11. O sino não tocará

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Seoraksan. Encosta da montanha. À medida em que nos aproximávamos daquele lugar… a inclinação da montanha, de repente, ia se tornando cada vez mais íngreme e os meus pés deslizavam no chão molhado.

O que eu devo fazer?

O que estamos procurando, definitivamente estava naquele lugar.

Se estiver lá… O que eu devo fazer?

— Ontem. Lisa me disse… — Falei para meu irmão que seguia sério do meu lado enquanto eu mantinha os punhos cerrados e uma lágrima solitária rolava pelo meu rosto. — Que essa vida toda é uma mentira. E como tudo é uma mentira, ela pode se acalmar.

Ele soltou um suspiro pesado.

— Devo me acalmar também, Yohan? — Perguntei para ele com os olhos encharcados. — Essa vida é mesmo uma mentira?

[X]


— J-jisoo, você não estava suspensa? — Perguntei piscando nervosa, segurando na barra da minha saia com força.

— Ah… sim. — Jisoo falou depois de um tempo, como se tivesse acordado de algum tipo de transe e balançou a cabeça rápido de um lado para o outro. Ela também usava as roupas do uniforme escolar embora estivessem mal colocadas. — Eu vim pra pegar as coisas do time de vôlei que eu tinha deixado aqui… O diretor só me deixou entrar se tivesse de uniforme, por isso a minha roupa tá toda amassada. — Ela falou com um sorriso envergonhado, encarando o chão, e passou por nós rápido em direção a sua carteira. — Desculpa, não achei que ainda teria alguém aqui.

Ela pegou uma bolsa que imaginei ser a com os materiais do time e andou até Lisa devagar e mordendo o lábio inferior.

— Lisa… — Ela falou depois de respirar fundo e Lisa olhava para o outro lado com o semblante sério e as sobrancelhas franzidas. — Me desculpa.

Lisa continuou calada encarando o nada com o olhar vazio.

— Me desculpa… — Jisoo repetiu encarando os sapatos.

Naquela sala silenciosa, o sussurro da Jisoo soou desesperado.

Durante todo esse tempo eu pensei que Lisa fosse infantil, que ela era algum tipo de adolescente que se nega a crescer. Mas Lisa parecia diferente agora… Tinha alguma coisa madura no seu rosto. Era como se não fosse a mesma pessoa.

Existe algo diferente pairando no ar entre Jisoo e Lalisa. Algo que eu desconheço.

— Te perdoar...? — Lisa falou séria semicerrando os olhos e dando um passo em direção à Jisoo. — EU DEFINITIVAMENTE NÃO POSSO TE PERDOAR! — Lisa gritou fazendo Jisoo segurar a alça da mochila com força e virar o rosto pro outro lado enquanto Lisa se aproximava mais. — JÁ QUE EU SEMPRE APANHEI SÓ DO MEU PAI! — Lisa segurou o colarinho da camisa de Jisoo com as duas mãos com força.

Apertei a alça da minha mochila nas costas com força.

— Lisa… — Jisoo falou com os olhos arregalados. — Você… As suas pernas... É por isso que você não anda direito? Você realmente apanha do seu pai? — Jisoo perguntou com um sussurro e eu contive um impulso de correr até elas para separá-las. — Seu pai fez isso com você?

— Sim. — Lisa respondeu com os olhos irados. — E você nunca vai chegar aos pés dele e do que ele já fez… Apenas ele pode me bater, você entendeu!? — Lisa deu um empurrão em Jisoo que deu um passo sem jeito para trás. — Por mais que você tente… — Ela deu mais um empurrão em Jisoo que se desequilibrou pra trás e caiu no chão. — Eu nunca vou te amar como amo meu pai.

Entre Balas de Açúcar e Histórias de Uma Sereia. - Jenlisa Onde histórias criam vida. Descubra agora