Chapter one

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   O amor era algo até então algo incompreensível por mim, até eu conhecer ele e minhas opiniões sobre isto mudarem constantemente. Lee Felix fez com que eu mesmo duvidasse de tudo, ele fez com que eu me tornasse outro, ele fez eu descobrir o que é sofrer, mas fez com que eu descobrisse o que é amar alguém mais do que a si mesmo.
   Ele sempre tinha uma forma diferente de expressar o que sentia, e eu nunca soube como realmente fazer isto. Ele era intenso a todo momento quando o assunto se tratava de nós, e eu era introvertido quanto a tudo, eu sentia medo, eu me importava com as opiniões alheias ao invés de cuidar e dar o valor que ele merece.
   Eu jamais quis o perder, eu jamais quis o magoar, eu queria o proteger, eu queria ser completamente dele assim como queria ele para mim, mas o medo me impedia, o medo fazia com que eu passasse noites inteiras chorando em meu quarto em busca de uma solução. E foi aí que eu percebi que o meu verdadeiro medo era ser rejeitado pelas pessoas que eu chamava de família, era o medo de que fizessem algum mal para o meu menino, e se algo acontecesse, eu iria me culpar eternamente por isso.
   Para meus pais Felix era apenas o meu melhor amigo, mas não, ele era muito mais. Todas as tardes livres ficávamos juntos, escondidos, mas sim. E em todos momentos sozinhos, ele sempre demonstrava ser alguém precioso demais para se estar aqui, em um mundo tão cruel. Felix tinha uma família que o apoiava, e isso me trazia conforto, porém a minha sempre tinha um jeito pra fazer com que eu me sentisse mal e retraído.
   Meus sentimentos por ele só passaram a serem conhecidos por mim à partir do momento em que eu descobri sobre seus diários, os quais ele escreve desde o primeiro dia em que nos conhecemos, que foi em nossa infância, quando eu percebi suas várias demonstrações de sentimentos vindas dele, e quando vi o quanto Felix se importava comigo e desejava a todo custo me fazer sorrir. E foi com isto tudo que eu notei o quanto aquele garoto me fazia feliz, e o quanto eu queria ser o motivo da felicidade dele.
   Mas nem tudo é um mar de rosas, nem tudo é perfeito. Assim como tudo, o amor também tem suas lutas, o amor também tem barreiras a serem ultrapassadas, e aquele dia foi uma delas. Na saída do colégio em que estudávamos, sempre nos despedimos com selinhos ou coisas do tipo, lá não era um segredo que estávamos juntos. Mas para meus pais era, e naquele final de manhã eles presenciaram isto.
   Foi tudo tão rápido, apenas senti meu braço ser puxado com brutalidade por meu pai, enquanto via a face assustada do meu garotinho ali, sendo xingado de todas as formas por minha mãe que se afastou dali indo até o carro que estava estacionado ali perto, ajudando meu pai a me por para dentro. Aquele dia o meu pânico começou, auele dia as coisas mudaram. Aquele dia eu fui agredido apenas por amar alguém.
   Durante uma semana eu sequer pude ir a escola, eles queriam com urgência me transferir para outra. Minha mãe retirou meu celular e tudo que eu pudesse ter contato de alguma forma com Felix, meus amigos sempre que iam lá recebiam a resposta de que eu tinha saído ou que estava dormindo. Meus pais nunca foram compreensíveis, e eu sinto raiva pelas coisas serem assim, eu senti raiva durante um mês inteiro.
   Em todos os dias que permaneci trancado dentro de meu quarto, eu pegava as fotografias escondidas em meu armário para matar a saudade que sentia dele. Gostava de ver seus sorrisos e caretas junto a mim, e só de ver cada foto, lembrava muito bem da história por trás de cada uma, e meu coração disparava freneticamente ao ter as memórias invadindo minha mente, assim como as lágrimas caíam por meu rosto. Eu sofria a cada dia por estar distante dele.
