O Silêncio Das Palavras

música? pra quê?

Noah

O show de Henry estava incrível. Seu talento era notável, não havia uma pessoa que não estivesse rindo no local. Eu estava distraído rindo de suas piadas quando allys tocou meu ombro e me chamou para ir dar uma volta. Eu não sabia o que fazer , então só a segui para fora.

- Henry se saiu muito bem, nunca ri tanto- ela disse e eu concordei com um sorriso

Sentamos na calçada e ficamos observando as estrelas. Aquela noite estava realmente linda.

- anda escrevendo algo novo?- ela perguntou

Sim ,havia. o problema era que esse poema era meloso, e eu não queria compartilhar ele, então só neguei.

- que pena, gosto muito dos seus poemas

Aquilo por algum motivo fez me sentir orgulhoso. Ouvir ela dizer isso me fez ficar feliz sem motivo algum.

" nunca ouvi você cantar ou tocar, queria ter essa experiência"

Ela olhou com um meio sorriso para mim. Seus olhos castanhos me fitaram por um momento

- eu não sei só cantar e tocar sabia? Sei dançar também

Fiquei imaginando como seria ela dançando, algo gracioso e belo eu diria, mesmo sendo só minha imaginação.

- quer ver ? Vamos dançar- ela disse se levantando e estendo a mão para mim

" sem musica?"

- não precisa de dança pra ter musica, e nem musica pra ter dança. Vamos - eu definitivamente ia usar essa frase em um poema

Eu segurei sua mão meio relutante. Ela me puxou para o meio da rua, e então me fez ficar colado com ela. E então começamos a dançar.

Naquele momento nada importava, o tempo parecia parar . Eu guardei isso no mais profundo, mas agora estava átona, ali na superfície. 

aquela foi a primeira vez que não me importei de ser mudo, não era preciso uma voz ou palavras, a forma como estávamos juntos um ao outro enquanto fazíamos nossa dança  no meio da rua era algo que não precisava que nada fosse dito. os nossos olhares, os nossos gestos, a nossa dança sem musica e sem medo de sermos julgados loucos por aqueles que pudessem nos ver naquele momento, nada importava, não era preciso palavras para dissermos o que queríamos. essas palavras estavam formando um furacão a nossa volta, mesmo não ditas elas estavam la e nos estávamos bem no meio. por isso continuamos daquela forma, abraçados na rua deserta balançando de um lado pro outro ao som de uma musica que só nos podíamos ouvir. naquele momento, só naquele momento, não era preciso dizer nada, as batidas de meu coração frenético e meu grande sorriso estampado já diziam tudo. Nunca  estive tão feliz

A nossa conexão naquela momento era algo louco, insano. Nunca avia experimentado algo assim. Fios de eletricidade pareciam percorrer meu corpo. Nossa valsa nos conectava de uma forma estranha e incrível. Eu não queria que acabasse, e pelo jeito ela também não. Poderia se passar horas ali que eu não me cansaria nunca.

Mas tudo tem um fim. Um carro buzinando nos despertou do nossos sonhos acordados. Nos sentamos na beira da calçada em silêncio. Nós dois não sabíamos o que havia acontecido ali. era confuso. Eu não sabia o que dizer, e nem ela , pois o que ela fez não envolvia palavras . E sim mostrar seu maior sorriso. um sorriso feliz,  totalmente ao contrário da garota chorando na Praça. Ela era apenas uma garota. Feliz. E graças a mim. Definitivamente nunca me senti tão grato por ajudar alguem.

Eu havia conhecido ela a pouco tempo, mas para mim já parecia uma eternidade . Fiquei imaginando o que Henry diria. Que eu estava gostando dela? Talvez. Era cedo pra isso, mas eu não duvidava que isso poderia acontecer.