Memórias de como todo o inferno começou

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- Droga, estou quase desmaiando, maldito seja meu pai! Deve estar esperando que eu busque ajuda, me recupere e tente acabar com a raça dele novamente por isso atirou no meu ombro onde não é vital mas.... cansei disso.... não tenho mais tanta vontade de viver, ficarei aqui sangrando até perder a vida. Morrerei aqui mesmo nesse beco em plena luz do dia como um cão de rua qualquer, talvez um final mais do que merecido pra alguém que cresceu de forma tão desgraçada.... Se eu pudesse ao menos ver o seu rosto antes de morrer minha amada Carla partiria feliz porém eu só te joguei pouco a pouco longe de mim, Adeus...

- Rob! Rob, aguenta firme por favor!

     Mal pude enxergar naquele momento estirado no chão mas, reconheci muito bem aquela voz que estava em um tom de desespero e tristeza, era Carla que aparecera por ali. Fiz um último esforço para ver seu rosto mesmo que por um segundo.

- Que bela visão estou podendo apreciar antes de ir.

-Não fale essas besteiras seu idiota!Eu não vou deixar você morrer assim.

   Com um sorriso aliviado no rosto eu simplesmente disse a ela que -melhor assim carla eu já fiz você chorar por causa das minhas atitudes, deixe-me morrer assim você não vai chorar mais vezes por mim apenas essa agora.

- Rob não faz isso, por favor, para de falar essas coisas....

     Sentindo as lágrimas dela baterem em meu rosto desmaiei e não consegui sentir mais nada, finalmente toda minha trajetória de sofrimento e desejo de vingança chegaria ao fim muito em breve. Meu único arrependimento foi não ser capaz de demonstrar todo meu amor pela mulher que me acolheu de forma tão gentil e amorosa desde que saí daquele inferno que antes era considerado minha "casa".

                                                       15 anos antes.

     Lembro-me com bastante ódio o meu aniversário de 5 anos. Naquele dia meu pai assassinou minha mãe na minha frente me obrigando a mastigar o coração dela que foi arrancado enquanto ela dava seus últimos suspiros de vida.

- Não precisamos dela em nosso caminho, só atrapalharia no seu processo de educação, venha pivete tá na hora de você conhecer seus irmãos.

Estava totalmente paralisado com o corpo de minha mãe estirado na minha frente e seu sangue escorrendo pela minha boca, ainda por cima descubro que tenho irmãos!

- Por que esta cara de surpreso? Achou que a sua mãe era a única puta que eu comia? Ela é só parte das cachorras que usei para parir as minhas crias e fazer com que elas se tornem iguais a mim, com o treinamento certo é claro hehehehehehehe.

Ao ver aquele sorriso frio e demoníaco falando da minha mãe eu surtei e partir para cima dele com tudo mesmo sabendo que não ia adiantar.

- Hahahaha. Imaginei que teria essa reação assim como a maioria de seus irmãos só que, de todos eles você se mostra o mais fraco e patético. Tenho vergonha de você!

Recebi um murro tão forte dele que acabei apagando na mesma hora sonhando com os dias felizes que tive ao lado de minha mãe acabando por se tornar um pesadelo quando a memória da morte dela veio a tona na minha mente de novo. Ao acordar assustado percebi que estava em uma espécie de alojamento militar com várias crianças ao meu redor, estava vestido uma camisa totalmente branca com o número 06 escrito na posição onde fica o coração, uma calça escura e bota preta. Antes que eu pudesse acordar alguém, uns homens com uma cara nada amigável chegaram gritando e todos os demais acordaram na mesma hora assustados. Todos foram conduzidos para o lado de fora onde recebemos instruções para fazer uma fila lateral estilo militar e para minha desgraça meu pai apareceu com seus 2 metros de altura, músculos que parecem mesmo de um gigante, cabelo cortado no estilo militar,aquela cara maligna e ar de superioridade que eu odeio tanto.

