Se passou um dia. V não compareceu na escola. Jimin, preocupado com seu amigo, mandou diversas mensagens.
"12:30: V, vc tah bem???, 12:40: V, pq vc não veio?, 12:50: ... Pq vc não responde minhas msgs???, 13:00: V, vc sempre me responde na hora... Dps da aula, vou na sua casa junto cm os meninos"
A preocupação dos outros meninos era visível na aula. Então, o diretor entrou na sala e deu a notícia.
— Ontem, o aluno Kim Taehyung, foi encontrado morto em sua casa. As autoridades ainda investigam como a morte aconteceu, pois o pai do menino fora encontrado enforcado na cozinha da casa, enquanto o menino foi encontrado afogado na banheira. Acredita-se que foi assassinato seguido de suicídio por parte do pai. Infelizmente, o grupo "BTS", deverá se separar ou mudar seu nome e os membros, além de tirar do seu histórico todas as apresentações envolvendo Taehyung. E com essa triste notícia, estou me despedindo de vocês. Até logo.
A sala fica em silêncio assim que o diretor sai. Nenhum som. E tão, Kim Namjoon se levanta de sua cadeira.
— Peço permissão para ir ao banheiro, professor — Disse o rapaz, claramente fragilizado e fraco pela notícia que acabara de receber.
— Permitido — Respondeu o professor.
Ele abre a porta com força e sai correndo para o banheiro mais próximo. Lágrimas salgadas caem de suas bochechas enquanto o mesmo grita no chão. É tudo culpa sua dizia para si mesmo. Era responsabilidade dele como líder do grupo de saber como ajudar os membros e saber quando os mesmos estão bem ou não. Taehyung tinha um futuro promissor. Por quê? Por que ele? Namjoon encarava o espelho do banheiro. Começou a surtar. Gritos e choro, dores no peito. A necessidade violenta de esmurrar o vidro em pedaços, a vontade insaciável de morrer. E se mais alguém morrer desse jeito horrível? De novo a culpa será dele. Sempre é ele, sempre.
Ele vomita. Ele passa mal. Seu rosto está vermelho como um tomate.
Ele sai do banheiro e entra em sua sala. Mãos trêmulas. Percebesse claramente o quanto o menino estava nervoso. Yoongi não estava na sala. Foi mandado para a psiquiatra — que deveria ser chamada de conselheira — da escola.
Namjoon pega sua caneta. Uma caneta cravejada em ágatas. Seis pedras brilhosas no objeto, que chegava a incomodar um pouco a mão. Ele chora novamente.
Saindo da sala, um rapaz se aproxima de Namjoon; Lee Taemin, um dos alunos da sala ao lado. Ele o abraça e diz:
— Eu sei como dói... — E foi embora.
Namjoon vai ao topo do colégio. Choroso e triste novamente. Não consegue parar de pensar em Taehyung. Imaginava seu rosto, em tom azulado. Seus lábios brancos. Olhos fechados que agora, mesmo se forem abertos, nada enxergarão. Lágrimas descendo por seu rosto.
Ele vai a beirada do topo. Encara a parte debaixo do colégio. Pula, disse uma das vozes. Nós conseguimos ver você, Namjoon... Ele está te vendo Calem a boca... Por favor... Ele está na sua cabeça agora, Namjoon. Não evite as vozes. Eles sabem tudo Chega. Ele não aguenta mais essa tortura. Ele quer pular... Mas não consegue.
Ele vai para casa. Ninguém lá para recebê-lo, de novo. Totalmente só. Ninguém para recebê-lo com um "como foi o dia, querido?". Sem comida quentinha na mesa. Ele pega um macarrão instantâneo picante do armário e o faz. Come, chorando. Ele começa a escrever uma carta em seu quarto com a caneta. Cada palavra, cada vírgula, cada ponto final, era uma dor ainda mais forte. Desligou a televisão para se concentrar ainda mais nas palavras. Escreveu, escreveu e escreveu. Ele vai na cozinha e pega duas facas. Ele começa a fazer cortes em sua mão. Sangue passando pelos dedos e caindo no chão. O vermelho quente estava manchando a madeira.
