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Eu estava furiosa, triste, mas além de todas essas coisas eu estava incrédula, como aquela menina tola teve a ousadia para me virar as costas em Paris, logo depois de ter se demonstrado tão digna de seu emprego.

Logo após minhas milhares de ligações ao celular de Andrea, aceito realmente o fato, havia perdido a melhor assistente, e um dos maiores prodígios havia passado por minhas mãos, e eu estava deverás desapontada, melhor ainda decepcionada, por incrível que pareça não era com a assistente portadora de uma presunção fora do comum, e sim comigo mesma, e pra completar minha confusão não conseguia achar o motivo para tal sentimento. Afinal eu já havia substituído incontáveis Emilys, essa seria só mais uma, isso mesmo só mais uma.

Quando cheguei em meu quarto de hotel, o baque de saber que Andrea não estaria à minha disposição logo no quarto ao lado foi esmagador, eu nunca havia sentido isso por qualquer outra assistente idiota que já houvesse me deixado, eu realmente devo estar ficando louca, me convenci que era só uma carência momentânea devido ao meu divórcio, sim era só isso, não era possível ser algo mais.

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Eu já não aguentava mais a incompetência que me cercava desde a partida de Andrea, ninguém mais conseguia antecipar minhas ações, ou parecia realmente ao menos tentar fazer tal coisa, e para piorar Emily continuava "quebrada" na realidade quase inútil, hoje mesmo pedi meu carro com 15 minutos de antecedência para o novo assistente, sim um homem, não conseguia ver nenhuma outra mulher sentada naquela mesa que me lembrava a menina inteligente e gorda.

E por falar na mesma, minutos antes de meu carro chegar eu vejo uma figura maltrapilha porém radiante acenando discretamente do outro lado da rua para mim, algo dentro de mim se revirou, como se eu quisesse vomitar, porém mantive minha expressão de sempre e entrei em meu veículo, e acompanhando minha menina com os olhos não pude evitar de sorrir ao imaginar o quão bem sucedida ela seria, afinal pela primeira vez eu não tive nervos para acabar com a carreira de uma ex assistente minha.

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Chegando em casa chamei minhas meninas para jantar, e é claro que mesmo eu disfarçando minha falta de ânimo chamou atenção das minhas meninas "mãe, você tá bem? Quase não falou nada" proclamou Carol, "e mal tocou na comida." Completou Cassidy. As gêmeas tinham uma ligação surpreendente, sempre sabiam quando algo ia mal em minha vida, "não é nada grave bobbseys, só estava pensando no trabalho" disse sabendo que minha cabeça estava pensando em Paris, e não no trabalho em si.

Coloquei as minhas meninas cada uma em suas camas e esperava pelo livro, com a esperança cega e irracional de que Andrea viesse entregá-lo, meu sub consciente sentia falta dela, mesmo que eu tentasse fingir que não.

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No Segundo mês após sua demissão eu não aguentava mais sua ausência, e decidi desabafar com a única pessoa que apesar de tudo ainda me ouvia, que não me temia, ao menos não tanto:

- Nigel, posso ter um minuto. Falo entrando em seu escritório.

- Hum . Disse sem muito interesse enquanto analisava umas amostras com sua mão nojentamente flácida.

- Eu sei que fui horrível em Paris, mas não irei me desculpar por isso, sei que no meu lugar você faria o mesmo. Disse elevando um pouco minha voz. Gostaria de desabar um pouco com você, sabe como antigamente antes de todo esse lixo vir a tona.

- Justo, mas antes de começar seu monólogo, deixe-me adivinhar o tema de nossa pequena seção de terapia. Andrea ? Diz ele finalmente olhando em minha face.

Claro que fiquei impressionada com sua dedução, ele realmente me conhecia melhor do que eu imaginava:

- Eu não sei o que está acontecendo comigo Nigel, eu nunca fui assim. Ela faz falta de uma maneira... Estranha, como se não pudesse ser substituída, sinto falta da voz dela, de seu jeito irreverente, da pinta que ela tem na sua clavícula direita, sinto falta de tudo Nigel... Isso pode ser o que eu estou pensando ? Não seria possível na minha idade não é mesmo? Não por uma mulher, não por Ela. Digo em um só fôlego, na mesma velocidade que ditava ordens pelo Elias Clarke.

Nunca Mais- One ShotOnde histórias criam vida. Descubra agora