas

A memória se tornaria o presente final na partida

E mesmo na inevitável despedida, nos envolvemos

Como algo verdadeiro, que tanto buscamos


Transcendemos os textos aveludados

Escrevendo com atos nossa ânsia erótica

Correspondendo fantasia e instinto

Para encontrar a promessa de retorno


Ao menos senti uma vez mais

A dádiva do desejar"

RandômicosOnde histórias criam vida. Descubra agora