Capítulo 1: Rick e Carl

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Eu estou viva. Hoje, agora pelo menos. Num mundo onde você poderia escolher entre morrer ou sobreviver (se realmente você pode escolher, se você não foi devorado), eu escolhi sobreviver. Não sei se foi a escolha certa, não sei se valeu a pena, e não sei até quando eu conseguirei mantê-la.

Podia ter enfiado uma bala na cabeça, sabe, só desistido. Mas eu achei que era cedo demais pra desistir, que havia uma esperança.

Estamos vivendo a punição, a ira de Deus finalmente se manifestou. Eu acredito, sinceramente, mas não sei se eu sou justa o suficiente pra prevalecer sobre o mundo que ele resolveu castigar. Bom, o mundo continua aqui, e eu não estou sozinha, porque se uma garota de 14 anos sobrevive no meio dessa desgraça, garanto que outros também conseguiram.

Eu estive em grupos com outros, outros que infelizmente não tiveram a sorte (ou o azar) de sobreviver. Fugir, fugir e fugir, é o que a gente faz sozinho até encontrar alguém pra fugir em companhia.

Estou fugindo sozinha há alguns dias, e estou enlouquecendo. Preciso parar de pensar, desligar.

Eu estava andando há muito tempo pelas ruas de Atlanta, cidade pacata antes de tudo isso acontecer, o tipo de lugar pra onde as pessoas se reuniam na praça no domingo apenas para conversar vendo crianças brincarem.

Hoje esta praticamente deserta, um ou dois infectados (como os chamo, afinal, é como se estivessem doentes) mais lentos mancando por ai, a maioria foi para as áreas rurais, já que não sobrou ninguém pra comer na cidade. Ninguém pra comer, gostaria de estar falando de não ter ninguém para convidar pra jantar.

Finalmente paro de caminhar e olho para os lados encarando as casas bonitas em volta, com a grama alta, os balanços e brinquedos quebrados, com um ar totalmente solitário. Eu estava sem suprimentos, era a hora de fuçar as casas. Seria tão legal achar enlatados de algo que não for feijão.

Escolhi a casa da direita, era uma das menores da rua então não me demoraria lá, de madeira branca bem conservada.

Tirei a arma e a faca que levava na cintura e me aproximei curvada em passos rápidos, a rua parecia solitária e quieta, mas no mundo de hoje as pessoas preferem agir no silencio. E eu lamento dizer que até as pessoas são perigosas, o mundo muda, os homens não.

Dei a volta pelo quintal e tentei abrir a porta dos fundos o mais silenciosamente possível, mas essas casas velhas rangem ao menor toque. Deus, que não tenha ninguém ai. Ninguém mau.

Abri a porta devagar. Pensei ter ouvido alguma coisa, levantei arma e faca juntas, alarmada. Esquadrinhei o cômodo com os olhos, uma cozinha de azulejos e armários brancos, mesa e cadeiras quebradas espalhadas. Alguns armários estavam abertos, latas no balcão. Ou tem alguém aqui, ou alguém deixou isso assim. Por favor, seja a segunda opção.

Entrei pisando leve, olhando tudo, era melhor checar tudo antes de pegar as coisas. Saindo da cozinha tinha a porta da frente, a entrada para a sala, o banheiro e uma escada, segundo andar também, maravilha.

Caminhei para a sala, pequena e aconchegante, um sofá de couro em frente a uma lareira com fotos de família. Provavelmente era um casal de idosos, tinha foto dos filhos e os netos. A foto de um bebê sorrindo.

Que bebezinho fofi...MERDA.

Pisei em um caco de vidro no chão, céus, eu não vi essa droga ai. Recuei rápido assustada, fora um barulho muito alto?

Tic – O som do gatilho sendo preparado respondeu minha pergunta.

Virei imediatamente, preparando meu gatilho também, e vi a ultima coisa que esperava.

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⏰ Última atualização: Oct 09, 2014 ⏰

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