Capítulo 2 - A Grande Caçada

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O movimento era intenso e não parecia que arrefeceria tão cedo. Dezenas de caravanas, carregando bebidas dos mais variados tipos, desciam de Hoelbrak para o salão comum, improvisado ao ar livre, para os festivos que pareciam não ter fundo, até que a bebida não tivesse fim.

O dia enfim chegara, o rito de passagem para os jovens que desejando a maioridade, deveriam desafiar a natureza e seus espíritos, na procura de um desafio que validasse a maturidade. Não era uma prova de força, conhecimento ou reflexos, embora os envolvessem todos. Era de sobrevivência.

E disso, os Norns estendiam bem.

As tochas se acenderam, revelando chamas azuladas que bruxuleavam naquele fim de tarde, jorrando luz sobre o chão e os festivos. Bem como assombrando a face dos participantes menos ansiosos para o início do evento.

Alguns, claro, se destacavam de longe. A jovem guerreira, adotada por uma família de Wolfborns, a guarda de Hoelbrak, que munida de suas machadinhas exibia um olhar feroz. Muitos apostavam que a jovem Moira, traria a cabeça de um minotauro como seu troféu.

Do outro lado, uma jovem mais alta, cabelos ruivos – que se destacavam mais, diante dos morenos da guerreira – e roupas mais chamativas, era Dhala Belfast Val. Reconhecida pelas tatuagens a mostra em seus ombros, a elementalista tinha um rosto expressivo e claro: ela mirava algo grande. Apesar de sua falta de força, a mulher compensava em poder mágico. E muitos sabiam do que ela era capaz.

Por fim, os demais competidores, pareciam assustados demais, uma terceira garota, tinha o rosto e o corpo totalmente encobertos por uma roupa de couro e pano escuro, parecia um dos escusos agentes ou espiões da Order of Whispers. Desconfiando um pouco dela, mas diante de seu tamanho e físico, apostavam que no máximo poderia trazer a presa de um javali selvagem.

Dos garotos, o destaque ficava para os gêmeos, Lokh e Skart, dois rangers igualmente habilidosos no manejo da espada e do arco longo. O grande inimigo da dupla era, contudo, a falta de controle de ambos. Se discordavam de algo, não faziam muito e nesse pouco, brincavam os mais velhos, o máximo que apareceria, seria o couro de um esquilo selvagem.

- Aos participantes desta Grande Caçada, meus desejos de boa sorte! – o ferreiro de Hoelbrak, mestre de todos os demais, estava prestes a dar a largada. – Desta, vez, contudo, temos uma novidade!

A salva de palmas e urros se seguiu junto ao som de canecos batendo uns contra os outros. O grito dos homens e mulheres no salão comum, se elevou, clamando o nome da heroína de seu povo: Eir!

A arqueira se prostrou ao lado do ferreiro, erguendo a mão em sinal de silêncio. As vozes cessaram. – Obrigada, mas a atenção deste evento é deles. – e apontando para os jovens participantes, o olhar da caçadora cortou um a um, mesmo aqueles que não queriam revelar suas faces.

Garm, o lobo negro, uivou ao lado de sua mestra. – Lembrem-se, esta não é só uma prova de força, velocidade ou conhecimento. – continuou Eir. – É uma prova de sobrevivência. Membros da guarda Wolfborn estão distribuídos pela região de Wayfarer Foothills, preparados para intervirem se necessários. Contudo, mesmo eles podem não conseguir chegar a tempo... Sua sobrevivência é a primeira das responsabilidades que aprenderão a lidar na busca da maturidade.

A heroína do povo Norn, pegou seu arco, colocando uma flecha e apontando para frente dos competidores, elevando pouca coisa o ângulo do disparo. – Quando a flecha tocar o solo a largada está dada! E que os Espíritos protejam a todos vocês!

''Eu serei o destaque desta temporada!'' pensaram em conjunto, alguns dos participantes, quando a flecha tocou o solo.

A trompa foi tocada, Garm uivou, urros e vozes clamando por nomes de família soaram como trovões e as primeiras labaredas nas fogueiras se acendiam em línguas de fogo.

Valkyrs - Damas da GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora