Entre Balas de Açúcar e Histórias de Uma Sereia. - Jenlisa

10. Nublado

Durante 18 anos… Nós, jovens, fomos protegidos pelos nossos pais.

E, querendo ou não, nós ainda pertencemos à eles. E eles têm o dever de nos proteger. Mas… Alguns fracassam nessa missão.

E nós? Não podemos ir à lugar algum.

[X]

Durante dias e dias, Lisa não foi à escola. E eu passei todo esse tempo sozinha. Jisoo também foi suspensa e não apareceu durante esse período.

Nós somos as únicas que sabem oficialmente o que aconteceu…

— Jennie! — Rosé apareceu na minha frente com os braços apoiados na cintura de forma autoritária, rodeada pelo grupinho dela. — Você tem a obrigação de nos explicar isso corretamente!

Quê!?

— N-não. — Me ergui na minha cadeira e a encarei com o cenho franzido. — Não, eu não tenho!

Ela cruzou os braços e soltou um suspiro irritado, saindo dali pisando forte no chão.

Peguei o livro de história e coloquei em cima da carteira. Eu observei as costas de Rosé enquanto ela se mantinha distante com as outras garotas. Ela estava com raiva de mim…

Acho que perdi mais uma amiga.

Virei para olhar a carteira de Lisa vazia no meio da sala de aula. Nunca achei que diria isso, mas… "Lisa, eu sinto tanto a sua falta."

Fechei os olhos com esse pensamento antes de me sentar novamente e voltar pra leitura.

Depois da aula fui ao mercado comprar uma panela nova. Perto do supermercado em que minha mãe trabalhava fica um mercado com várias tendas, como uma feira, e lá vende tudo o que você precisar.

Mas mesmo sendo o lugar mais barato da cidade, a panela que eu queria ainda não era do preço que eu podia pagar.

Peguei a panela determinada, e levei até o homem no caixa.

Nós realmente não precisávamos de uma panela tanto assim, mas eu já tinha ido até ali. Nem que no começo fosse só pra tentar tirar a Lisa da minha cabeça.

— Será que… O senhor pode fazer um desconto…? — Perguntei ao senhor da tenda tentando fazer uma cara fofa mas acabei fracassando e corando com intensidade.

— O quê!? — O homem perguntou arqueando as sobrancelhas. — Aargh! Mas só porque eu conheço a sua mãe… fica 15.000. — Ele falou colocando a panela numa sacola.

Dei um sorriso aberto agradecida.

— Obrigada! — Me curvei já tentando pegar o dinheiro.

— Ora! Para com isso… Não foi você que pediu? Agora sai logo daqui antes que eu mude de ideia… vai, vai… — Ele falou pegando o dinheiro e me dispensando com a mão.

Me curvei em agradecimento mais uma vez antes de sair abraçando a panela.

E quando eu pus os pés pra fora da tenda… estranhei o fato de que todos no local estavam calados.

Eu conseguia ouvir alguns poucos murmúrios enquanto todos olhavam para uma única direção.

Olhei para o ponto em comum, franzindo a testa.

E lá estava ele.

Alto, moreno, forte e com suas roupas da moda.

Lucca Manoban.

O pai da Lisa.

Ele andava com a cara fechada e o seu perfume forte exalando enquanto caminhava, deixando todo mundo atônito não só pelo seu rosto bonito e jovial, mas até sua presença era arrepiante.