Quando os olhos se fecham

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Estou me acostumando com as coisas. Não fui para a escola o resto da semana, não tive coragem... não tive coragem de encarar o Tony. E Responder sua pergunta.
No momento assisto série no meu notebook. Até que sou interrompida por uma tela preta. Em seguida abre uma chamada. É o Tony. Tento desligar.
Mas aperto o botão errado. E atendo.- Me escondo debaixo da coberta.- Valeu subconsciente! ou é falta de coordenação motora.

- Oi Sara!

- Fico em silêncio.- Com sorte ele desliga.

- Alô? Eu não estou te vendo! E não consigo te ouvir.

Desculpa Tony.

Jonh bate na porta, eu não posso responder, então ele abre a porta e entra.

- Sara o que você está fazendo debaixo da coberta?

- Quem é?- Pergunta Tony.-

Quando me dei conta Jonh puxou minha coberta, e acabei vendo Tony, e Jonh está com uma cara de O que você está fazendo? Faço uma careta como resposta. Deu tudo errado!

- Olá Tony! você pode me dar um minuto? Eu não tinha levantado ainda, então preciso me arrumar, eu já volto.

Agora não tem jeito vou ter que me explicar. Aí não!

- Tudo bem, eu te espero.-

Levanto e puxo Jonh para fora do quarto e fecho a porta.

- Por que você estava debaixo da coberta? E ainda estava falando com o Tony da cafeteria? -Ele enrruga a testa.-

- Respiro fundo.- É que eu e ele somos quase amigos... Mas atendi a ligação sem querer, foi um acidente.

- Se ele quase - ele faz aspas com os dedos- seu amigo! Por que você não queria falar com ele?

- Não sei! Acho que não estou com coragem para falar.

- Que? Por que isso agora?

- Ah! Oque você acha cidade nova! casa nova! irmã nova! Escola nova! Talvez eu não quisesse isso tudo!- Jonh me olha pasmo.- Eu estava melhor morando com a Vovó. A gente estava feliz com ela! -Ele não diz uma palavra.- Eu estou insegurança Jonh! Era isso o que você queria ouvir?

Acabei falando muito! Falando coisas estavam guardadas á sete chaves no meu peito.
Quando eramos crianças eu e Jonh costumávamos escrever cartas ou desenhar um para o outro, para descrever o que estávamos sentindo. Mas com o tempo, crescemos e paramos. Evelyn nunca esteve com a gente, ela morava com o nosso Pai. Pois esse foi o acordo que fizeram durante a audiência do divórcio.
Mamãe não parava em casa, mas sempre fomos bem cuidados e educados pelos nossos avós. Leonor e August, os melhores avós que já conheci na vida.

- Eu... eu... não sabia que você estava se sentindo dessa forma!

- Não é culpa sua, tá bom! -Sorrio.- Mas eu preciso ir, o coitado do Tony está me esperando.

- Depois conversamos!

- Okay!

Entro no meu quarto e fecho a porta, fico escorada na mesma um pouco. Vou ao banheiro e lavo o rosto, então sigo para cama!. Me sento de frente para tela.

- Oi. Voltei!

- Oi. Desculpa não queria atrapalhar mas te liguei, porque já estava ficando preocupado, você sumiu!

Desculpa.

- Sim! Verdade. É que eu não estava me sentindo muito bem.

- Sério! Você já melhorou? -Vejo sua expressão de preocupado.-

- Agora está tudo bem! Não tem o por quê de você se preocupar viu.

- Hum! -Ele faz uma cara engraçada-

Eu acabo rindo.

- Estou falando sério está tudo bem! - Digo com confiança-

- Você diz a verdade e nada mais do que a verdade? -Ele engrossa a voz fingindo ser um Juiz-

- Sim vossa essência! Apenas falarei a verdade- Digo estendendo a mão direita, igual nos tribunais.-

- Então pode beijar a noiva! Opa! Fala errada!

Nós rimos. Só parei de rir quando a barriga doía, e as lágrimas caiam por conta das risadas.

- Aí Tony! Você é legal.- Digo enxugando as lágrimas-

- Só um pouco. -Ele abana o rosto.-

Mudo de assunto.

- Você não trabalha hoje?

- Não! Estou de folga!

- Ah, entendi isso é bom!

- Como está a sua irmã?

- Arregalo os olhos, sinto minhas bochechas queimarem- Ela está bem! Aliás somos gêmeas univitelinas espero que você não nos confunda!

- Sério? Que legal! Espero não me confundir-Ele diz empolgado-

- Na verdade é meio constragendor.

- Como assim?

- Por exemplo, existe alguém identifico a você mas não pensa como você. Eu mau conheço a minha irmã. Pois não crescemos juntas então meio que é estranho entende?

- Nossa! Isso parece complicado. Desculpa.

- Não! Tudo bem.

- Sério desculpa eu não sabia que isso te incomodava.

- Mais ou menos -Digo sem jeito.-

- Aí cara! Agora me sinto na obrigação de te falar uma coisa que me constrange. -Ele diz tampando o rosto com as duas mãos-

Hã?

- Como assim?

- Pois é injusto! Eu perguntei e você contou algo seu, da sua família. Agora é a minha vez de contar algo. Para fortalecer a amizade digamos assim.

Estou com medo do que ele pode dizer. Não faço ideia do que seja! Será que ele é gay? Mas estou curiosa.

- Tá vamos lá...

- No seu tempo Tony -Tento encoraja-lo.

- Okay! É que... Então, uma vez, eu troquei chifre! - Ele diz olhando para baixo.-

Aquilo encoa no meu interior, várias vezes. Trocou Chifre? Não imaginei que ele fosse capaz disso! O Tony simpático. Não! Não imaginava.

- Pode ser mais específico? Por favor!

- Olha foi um erro! Eu tava fora de mim. Na época minha namorada me traiu com o seu vizinho e aí eu fiquei com a namorada dele. Pronto falei! Ufa!! -Ele diz jogando o resto do corpo na cama fazendo eu ver o restante do seu quarto.-

Como? Meu vizinho? Que vizinho? Isso muita informação! - Grito internamente.- Eu sinceramente achei ele fosse diferente dos garotos. Tony o simpático certinho, agora pra mim, é só o Tony. Não vou julgar ele. Não tenho esse direito.

- Caramba! Que história.

Digi tentando amenizar a situação constrangedora.

- Aí nem me fale Sara. Como eu me arrependo disso, até já pedi desculpas pra todos. Nunca mais faço isso! -Ele volta a sua postura normal.-

Assim espero amigo.

- Olha para ser sincera! Eu não esperava isso de você.

- Nem eu esperava isso de mim!

Ele está com lágrimas nos olhos. É realmente parece que ele se arrependeu.

- E realmente fortaleceu nossa amizade, porque uma amizade só é amizade, quando se conhece os arrependimentos de alguém. E talvez esse companheirismo dure até o resto de nossas vidas.- Sorrio-

- Vou me esforçar para conseguirmos sermos amigos por muito tempo! -Eles diz limpando as lágrimas.-

Queira Deus que sim! Ele me faz se sentir avontade, gosto da companhia dele. Ele é alguém importante para mim desde agora.