Bowie

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Era um dia comum na vida de Junmyeon. Acordou com os gritos de sua mãe, escovou os dentes mais rápido que nunca e correu até o ponto de ônibus. Entrou no transporte público e em alguns minutos chegou a um lugar que parecia o inferno para muitos, mas não para ele: a escola. Por sorte não estava atrasado.

Kim Junmyeon era um adolescente um tanto quanto excepcional. Adorava ir para a escola — não para estudar, já que sua falta de atenção não permitia —, amava músicas antigas e não se importava com redes sociais. Instagram? Nem mesmo sabia pronunciar esse nome. 

Parecia um dia como outro qualquer. O coreano puxou as mangas do moletom amarelo e cobriu os dedos gelados, logo deitando sobre a carteira escolar. Não demorou a pegar no sono, o rosto escondido entre os braços. A sala estava uma zona, mas como um expert em dormir em lugares inusitados, aquilo não o atrapalhou.
Teria dormido até o sinal estridente tocar, isso se o maldito Oh Sehun não tivesse lhe dado um tapa forte na nuca. Ele podia ser um bom amigo, mas também era insuportável quando queria.

— Acorda, Junmyeon. O professor ta' te fuzilando já tem uns dois minutos — disse ele. O citado o encarou, sem entender. Sehun apenas indicou algo em sua frente com a cabeça.

Se conheciam desde sempre. No pré, as duas crianças atentadas viviam irritando um ao outro. O pequeno Junmyeon jurou que se livraria de Sehun quando entrou no fundamental, mas foi só entrar na pequena sala de sua nova escola que se deparou com o garotinho sentado em uma das primeiras carteiras, as pernas balançando e os dedos batucando a mesa. No final do mesmo ano, os dois já não se separavam mais.
Finalmente olhou para frente. Ao lado do seu professor estavam dois garotos com alturas semelhantes. Um tinha cabelos escuros como a noite, usava um óculos de armação redonda e vestia um moletom vermelho. Esse tinha chamado a atenção de Junmyeon de maneira tão absurda que quase não conseguiu olhar para o outro garoto. O menino de cabelos claros não parecia tão chamativo para ele.

— Hoje recebemos dois intercambistas. Eles vão fazer uma curta apresentação — encarou-os duramente, mostrando que eles não tinham opção — Sejam receptivos.

O Kim mal conseguia controlar a sua ansiedade. Batucava a própria perna com os dedos, os olhos fixos no intercambista moreno. Se tivesse desviado o olhar, teria visto Sehun com os olhos fixos no loiro. 
O loiro começou a apresentação primeiro, os olhos vagueando pelo rosto dos seus futuros colegas. Luhan, dezesseis anos, chinês. 

— O meu nome é Zhang Yixing. Assim como o Luhan, tenho dezesseis anos e sou chinês — falou. Sua pronúncia era um tanto quanto embolada, porém ainda entendível. Aparentava ser inseguro, nunca erguendo o olhar.

Poxa, Junmyeon queria olhar direto nos olhos de Yixing! Mal sabia o chinês que já tinha conquistado a atenção de alguém.
Em seguida, o professor ordenou que se sentassem nos únicos dois lugares restantes na sala. Coincidentemente, as carteiras disponíveis eram ao lado de Sehun. Junmyeon não conseguiu evitar de pensar em vários planos para se aproximar do chinês.

Talvez fosse um tanto quanto estranho. Mal o conhecia e Yixing já havia se tornado um enigma que adoraria desvendar. Só precisava pensar em um jeito de se aproximar do intercambista.

[...]


Dias se passaram desde a chegada dos novatos e algumas coisas haviam mudado desde então. Para começar, Sehun parecia ter conseguido um novo melhor amigo — e Junmyeon nunca admitiria que estava morrendo de ciúmes dele. Luhan aparentemente havia se tornado o centro do universo para o Oh, que agora incorporava a própria terra e girava ao redor do seu sol.

Zhang Yixing era bastante atípico. Andava pelos corredores da escola com os mesmos fones de ouvido, os olhos pregados no chão. Durante as aulas, nunca ousava olhar para os lados. As únicas pessoas que aparentavam ser dignas de sua atenção eram os professores — e ainda assim, não dizia nada. Nunca.

China BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora