Capítulo 66

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M A R I A   E L I S A 🌻

— Licença — alguém falou depois de abrir a porta, que quando entrou no quarto pude ver que era o meu médico — Bom, iremos liberar você amanhã, até lá as reações dos remédios já devem ter passado, e você já irá tá bem melhor, agora com licença, vou ver os outros pacientes.

Vinicius e eu assentiu com a cabeça, o médico saiu e Vinicius continuou seus carinhos em mim.

— Vou dar o tempo que você quiser, não vou ficar te apressando — ele disse e não estava com cabeça pra responder, só assenti com a cabeça, e deitei em seu braço —.

V I N I C I U S 💥

Mudar do Rio será melhor pra nós dois, estamos correndo muito risco aqui, principalmente Maria Elisa.

Não a culpo por nada, até porque quem foi o principal errado daqui foi eu, e se mesmo não tivesse a conhecido eu teria me afundado no Bope, então ela foi e é minha salvação.

— Peguei tudo, a alta já está com você, vamos? — perguntou colocando a alça da sua bolsa em seu ombro —.

Saímos do quarto e fomos direto pra recepção falar da saída.

Maria Elisa assinou os últimos papéis e fomos pro estacionamento.

Entramos no carro e dei partida direto pro morro.

— Eu não consegui dormir de noite porque fiquei pensando sobre o que você disse — Maria falou assim que parei o carro no semáforo — nos mudar vai ser muito bom pra nós, e sei que meu tio não vai ficar sozinho, a minha condição é vir pelo menos duas vezes ao mês depois que estiver tudo organizado, e só iremos quando Cauê estiver com quatro meses — ela respirou fundo e me olhou sorrindo — o que acha?

— Pode ser, assim da pra procurarmos um AP bom, ver a faculdade e o emprego — falei, realmente seria melhor pra nós dois —.

Parei o carro no pé do morro e Maria ficou me encarando.

— Vamos falar com o meu tio sobre — falou e desceu do carro — anda.

Sai do carro, tranquei tudo e peguei a bolsa da Maria.

— Por favor olhem aquele carro, um risco vai ser descontado — falou com um rapaz que estava na entrada —.

— Desculpa Maria mais ele está proibido de subir o morro
— falou parando nós —.

— Fala pro meu tio que é do interesse dele — falou pro cara que estava nos barrando — e fala também pra ir pra casa dele, estaremos esperando ele lá.

Passamos por ele que estava falando no radinho, e começamos a subir o morro, toda hora Maria colocava a mão em cima do machucado.

— Quer parar? — perguntei vendo ela respirando ofegante, fazendo uma careta e negando com a cabeça — Tu tá com dor, e nem disfarça perto de mim porque é perca de tempo.

Fomos até um banco que tinha perto e nos sentamos.

Ela foi se acalmando aos poucos e eu ia observando ao redor.

— Vamos — Maria falou se levantando e indo na frente —.

Andei um pouco mais rápido até alcançar ela, depois de uns segundos viramos a esquina, andamos mais um pouco e Maria já foi entrando na casa, era grande, e quando entramos  nem parecia estar no meio de uma favela.

— Como tu tá? — Carlos perguntou andando até Maria e abraçou — Tu tá bem?

— As vezes dói, mais tarde vou na farmácia e compro os remédios — Maria disse e se sentou no sofá, olhou ao redor — Cadê Julia?

— Trabalhando — falou me encarando — hoje é segunda, mais me diz o que você queria me falar.

— Podemos falar no particular? — perguntei e Maria já ia falar alguma coisa, mais percebeu que eu estava visivelmente sério —.

Carlos concordou com a cabeça e saiu da sala andando até um cômodo da casa, o segui e quando eu entrei vi que era um escritório, Carlos fechou a porta e sentou em uma cadeira que tinha atrás da mesa, sentei em outra cadeira, e ficamos nos encarando por uns segundos.

— Sei que errei com a Maria — falei e ele deu um sorriso sínico —.

— Você errou? — perguntou rindo debochado — Você detonou minha sobrinha.

— Eu sei dos meus erros — falei já impaciente com o mesmo — Sabemos que aqui no Rio Maria corri muito perigo, mais perigo do que antes, sobrinha de traficante, vazou pra todos que ela também é filha de traficante, e agora namorado de um ex Bope, a, inclusive estamos namorando — falei e ri da cara que ele fez — acho que ela ia te contar ontem mais acabou não dando.

— O que você quer chegar com tudo isso? — perguntou se encostando mais na cadeira —.

— Eu dei a idéia, Maria pensou e hoje quando estávamos vindo para cá ela concordou — falei e Carlos arqueou a sobrancelha — decidimos ir embora daqui, vamos ir pra São Paulo quando Cauê tiver com quatro meses, assim podemos olhar um AP bom pra nós dois, continuarmos a faculdade lá e pedirmos transferência — falei pensando na nossa conversa no carro — ela no começo não queria ir, ela estava com medo de te deixar sozinho, mais ela viu que você tem a Julia, e que daqui a algum tempo terão filhos, além do mais estaremos aqui pelo menos duas vezes no mês — respirei fundo e voltei a  encarar — sei que fui todo errado, mas acredite em mim, eu amo sua sobrinha, e vou fazer de tudo pra a proteger.

— Olha, Maria já é maior de idade e sabe o que quer da vida — Carlos falou me encarando — se ela também quer ir pra São Paulo, tudo bem, mas quero sempre estar vendo ela, e sempre vai ter alguém observando vocês.

Ficamos conversando mais um pouco, sem discussões, o que era estranho, diferente.

— A, vocês estão vivos — Maria Elisa disse assim que abriu a porta — Bom, vou ir pra farmácia.

Ela virou e já ia saindo da sala.

— Espera — Carlos disse e Maria voltou fincando do meu lado em pé — tem certeza disso? — ela concordou com a cabeça, me olhou e sorriu — Não se preocupe comigo, vou ficar bem, e tenho a Julia.

— Tem certeza que vai ficar bem mesmo? — ela perguntou e ele assentiu — Bom, temos uns meses ainda juntos, vou pra farmácia.

— Vou com você — eu disse me levantando — passar bem — falei pro Carlos e ele só assentiu —.

Vivendo em dois mundosOnde histórias criam vida. Descubra agora