   E no início da semana do mês seguinte, fui levado até o psicólogo, segundo meus pais eu precisava curar esta “doença”. Durante a consulta, o médico conversou comigo de uma forma que eu desejava ser tratado por toda minha família, ele demonstrou sua compreensão, e disse que o problema não era eu, o problema eram as pessoas que me cercavam. Depois dele ter conversado com meus pais, pude notar que minha mãe chorava, pude notar que meu pai negava com a cabeça, embora eu não ouvisse o que eles falavam, eu sabia que algo tinha mudado.
   Os dois vieram até mim, minha mãe me abraçava fortemente, enquanto meu pai ainda tinha uma feição indecifrável.
— Changbin, nós sempre quisemos o melhor para você, meu filho – ela começou – Nós durante muito tempo idealizamos você como nós queríamos, nós nunca perguntamos o que você queria de fato, e eu me arrependo muito disto.
— O que a senhora está tentando dizer, mamãe?
— Estou dizendo que, depois de tudo que o doutor me falou, eu pude enfim te entender. Eu pude entender que nós estávamos errados desde o início, e que você não é um erro meu filho, você não tem defeitos, você apenas quer ser você mesmo, você apenas quer voar, e eu e seu pai sempre te prendemos em uma gaiola e queríamos te moldar do nosso jeito. Se você ama aquele garoto, tudo bem, ame, nesse pouco espaço de tempo a cabeça dura da sua mãe pôde finalmente entender que para o amor é algo que não escolhemos, o amor nos escolhe. Você se sente vivo e amado com ele, e eu sempre notei isso em todas vezes que ele ia lá para casa, e claro, não vai ser fácil para mim no início aceitar, mas aos poucos vou me acostumar, assim como seu pai. Não é, querido?
— Sim, querida. – meu pai fez uma pausa junto a um suspiro – Eu espero que você nos perdoe filho, e te peço que você continue sendo forte do jeito que você é, e que você não tenha medo, as lutas virão, mas sempre esteja ao lado dele, vocês serão corajosos unidos. E bem, eu não sou bom com palavras e você sabe, mas vá em frente, o amor é uma das coisas mais lindas que existe, e eu agora te digo, corra atrás dele, não o deixe ir! Aquele garoto te ama, então lute por ele meu pequeno.
   E naquele instante eu não tinha palavras para explicar o quanto eu estava feliz. Em meio daquela sala pequena do consultório, eu chorava enquanto abraçava meus pais ainda surpreso por tudo que ouvi, e caramba, eu não esperava que aquela consulta iria resultar em algo tão bom como resultou.
   Ao chegar em casa, eu apenas corri. Corri em direção onde o amor da minha vida morava, e com um sorriso no rosto bati na enorme porta de madeira de sua casa, sendo recebido por ele mesmo, que possuía um semblante abatido, e ao me ver, pude ver a felicidade tomar conta de si assim como eu estava, e eu apenas o envolvi em meus braços aproveitando ao máximo aquele momento.
— Binnie! – sentia as lágrimas molhando meu ombro – Eu senti tanto sua falta... Oh céus, o que aconteceu? Como veio aqui?
— É uma grande história, mas o que importa é que eu estou aqui, e vou te contar tudo, ok? Mas antes, deixa eu apenas fazer algo que eu contei as horas para fazer de novo.
   Apenas dei um sorriso, e finalmente senti meus lábios em contato com a boca carnudinha que eu tanto amo. Aquele momento era com certeza um dos mais importantes para mim, eu me sentia feliz de uma forma inexplicável. E diante de toda aquela situação, eu pude compreender ainda mais o que era o amor, e pude entender o quanto ele é precioso. Amar não tem padrões, amar é algo que não se escolhe, e agora, bem, eu tenho coragem para seguir em frente, eu tenho o meu garoto ao meu lado, e com ele eu me sinto ainda mais forte, eu me sinto sem medo.

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⏰ Última atualização: Jun 26, 2019 ⏰

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