No caminho para uma escola de Seul, sete jovens se encontram. Kim Taehyung, Park Jimin, Jung Hoseok, Jeon Jungkook, Kim Namjoon, Kim Seokjin e Min Yoongi. Amigos de infância; deste o jardim de infância. Taehyung tinha o sonho de encontrar sua alma gêmea. A pessoa que o salvaria da depressão de uma vez por todas. Ele gostava que o chamassem de "V", pois, de acordo com ele, são duas metades se juntando em uma só. Ele sabia, sentia, que não ia encontrar ninguém, mas preferia mentir pra si.
V tinha um pingente com uma pedra azul que brilhava fortemente; uma safira. De acordo com o mesmo, aquilo era um presente de sua mãe, que o ajudava a se manter bem. "Ela me deu para lembrar dela", ele dizia.
Que pena. O pobre menino era morto por dentro. Gritos e gritos de dor e agonia, cravados dentro dele. Uma floresta queimada, um cadáver em decomposição interna.
Seu corpo era lotado de cicatrizes. Cicatrizes essas que são palavras. Palavras essas que lhe trazem memórias. Memórias de ver sua mãe, ali, pendurada na cozinha com uma corda a mantendo flutuando. "Papai estava trabalhando quando poderia ter ajudado-a", pensava incansavelmente. Ele o culpava, ele o detestava, ele o odiava.
Odiava porque, por conta dele, sua mãe não pôde vê-lo entrar na escola de talentos. Foi por causa da briga idiota, onde ele pode escutar sua mãe no telefone, gritando.
— Por favor, amor — Dizia, em prantos, em soluços — Não diga isso... Venha pra casa, por favor!
E então, o som do celular caindo no chão... Chega de memórias ruins! Já basta. Ele segurou forte a safira e seguiu em frente com seus colegas. Riam, falavam besteira.
Eles param em uma vitrine de TV's. Um jornal contando uma notícia.
— O Assassino de mulheres conhecido como "Huimang Murder", acabara por deixar outra vítima. Lee Chaeryeong, 18 anos, foi encontrada morta. Seu corpo estava despido, com marcas de hematomas pelos braços. Novamente, os clássicos "H" e "M" do assassino foram deixados no cadáver, dessa vez, em seus seios. A polícia continua investigando o paradeiro do assassino, que ainda não foi capturado, e não se tem pistas de seu paradeiro.
— Pobre moça — Comentou Yoongi, olhos marejados de lágrimas.
— Quem sabe o que ela fez? Algo pode ter dado motivo ao assassino — Comentou Namjoon.
— Não diga isso Namjoon! Nada seria motivo para um assassinato horrendo como esses. Você está surtando de novo? — Yoongi falou, irritado.
Um silêncio constrangedor tomara o grupo, até que o jovem Hoseok disse:
— Vamos logo, vamos nos atrasar!
Eles correram rapidamente em direção a escola e não demorou muito tempo pra chegarem lá. Taehyung chegou na porta e travou. Olhou para o pingente e... Aonde está a safira? Seus olhos enchem de lágrimas. Ele não pode ter perdido o presente de sua mãe. Aonde está?, pensa.
— Alguém, por favor, viu uma pedrinha azul? — Ele tremia. Claramente ia chorar.
Silêncio. Ninguém responde.
Ele corre ao banheiro com a mochila.
— V... — Falou Jimin, preocupado.
Ele joga a bolsa ao chão.
— Aonde está você?! — Gritou, voz trêmula. — AONDE?!... Achei.
Um estilete. Ele vai à frente do espelho. Tira sua camisa. Seu peitoral cheio de palavras. Celular, dia, sangue, criar. E agora, mais uma. Idiota. Sangue quente passando pelas cicatrizes, pingando no chão. Ele agacha. Grito. Ninguém escuta.
Ele sai do banheiro e vai subindo as escadas. Sangue marcado na camisa. Ele esbarra em Han Jisung, um aluno mais jovem que ele.
— Você... Está bem? — Pergunta o menino, preocupado.
V o ignora e segue seu caminho. Jisung dá de ombros e vai para sua sala. V chega em sua classe e senta em sua cadeira. Não olha pra ninguém, não fala com ninguém. É como se não existisse. Ele abaixa sua cabeça. Lágrimas salgadas caindo. Soluços. As pessoas vêm. Ninguém diz nada ou vai o ajudar. Lee Dabin pega seu celular. Flashes no menino.
Nova publicação no grupo do Line da sala. "Olha o garoto esquisito chorando de novo. LOL. Deve ser por mais uma idiotice", era a legenda. Ele não ligava mais. Quinta vez na semana. O mais divertido era que todos, exceto mais seis garotas da sala, não respondiam a ela. Ninguém ligava para o abusos, mas não faziam nada para impedir, é claro.
Fim do dia. Hora de ir pra casa. Ele ignora seus amigos, que estavam conversando logo a frente da escola e corre para sua casa. Seu pai estava em casa, bêbado de novo.
— É culpa sua! — Ele gritou. — Ela morreu por causa sua! Ela não traiu você. Você sabia o que tinha acontecido com ela! Tudo que ela passou, o que sofria! Você via a quantidade de remédios e, ao invés de confortá-la, você dizia: "será que não dá pra diminuir a medicação? Está cara demais". Foi culpa sua!
Ele tirou a camisa. As cicatrizes saltando sobre a carne. Ele pegou o estilete da bolsa. Colocou sobre seu torço. M, A, M, Ã, E. Sangue pingando. Seu pai vê a cena. E com uma voz cansada, fria e impiedosa diz:
— Vai tomar um banho.
V coloca a camisa e sobe as escadas. Entra no banheiro. Ele gira a torneira da banheira. Entra na banheira vestido. Ele pega o estilete, apontando-o para os pulsos.
— Não — Ele diz e solta o estilete — Ela não foi assim. Ela foi sem ar.
Ele fecha os olhos e vai para debaixo das águas. O ar escapando de seus pulmões. Quatro minutos se passaram e as bolhas de ar que saiam sua boca pararam. Sua pele azul.
Tempos depois, Lee Donghyuk, um dos alunos da escola, acha uma pedrinha azul brilhando na calçada na frente da escola. Calçada essa onde o grupo de alunos conhecido como "Bangtan Boys" estivera conversando uns minutos atrás. Acreditando que a pedra não tinha valor, ele a joga para trás e dá de ombros.
E assim, uma safira se quebrou.
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Home || BTS
FanfictionOito contos sobre sete jovens e como suas decisões destruíram seu futuro promissor. O jovem Kim Namjoon, diagnosticado com transtorno de personalidade borderline, tenta superar sua doença, que destrói cada vez mais o mesmo por dentro. Jeon Jungkook...