Capítulo 45

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- O que quer? - Perguntou, na defensiva.
- Por que? - Perguntou, encarando-a.
- Porque você me machucou. Eu amava você. E você me jogou fora, me desprezou, como um lixo. Porque você me humilhou. - Explicou, séria.
- Meu irmão, Scarlett. - Disse, encarando-a.
- Seu irmão, Evans. Seu irmão soube me dar o que você se negou. Carinho, afeto. Amor. Maldição, nós estávamos tão bem. - Lembrou, e ao dizer isso sua voz tremeu - Eu teria amado você. Pra sempre. Só que mais uma vez, você pôs tudo a perder. - Acusou, séria.

Dessa vez não haviam gritos, nem agressões. A verdade machucava mais que tapas. Evans encarou Scarlett por um bom tempo, e ela manteve o olhar dele. Estava leve agora. E a falta de peso fazia com que o amor que ela sentia por ele se tornasse mais forte, a ponto de fazê-la gritar. Ele, inconscientemente, ergueu a mão, tocando a maçã do rosto dela com as costas da mão. Scarlett fechou os olhos, sentindo a respiração se dificultar. Sentia tanta falta dele.

- Nós podíamos ter sido felizes. - Murmurou, sentindo o toque da pele dele sob a sua.
- Nós éramos felizes. - Completou, e havia algo diferente em sua voz.

Scarlett abriu os olhos, e o encarou. O amava tanto, que seu peito ficava pequeno só de pensar. Podia ter sido tão diferente. Evans não pensou no que fez, apenas obedeceu o que seu corpo mandava: A beijou. Beijou com gana, com saudade. Scarlett pôs as mãos no peito dele, e retribuiu o beijo. Era o que ela queria. Ser mulher dele, novamente. Era por isso que seu corpo gritava. Ela sentiu quando ele enlaçou as mãos em sua cintura, puxando-a bruscamente pra si. O beijo era tão agressivo, que os lábios dos dois foram rapidamente ganhando um tom de vermelho. Aquele era o seu marido. A que a amava de um jeito agressivo, bruto. Por um momento, não havia Mark nem Jéssica lá fora. Por um momento, eram só eles dois, e aquele amor que oprimia qualquer outro sentimento. Scarlett não viu como, nem quando, mas então ela estava deitada na cama, com Evans por cima de si. Lembrava absurdamente a época em que os dois estavam bem. Num minuto estavam conversando normalmente, e no outro, estavam na cama. Ela não impediu, não reclamou, apenas se deixou ser amada. Só que, minutos depois, um choro fino avisou que Rosalie estava acordada. Evans parou de beija-la, e os dois ficaram se encarando, enquanto o choro da filha ecoava pelo quarto. Scarlett balançou a cabeça negativamente.

- Tome a escolha certa. - Foi o único que disse, e depois saiu de debaixo dele calmamente, pra atender Rose.

Mas Evans não tomou essa decisão. No dia seguinte, ele voltou pra Jéssica. Ah, creio que esqueci de explanar, mas ele teve sérios problemas com a mulher quando ela soube da gravidez de Scarlett. Um filho, pra ela, não era nada oportuno, já que ela insistia no divórcio dos dois, coisa que Evans se negava radicalmente. Os dias foram se passando, e nada mudou. Só uma coisa. Com a melhora de sua tia, Mark voltou.

- É linda. - Murmurou, encantado, ao carregar Rosalie pela primeira vez. A menina pareceu gostar do tio.
-Eu... eu sei que você queria que ela fosse sua. Perdoe-me. - Pediu, encarando o chão.
- Tola. - Ele sorriu - Como se você pudesse ter escolhido. Ela é perfeita, Scar. - Ele sorriu, e ela, após se inclinar levemente, o beijou no rosto.
- Cadê o meu bebê? - Ele tapou os olhos, e Rosalie sorriu, observando o pai - Onde está? - A menina ficou quietinha - Hum... Achei! - Ele abraçou a menina pela barriga, puxando-a pra si. Rosalie riu gostosamente.