Ele toma as "balinhas da alegria" como costumava chamar os remédios para as quantidades de personalidades que se mantinham escondidas no fundo de sua mente. Todas eram horríveis. Sua cabeça doía graças aos efeitos da droga. Ele ficava mais leve, a dor não passava, mas os remédios escondiam ela perfeitamente. Era como se ele nunca tivesse sido diagnosticado com a síndrome. Ele vai para seu quarto, segurando a carta e a caneta. Ele coloca a caneta e a carta no bolso esquerdo do seu paletó, que estava em um cabideiro. Ele se deita sorrindo graças ao remédio, mas por dentro, chorava loucamente. Uma dor incomensurável em seu peito.
Ele fecha seus olhos e adormece, esperando o dia seguinte. A manhã seguinte para ver que tudo vai passar.
Não passou nada, exceto o efeito do remédio.
Ele acorda mais cedo e chega na escola antes que os outros cinco membros do grupo. Usando seu paletó, ele sobe as escadas até o topo da escola, onde vai até a ponta do lugar. Ele olha para baixo e tira seus sapatos. Ele tira a carta do paletó e a põe próxima de seus sapatos. Ele segura a caneta com força nas mãos. Ele abre os braços e pula. Caindo, caindo, caindo.
Passando por debaixo da escola, um aluno novato chamado Huening Kai vê algo caindo do céu. O corpo de Kim Namjoon cai a sua frente, segurando uma caneta. Uma caneta cravejada de ágatas. Uma única pedra cai da caneta. Uma única pedra das seis. O grito do jovem é escutado de longe. Professores chegam e veem o corpo estirado no chão. Kai chora em pânico e um professor o leva para dentro da escola. Uma professora liga para a polícia, falando sobre um suicídio na escola.
Enquanto isso, Park Chanyeol e Lu han, dois alunos do grêmio estudantil da escola, vão ao terraço e encontram a carta de Namjoon. Eles abrem e leem.
"Para quem possa interessar: Meu nome é Kim Namjoon. Por anos, venho escondendo do resto do mundo a dor que sinto em meu coração. Vi meus entes queridos morrendo, minha família ir a ruínas sem aviso. Vi pessoas que amo sendo mortas pela mesma dor que sinto todo dia, toda hora, todo momento. Quando entrei nessa escola, entrei total e completamente desmotivado. Nunca acreditei que chegaria ao brilho do sucesso ou se eu sequer iria conseguir me apresentar fora dos palcos da escola. Eu nunca tive amigos até o ano em que entrei. Meus companheiros incríveis ajudaram a formar um grupo incrível. Cada dia que passava, mais pessoas se juntavam para nos ver apresentar. Era um sonho realizado. Até que nosso amigo, Kim Taehyung, faleceu ontem (antes de ontem para você que está lendo agora). Eu me senti horrível vendo que não protegi um amigo querido. Eu sei que logo irão ver que eu não sou o suficiente e irão me abandonar e... Eu não quero ser abandonado. Antes disso, eu prefiro a morte. Eu sei que não alcançaríamos a fama, então, não serei de grande diferença. Sentirei saudades, amigos. Com amor: KIM NAMJOON."
Os meninos se entreolharam. Um deles pegou uma listinha, com a qual o título era "Turnê internacional" onde estavam escrito o nome de vários grupos. Eles pegam uma caneta e riscam o nome do grupo "BTS" e descem as escadas.
No meio de toda gritaria, um dos alunos pisoteou a pedra que caíra da caneta de Namjoon, destroçando-a.
E assim, uma ágata se quebrou.
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Home || BTS
FanfictionOito contos sobre sete jovens e como suas decisões destruíram seu futuro promissor. O jovem Kim Namjoon, diagnosticado com transtorno de personalidade borderline, tenta superar sua doença, que destrói cada vez mais o mesmo por dentro. Jeon Jungkook...