- Não vou perder meu precioso tempo com vermes como vocês por isso serei breve, estão aqui unicamente para me dar orgulho! Serão treinados  e educados exaustivamente para se tornarem aquilo que eu quero.... soldados de mais alta qualidade para servirem a sua família, no caso, a que eu represento e sou o líder. Dentre vocês 12 pivetes apenas 1 poderá ser considerado como meu sucessor e assumirá tudo que eu possuo. Se algum de vocês tentar fugir daqui será imediatamente executado sem perdão porque arregão aqui tem que se  foder e pronto hehehehhehehehehhehehe.

 Maldito! Se eu pudesse daria um murro bem na cara dele mas, infelizmente eu não poderia fazer nada naquele momento só contar com a sorte...meu pai era um grande filho da puta entretanto, meus irmãos não eram de todo mal, eles só acabaram sendo conduzidos no mesmo processo que eu e são vítimas do homem que no pôs ao mundo. Anos de puro treinamento e sofrimento passando por diversos tipos de provações que moldaram a personalidade de todos nós para que realmente o caminho de se tornar um assassino seja o único que iremos pensar em seguir. Desde o primeiro ano ali nos colocavam para montar armas aprender a atirar, estudar horas sobre todo tipo de conteúdo principalmente sobre balística, toxicologia, técnicas de luta, sobrevivência na selva, métodos furtivos de assassinato inclusive sobre investigação. Muitas vezes eu pedi até mesmo a morte porém, tive um anjo na minha vida,  número 9,uma garota de cabelos pretos bem curtos, olhos castanhos o rosto já com algumas cicatrizes de surra que levava do nosso pai, sorriso triste porém eu conseguia sentir bastante gentileza emanando dela, tinha uma personalidade forte de uma verdadeira guerreira mesmo, ela era uma das 3 garotas que estavam ali no meio dos 12 indivíduos, sempre que podia desobedecia regras e me dava parte de sua comida quando eu ficava de castigo por não conseguir fazer o exercício direito ou era fraco demais para os superiores( o que acontecia direto), me ajudava a levantar quando eu não aguentava mais correr no campo de batalha e  conversava comigo, era mesmo como uma grande irmã, diferente dos outros que mal falavam comigo a não ser sobre informações e táticas para usar no treino de tiro.

   Mesmo com a número 9 tornando meus dias ainda mais suportáveis, o ódio por meu pai crescia a cada dia, o que mais me motivava estar ali suportando toda a miséria é que um dia eu pensava que poderia fazê-lo pagar com minhas próprias mãos. Nós não tinhamos nome de verdade a ser chamado, festa de aniversário ou ao menos um mínimo de consideração dele, servimos ali apenas para "dar orgulho a ele" quando se passaram 10 anos  ele veio pela segunda vez falar diretamente conosco no mesmo estilo da primeira vez só que agora não somos mais aquelas crianças fracas e inocentes que ele trouxe para cá:

-Muito bem, estou começando a ficar interessado em vocês, imaginei que a maioria já teria morrido a essa altura mas, agora que vem a parte mais importante de todo esse processo que estão passando, a oportunidade de ouro para ser meu sucessor. Um torneio será realizado amanhã onde todos vocês lutarão um contra o outro numa arena até que reste apenas um de pé, me dando orgulho e sendo considerado como o próximo líder da família. O processo de eliminação será feita por perda de consciência ou morte, desistir no meio do combate como falei antes terá a pena de execução na mesma hora sem piedade. Entendido senhores?!

-Sim senhor!- todos nós respondemos como um reflexo imediato de nosso treinamento.

A ideia do torneio abriu a porta que justamente o número 10 queria, herdar o lugar de nosso pai. De todos nós, o número 10 é o que mais se parece com Darius principalmente no sorriso maligno e na impressão de que  ideia de matar dá muito prazer a ele  assustando no fundo a todos os outros (inclusive eu) entretanto, não poderíamos fugir ou nos recusar a lutar, foi nesse momento que a minha irmã número 9 teve uma ideia que marcaria nossas vidas...


Vingança ou AmorWhere stories live. Discover now