2: Não coma a PASTA DE AMENDOIM.

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Minha mãe me acordou cedo naquela manha de sábado, Jonan abre a porta de meu quarto e pede o livro de ciências nível 3 emprestado. Achei estranho, então o perguntei o porquê, antes de emprestar o livro.

_Não te interessa!

_Se você me contasse talvez eu te emprestasse - disse tentando persuadi-lo.

Mamãe nos havia chamado para ir à casa de minha vó em Penin, uma cidadezinha no centro do Canadá. Lá mora uma garota chamada Feeby, ela era negra, de olhos verdes, cabelo curto e muito inteligente. Meu irmão idiota quer estudar para parecer esperto na frente dela, pois ele é burro igual a uma pedra.

_Vai me emprestar à droga do livro ou não?- disse ele já cansado de olhar para minha cara.

Entreguei-o a meu irmão e com um tom de deboche disse: "vá estudar pequeno Einstein".

Desci para o café da manhã. O cheiro da gordura do bacon exalava pela cozinha até chegar à porta de meu quarto. Peguei o prato de ovos, bacon e aveia, e me sentei na varanda. Minha mãe saiu pela porta e disse:

_ Piper, suas coisas estão prontas?

_ Mãe, faça silencio! Vai assustar os gafanhotos.

Ela me olhou com cara de brava, agarrou meu braço e me acompanhou até meu quarto.

A caminho de Penin, listei todos os lugares em que passamos. Inclusive um ponto turístico que sempre quis visitar, uma pedra grande (6 metros mais ou menos) e pesada, sustentada por apenas duas pedrinhas com menos da metade do tamanho da maior. Meu irmão não conseguia ver a diferença entre isso e umonte de pedras uma em cima da outra.

_ Meu santo Newton! Meu irmão idiota é mais idiota do que eu pensava. - Ele olhou para mim, tirou seu fone preto de uma orelha e o recolocou, sem dar a menor importância para o que eu estava dizendo.

Minha vó, era sem duvida nenhuma, a mulher mais louca que já vi. As paredes de sua casa eram pintadas com bolinhas rosa em um fundo verde piscina. O piso era marrom e tinha listras pretas.

Ela tinha feito lasanha de pão com queijo, presunto, ketchup e mostarda.

_ Onde esta Feeby? – disse Jonan, olhando de um lado para o outro, procurando à amada.

_ Ela foi visitar o namorado em outra cidade, tinha algo importante para falar com ela? – quando minha vó deu essa noticia, meu irmão olhou para baixo e disse que ia para o quarto.

Ele estava realmente chateado. Não entendo o Porquê, eu nunca sofreria por alguém. Isso é ridículo. Amor é tão... Idiota. Você se apaixona por alguém e essa pessoa não gosta de você, ai você sofre e chora por ela. É como uma novela mexicana.

Vou passar uma semana aqui com minha vó, pois a escola está parada por causa das tempestades de neve que estava fazendo esses dias. Gosto daqui sinto como se estivesse em minha antiga casa em Michigan, tirando a breguice, claro. As coisas de meu pai ainda estão aqui. Seu quarto cheio de quadros de cientistas famosos, e sua cama com figurinhas de revistas antigas de ciência. Até seu antigo laboratório (casa da arvore) estava lá.

Subi as escadas cor de rosa até o quarto de hóspedes, onde Jonan se encontrava. Ele estava sentado, com as mãos tampando os olhos e joelhos dobrados, cheguei mais perto, podia ver as lagrimas salgadas caindo sobre seu rosto. Tentei o consolar, mas só o que consegui foi ser chamada de lagarta cientifica e ser mandada para fora. Eu realmente queria ajuda-lo. Por mais que não o suportava, precisava fazer algo, se importava com ele.

Fui ao jardim de minha vó e comecei a procurar por Neuropteras, o sangue desses insetos podia ser usado para curar a tristeza, fazendo seus consumidores ficarem mais felizes que formigas quando acham açúcar.

Depois de pegar os tais insetos, vou direto para o antigo laboratório de meu pai, e lá começo a amassa-los até obter uma maça marrom e com um cheiro doce estranhamente agradável. Com a ajuda dos equipamentos empoeirados de meu pai, consegui transformar aquela coisa nojenta e com a aparência terrível, em uma pasta com um gosto adocicado.

Coloquei a coisa em um pote velho de pasta de amendoim, e a deixei em cima da mesa com uma carta ao lado dizendo:

"Para te deixar feliz. Assinado: Piper."

Fui para sala, feliz da vida. Tinha feito algo bom, tinha ajudado meu irmão idiota a superar a crise de "amor fracassado" dele.

Mais um fato sobre meu irmão, ele não conseguia parar de gostar de uma pessoa. Não interessa o que a pessoa fez ou deixou de fazer, ele sempre a perdoava. Por isso que na maioria das vezes era ele em que saia machucado de algum relacionamento.

Escutei um grito da cozinha, era minha mãe, e ao chegar lá, vi minha vó deitada no chão e com uma colher com uma pasta marrom, que provavelmente era o "projeto riso", na mão. Fui correndo para a sala de jantar e peguei o telefone fixo vermelho e disquei o numero da ambulância. Parece que minha vó sofreu uma convulsão, devo ter colocado muitos Neuropteras na mistura, mas ela estava bem. Só depois de uma semana ela teve alta, achavam que ela não estava "estável o suficiente", então minha mãe decidiu ficar e ajuda-la e mandou eu e Jonan, devolta para a casa de ônibus.

Jonan não pegou ninguém e eu não fiz ninguém feliz, muito ao contrario,  deixei todos com raiva.

ChanceWhere stories live. Discover now