■ ʟɪᴠʀᴏ 1
Melissa Lee sofre com um dom de ver espíritos e sua vida se resume em trabalhar num lugar para loucos, buscando ter a sanidade mental e morando com um pai que a rejeita.
Harry Styles é um rapaz que começa a fazer parte da vida de Melissa...
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Sozinha.
Eu não tinha mais família, não havia mais a minha mãe, nem o meu pai, nem mesmo os meus avós. Todos haviam completado alguma espécie de ciclo e já estavam em um outro plano, talvez olhando por mim – ou não, já que eu não fui um bom ser humano naqueles dias.
Quando eu era pequena, busquei ter qualquer tipo de contato com Bruce, alguém que eu já considerei ser o meu pai. Eu era uma garotinha muito inocente, portanto não tinha maldade no coração. Demorei a contar sobre o meu dom, que eu era capaz de ver mais do que qualquer outra pessoa, que eu era capaz de ver espíritos, pois eu tinha medo de parecer anormal, de ser a filha que eles não queriam para si.
Mamãe era incrível para mim, a melhor mãe do mundo. Bruce, contudo, tinha sempre uma carranca no rosto quando me olhava. Mesmo sorrindo, eu ainda via que era algo falso, apenas para manter as aparências. Eu buscava ser perfeita para agradá-lo, tirando as melhores notas, tendo o elogio dos professores, fazendo as pessoas gostarem de mim; eu desenhava várias situações que surgiam na minha cabeça e mostrava para Bruce, a fim de ter algum diálogo. Em datas comemorativas, eu me esforçava para ele, tentando não irritá-lo.
Só que nada nunca o agradava.
Eu não imaginava que aquilo se resumia a uma cólera gigantesca em seu peito. Ele me odiava, era esta a explicação. Eu era a filha de um outro homem, era o fruto de uma traição, logo eu nunca teria o seu sorriso, nem o seu amor e nem os seus abraços.
Sendo muito nova, sua rejeição me entristecia. Mamãe, porém, supria qualquer necessidade de atenção que eu poderia ter. Ela sozinha era a minha mãe e o meu pai, guardando dentro de si lembranças boas do homem que lhe ajudou a me gerar. Maya Ward tinha o sorriso verdadeiro dele na cabeça, tinha os seus abraços e todo o seu amor. Eu desejei aquilo também, do meu verdadeiro pai, mas nunca tive. Minha vida, afinal, teria mudado caso ele não tivesse sido morto? Mamãe estaria comigo se Bruce não tivesse feito o que fez?
É claro que sim.
Eu sentia saudades de algo que eu nunca tive. Provavelmente mamãe tinha alguma história com Bruce, de como eles haviam se conhecido, de como havia sido sua lua-de-mel e de como viviam antes de mim. Só que eu conseguia ver tudo claramente em seus olhos de mel. Eu conseguia ver que não era ele quem ela amava. Bruce não fazia mais parte dos sonhos dela. Ele perdeu o coração dela e outro homem o encontrou e colou os pedaços.
Todo ser humano era provido de defeitos e mamãe pecou ao trair o seu companheiro. Houveram consequências, assim como em qualquer situação de uma vida comum. E então eu precisei matar o homem com quem ela se casou, porque ele desejava todas as coisas ruins do mundo para mim, porque, sempre que me olhava, ele via a minha mãe e o meu pai juntos, felizes, algo que ele não poderia fazer.
