Lay tinha acabado de contar a história de como tinha conseguido a chave, mas saltou a parte em que ela falhou pela primeira vez. Ela não queria voltar a reviver o momento e ainda estava um pouco envergonhada por causa disso.
Sofia abraçou a irmã e sorriu:
- Não acredito que farias tal coisa por nós. - disse Sofia, ainda a abraçar Lay - És mesmo imprevisível ás vezes.
Lay largou-a e as duas continuaram a andar.
Ela ainda não tinha muito a certeza se contava a história de Ens aos outros. Ela pensava que se calhar ainda começava a chorar se contasse. Talvez para outra ocasião?
Sim, talvez fosse melhor para ela.
- Lay? - perguntou Max, reparando no ar triste de Lay - Tu estás bem?
Lay olhou para ele e as memórias do que lhe tinham dito sobre ele voltaram com força. Ela queria perguntar-lhe mais sobre vox-metaformers mas depois do que tinha ouvido e o facto da morte de Ens ainda era muito recente fez com que Lay ficasse calada com o assunto.
Ela tentou parecer chateada com a pergunta:
- Estou ótima! Não perguntes disparates, por amor da deusa. - disse Lay - Não tenho disposição para tal.
Os três ficaram em silêncio por um bocado. Sofia olhava para as paredes que brilhavam, atenta a uma outra possível pista para as chaves. Max voava ao lado das raparigas e de vez em quanto ia para os ombros de Sofia para descansar e Lay olhava sempre em frente.
Estava tudo em silêncio até que Lay perguntou:
- E que é que vos aconteceu enquanto eu estive fora? Como conseguiram a Chave do Vento?
Sofia desviou o olhar das paredes de cristal e olhou para ela. Max estava a voar mas foi para os ombros de Sofia outra vez.
- Bem... - disse Sofia - Depois do que pareceu horas, depois de nos termos separado, eu e o Max ouvimos barulhos. Pancadas, para ser mais precisa.
Ao ouvir-la a mencionar pancadas, o coração de Lay quase parou. Seria possível?
- O Max viu dois brilhos verdes refletidos na parede e percebeu logo o que era. - disse Sofia - Era uma medusa! Sabes o que é, certo?
Sofia foi contando tudo o que se tinha passado, desde a como se tinham salvo da medusa ás palavras na parede e como ela tinha decifrado o enigma. Até as histórias dos pássaros com dentes e dos sussurros misteriosos ela contou.
Lay mordeu o lábio enquanto ouvia as histórias. Era culpa dela. Aquela medusa estava á solta, Sofia e Max quase tinham morrido, por causa dela.
Ela estava feliz que ela tivesse carregado no x azul, mas mesmo assim...
Sofia notou na expressão dela e perguntou:
- Lay, está tudo bem?
Ela sacudiu a cabeça e disse:
- Claro.
Max foi para a cabeça dela que ficou carrancuda ao senti-lo em cima da cabeça dela e perguntou, sarcasticamente:
- Encontras-te os neurónios que te faltam, Max?
Sofia revirou os olhos e sussurrou.
- Outra vez não...
Max foi mais para a frente e inclinou-se para que os olhares de ambos se cruzassem.
- Não, Lay. A tua cabeça seria o último lugar onde eu ia procurar neurónios. - disse Max, igualmente sarcástico - A tua cabeça é tão vazia que eu pergunto-me como é que a Chave do Vento não estava ai.
Lay agitou os braços e a cabeça para que Max saísse da cabeça dela e perguntou:
- Que queres, afinal?!
Ele voou para a frente dela e disse:
- Tu estás a esconder qualquer coisa.
Lay quase parou de andar mas conseguiu não o fazer ou mudar de expressão.
- Que queres dizer, Max? - perguntou Lay, num tom sério.
- Algo mais se passou enquanto nós tivemos separados. - disse Max, num tom preocupado - Que passou?
Ela continuou a andar e a olhar para Max com uma expressão quase nula.
- Que se passou, Lay? - voltou a perguntar Max.
- Nada. - disse Lay.
- Oh! - exclamou Sofia.
Eles olharam para Sofia e depois para onde ela estava olhar. Uma área enorme cheia de árvores e com um certo nevoeiro perto do chão, estava mesmo á frente deles. O chão era de gravilha e Lay reparou que os últimos metros por onde tinha passado, as paredes eram de tijolo em vez de cristal. Não se via o lado oposto.
- Wow. - disse Lay.
O cenário em si era simples mas misterioso e imponente por causa da árvores maiores que estavam mais ao longe e da lua que brilhava num céu negro sem estrelas.
De repente, todos notaram como estavam cansados.
Max foi para os ombros de Sofia e as gémeas deixaram sair um bocejo cada uma.
- Engraçado. - disse Sofia - Continuamos a ter sono mas as outras necessidades parece que desapareceram.
Lay pensou um pouco e percebeu que Sofia tinha razão. Á parte do desafio com Máli, ela não tinha sentido fome ou outra coisa qualquer para além de sono e cansaço desde que tinham entrado ali.
Todos concordaram em encontrar um sitio para dormir e acabaram por encontrar um bom sítio. Numas árvores á entrada do que parecia uma floresta.
Em pouco tempo todos estavam a dormir profundamente.
- Sofiaaah...
Sofia acordou e a lua ficou menos brilhante assim que ela abriu os olhos.
- Sofia...
Sofia olhou para dentro da floresta mas nada havia. Tudo estava parado e não se ouvia nada.
- Sofiaa...
Seja quem fosse que a estivesse a chamar, arrastava as palavras. Era um homem e também tinha uma voz suave. Ela engoliu em seco, sentindo um arrepio na espinha quando a voz a tornou a chamar.
- Quem está ai? - perguntou Sofia.
Uma leve brisa passou por ela. Era como se o vento a estivesse a chamar para ali.
Era irresistível.
Sofia desceu da árvore em silêncio e decidiu que só iria andar uns metros para não perder a árvore onde Lay e Max estavam. Se não houvesse nada, ela voltava para trás.
- Sofiaa... - a voz voltou a chamar.
Quando ela deu por isso, desistiu do seu plano original e continuou em frente para aquela voz que a chamava.
Sofia desapareceu no nevoeiro e a Chave do Vento pulsava um vago brilho branco e dourado no seu bolso.
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Mhm... a cena das vozes está a tornar-se repetitiva...
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A Deusa da Noite
ФэнтезиUma vez que havia duas irmãs. A irmã mais velha fez o dia e a irmã mais nova fez a noite. Por muito tempo a sua função foi trazer a sua respetiva fase do dia e assim foi por muitos milénios. Mas a inveja começar a crescer na irmã mais nova que sente...