Depois de um dia inteiro, produzindo, compondo, estudando e desenvolvendo, minha cabeça parecia sair de órbita de tanta dor. Então para enfrentar aquilo tudo no dia seguinte, meu sono era algo que eu não poderia abrir mão.
Todos já estavam repousando, menos ele.
Fiz de tudo para tapar o barulho vindo da sala: colocar o travesseiro sobre a cabeça, ouvir música, tentar dormir, o que fosse. Mas, infelizmente, o computador que tínhamos era muito bom.
— Taehyung, por favor... — pedi, exausto ao me levantar da cama. Eu com meu típico pijama de 'Ryan, The Bear' e ele com seu próprio personagem de 'BT21', Tata. — Vamos dormir.
— Ah, hyung, só essa partida a mais — ele solicitou, sem nem olhar para a porta.
— Eu juro que vou eu mesmo desligar isso se você não for dormir.
— Namjoon hyung, não... Eu apostei uma grana alta nesta partida, eu sou muito ruim jogando LOL, mas essa eu vou vencer para esfregar na cara do Jungkook.
E eu já nem estava mais ouvindo-o. Coloquei os dedos na ponte do nariz, irritado.
— Só mais essa — afirmei —, sem nenhuma a mais.
O mais novo abriu um sorriso e, ainda sem desviar os olhos da tela, repetiu:
— Sem nem uma a mais.
Soltei um suspiro cansado e voltei para o quarto com esperança de que em pouco tempo conseguiria dormir. Joguei-me no meu colchão macio, ajeitei o travesseiro e fechei os olhos. Percebi que o áudio do jogo de Taehyung havia diminuído um pouco, mas ainda não mudava muita coisa.
Fiquei ouvindo o jogo por longos minutos, que se resumia a barulhos estranhos e uma narradora, Taehyung teclando e às vezes xingando baixinho ou comemorando algo que conseguiu. Era incômodo e eu tinha a sensação de que o sono não me alcançaria nunca. Eu queria tanto poder dormir logo.
Então, surgiu uma dúvida.
Peguei meu celular que estava sobre a cômoda e digitei rapidamente: "Quanto tempo dura uma partida de LoL?".
Torci o nariz para a informação. 40 minutos era bastante tempo, mas Tae já devia estar terminando. Continuei no site, li algumas coisas sobre o jogo e ao chegar nos comentários me surpreendi com as pessoas rindo da estimativa. Elas diziam que já haviam jogado partidas que duraram muito mais tempo; horas. Três horas, nove horas, doze horas.
— Não pode ser verdade. — Bufei, levantando-me novamente.
Se eu quisesse saber, teria de perguntar diretamente a quem estava jogando. Meio irritado, voltei para a sala, encontrando-o do mesmo jeito.
— Taehyung, a partida demora quanto tempo para acabar?
O dongsaeng me olhou por um instante, parecendo surpreso por eu estar ali de novo, antes de voltar sua atenção para o jogo.
— Eu não sei.
— Como assim não sabe? — perguntei, exasperado. — Não é você quem está jogando?
Ele mordeu o lábio, nervoso, sabia que eu não gostaria da resposta.
— É que... Não tem um tempo limite.
— Então isso poderia durar horas?
— Exatamente. — Ele sorriu novamente, fazendo-me perder toda a paciência.
— Taehyung, desligue isso agora. Isso se não quiser que eu desligue — ameacei, aproximando-me da tomada plugada com o cabo de energia.
— Hyung, não! É o único momento no dia que eu posso fazer o que eu quero! — Elevou a voz.
— Não interessa, eu preciso descansar! Não me faça gritar contigo!
— Eu vou colocar fones então, pode ser? — Bufou, com aquele olhar pousado em que resmungava sobre como eu era chato.
Revirei os olhos cansado.
— Faça como quiser. — Saí, batendo a porta.
Parecia estúpido discutir com um adulto que se portava como uma criança. Tudo se dava pelo respeito, pensado sobre sermos 7 pessoas dividindo uma casa. Logo, deveria haver respeito mútuo com o espaço alheio.
Qual a dificuldade de ele entender?
Pagar de malvado nunca era legal, além de ser um papel horrível de cumprir. Taehyung estava só tentando se exaurir de trabalho, e eu também. Se ele pelo menos estivesse respeitando o espaço de cada um de nós...
Pisquei algumas vezes, chateado.
Pelo menos o barulho de ataques de joguinho haviam cessado. Ele havia cumprido bem a palavra.
Suspirei, deitando-me e respirando fundo, sendo acalmado pela paz do silêncio. Não demorei a me cobrir e repousar a cabeça, sentindo a alma finalmente descansar. Porém, um peso a mais pesou o colchão, acompanhado de um pequenino barulho de ranger de porta. Assustei-me ao ser agarrado com vontade, sendo torneado por braços firmes e uma fungada no pescoço.
— Me perdoe, hyung. Eu sei que é sua hora sagrada de descansar.
— Desculpa ser sempre o chato da relação, Tae — suspirei. — Não quero brigar contigo.
— Hm, sei que não. O time está bravo comigo, o Jungkook vai rir de mim, mas eu supero ele um outro dia — sussurrou. — Posso dormir aqui?
— Só se tiver desligado o computador.
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