Scarlett estava passando no corredor, quando ouviu Evans perguntar onde estava o bebê. Ela parou na porta entreaberta e observou o marido e a filha. Rosalie estava deitada de costas no meio da cama, e Evans deitado de lado, ao lado dela, com os primeiros botões do colete aberto e sem terno, com uma pequena boneca de pano na mão.

- Cadê o papai? - Continuou brincando, e a menina riu, sacudindo o bracinho - Diz Rose, cadê o papai? - Rosalie, sorrindo, tocou o rosto dele. Não é preciso dizer que Evans se derreteu com isso. - E a mamãe? - A menina riu de novo. Cada riso de Rosalie fazia o coração de Evans se desmontar. - Vamos começar de novo. Se acertar, ganha a boneca. - A menina bateu palminhas - Cadê o papai? - Rosalie sorriu, e tocou ele de novo - Isso. E a mamãe? - A menina, rindo, balançou a mãozinha pra porta.

Scarlett ergueu a sobrancelhas. Evans virou o rosto e flagrou ela lá, parada. Scarlett sorriu, e mandou um beijinho pra filha, que riu. Ela encarou o marido por um segundo, e, ainda sorrindo, saiu, fechando a porta. Evans sorriu e voltou a brincar com a filha.

- Tenho que ir. - Disse após olhar as horas, se levantando e pegando a camisa num canto.
- Mas já? Não é muito cedo?
- Prometi a Rosalie que voltaria cedo hoje, para ficar com ela. Se não estiver muito frio, vou levá-la pra ver os cavalos. - Comentou, enquanto colocava a camisa por dentro da calça.
- Prometeu a um bebê? - Perguntou, se sentando na cama.
- É minha filha. - Disse de modo óbvio.
- Ela não vai morrer se você não cumprir a promessa. - Respondeu do mesmo modo.
- Confiança deve ser plantada desde o inicio. - Ele vestiu o colete, começando a abotoa-lo. - Se eu minto pra ela desde agora, por suposto que ela nunca vai acreditar em mim.
- Evans, não seja ridículo! - Disse irritada.
- Não estou sendo. - Disse, calmo, enquanto abotoava o último botão do colete.
- Então vai deixar-me aqui, sozinha, pra ir ficar com a bastarda? - Rosnou, enfurecida.

A próxima coisa que Jéssica sentiu foi uma dor forte no braço. Seu corpo foi puxado, fazendo ela se levantar. A mulher se embolou no vestido que usava e caiu de joelhos na cama.

- Evans! - Chamou, incrédula.
- Nunca mais chame a minha filha de bastarda! Está me entendendo? - A mulher assentiu, assustada, e ele a largou com força na cama, saindo do quarto e batendo a porta.

Evans foi no escritório antes de ir pra casa, para avisar a Downey e Jeremy para não espera-lo. Downey percebeu a irritação do irmão.

- Aconteceu algo?
- Jéssica. A cada dia que passa está mais difícil. Ela não entende que Rosalie é minha filha, que eu amo ela, e que eu vou dar atenção a ela. - Suspirou, irritado.
- Diga isso a ela. - Sugeriu Downey, observando o irmão.
- Já disse. Umas 50 vezes. Mas ela não entende, de jeito nenhum. - Ele passou a mão no cabelo - Tem vezes que é insuportável.
- Seria melhor que ela tivesse continuado morta, não é? - Perguntou Downey, esperando a patada que receberia de volta. Mas Evans não disse nada. Parecia pensar no que Downey disse.

Evans voltou pra casa pensando no que o irmão lhe falou. Se Jéssica tivesse continuado morta. Rosalie não teria sido concebida por um estupro. Scarlett não teria ido pra cama com Mark. Rose teria nascido banhada pelo amor dos pais. Não que ela não fosse amada pelos dois, mas os dois não conviviam em harmonia, entre si. Ele estava pensando nisso quando chegou em casa.

~~ Desculpe a demora amorinhas, devagar eu vou postando mais, por hj é só 😘~~

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