"Marco... Temos que conversar.", foi isso que a minha mãe disse antes de jogar a grande bomba.Aparentemente, os negócios no trabalho deles não ia tão bem e iam ter que trabalhar em mais um lugar para conseguir nos manter na situação média que estávamos, então eu ficaria mais tempo só em casa e era com isso que eles se preocupavam, era com isso que achavam que eu me preocupava. Mas não, o que realmente era alarmante nessa situação toda era a saúde deles, afinal, se não tínhamos muito dinheiro, não poderíamos ter convênio e todos sabíamos que hospitais estaduais não eram dos melhores. E se eles trabalhassem tanto e acabassem doentes? O que faríamos? O que eu faria?!
"Hijo?", meu pai chamou, num tom triste e decepcionado, decepcionado consigo mesmo.
"Não precisam fazer isso.", eu disse, prontamente. "Não precisam trabalhar tanto, só vão afetar a si mesmos e piorar nossa situação.", avisei, inquieto. "
"Vai ser só por um tempo, Marco...", minha mãe começou, mas eu não a deixei terminar.
"Você não pode garantir isso!", exclamei, sem pensar duas vezes, ou sequer uma.
Meus pais pareceram surpresos com o jeito que eu estava agindo e isso só os fez sentirem pior, ainda mais culpados. Os dois trocaram olhares, chateados, apreensivos, sem nem saberem o que dizer. Eu estava realmente sendo insensível, não? Essa situação com certeza não era nada confortável pra eles também...
"Desculpa.", suspirei, pondo as mãos nos bolsos do moletom vermelho e baixando o olhar. "Eu só... Quero que fiquem bem... E não que façam tudo isso pensando em mim.", levantei o olhar para eles novamente, os olhando nos olhos, triste.
"Entendemos.", meu pai assentiu. "Conhecemos você, mi hijo.", ele forçou um sorriso fraco, doce.
"Mas fizemos essa decisão por conta própria e pensamos muito no assunto, não precisa se preocupar.", minha mãe garantiu, sorrindo daquele mesmo jeito.
"Só tem mais um detalhe...", meu pai desviou o olhar, sem graça.
"Sério?", ela perguntou, tirando o pirulito vermelho da boca e me fitando surpresa e eu assenti algumas vezes, suspirando em seguida e levando minha testa a minha mão, com o cotovelo apoiado na perna.
"Eu não sei onde eles estão com a cabeça dessa vez, Jackie.", murmurei, realmente perdido.
"Eles são adultos, Marco, devem saber o que estão fazendo.", minha namorada, por outro lado, parecia tranquila, como sempre. Apenas disse isso, deu de ombros, e pôs o pirulito de volta na boca.
"E se não souberem?!", sugeri, já surtando de desespero, principalmente por vê-la calma desse jeito, como ela podia estar sempre assim, tão sob controle de suas emoções?!
"Devem saber, Diaz.", suspirou.
"Mas Jackie, uma intercâmbista! Agora! No pior momento possível!", a lembrei. Sua resposta inicial foi apenas cruzar os braços e rir fraco do meu estado atual, o que não ajudou em nada em meu humor. "Jackie!", a adverti.
"Relaxa, Marco!", ela pediu. "Vai ficar tudo bem, eles têm um plano.", justificou. "E essa intercâmbista com certeza faz parte dele.", garantiu, mas eu continuei perturbado.
"Jackie.", chamei, seco. "Jackie, Jackie, Jackie.", sem grandes pausas. "Minha família está com problemas financeiros.", comecei, pausadamente, como um doido, tudo para tentar convencê-la. "E, meio a essa crise, eles decidem acolher uma intercâmbista, mesmo que mau consigam sustentar a casa sem ela.", sorri como um psicopata, um masoquista. "E, pior, ela não só é cega, como também é surda!", gritei, observando o semblante um tanto assustado no rosto dela.
"Ok..." ela se levantou e se sentou ao meu lado, no puff de seu quarto. "Você definitivamente precisa relaxar.", ela tirou o pirulito da boca e me deu, dando leves tapinhas nas minhas costas. Eu aceitei o doce enquanto ela fazia carinho em minhas costas, tentando me acalmar. "Pensa um pouco Diaz, se ela é uma 'cliente difícil' deve render uma boa quantidade de dinheiro.", Jackie fez um gesto com uma das mão, como se estivesse balançando notas de dinheiro.
"A parte que mais me preocupa Jackie, é como vamos tomar conta dela se ela não enxerga sinais ou pode nos ouvir falando, sem contar os diversos acidentes que podem acontece-la!", exclamei, tirando aquilo da minha boca, suspirando e, pouco depois, pondo-o de volta ali. "Ela pode trazer muito mais prejuízo do que lucro... Principalmente porque meus pais não vão estar lá pra ficar de olho nela.", arregalei os olhos. "E eu estou falando da garota como se fosse um bicho sem cérebro!", estapeei meu rosto, mas pude ver a loira ao meu lado revirar os olhos e rir fraco.
"Relaxa, Diaz.", deitou no meu ombro. "Vai ficar tudo bem... Eu prometo.", afirmou, fechando os olhos completamente em paz.
Apenas fiquei a encarando, ainda apreensivo sobre tudo aquilo.
"Não pode garantir isso...", murmurei. "Muitas coisas podem dar errado.", baixei o olhar.
"Mas não vão, porque você é o Marco Diaz." Sorriu pra mim, deixando os olhos semiabertos. "Tudo que você precisa, agora, não futuramente, que é só o que pensa.", piscou pra mim. "É ficar calmo, e viver o agora, só o agora.", afirmou. "Sabe, Marco... Todo momento é único, você devia aproveitar mais isso ao invés de pensar nos problemas futuros.", aconselhou.
Eu fiquei surpreso com sua fala, sem motivo nenhum, na verdade, afinal, Jackie sempre era a voz da razão, eu devia simplesmente ouvi-la mais vezes.
Por fim, acabei me rendendo a sua proposta e deitei minha cabeça na sua, inspirando e expirando fundo e, aos poucos, sentindo a calma entrar.
"Tem razão... Vai ficar tudo bem.", sorri fraco.
E este foi o fim do começo...
Não posso prometer que vou continuar, este é só um projeto, uma substituição de For Your Eyes, fanfic que eu tinha planejado detalhadamente só a metade e já tinha 79 capítulos (planejados). Ou seja, era muito longa.
Bom, esta é a nova versão da história, espero que gostem e espero que o projeto de certo.
❤ Sumi,mas nunca deixei de amar vocês ❤
PS: Uma nova fanfic reescrevendo o final de SVTFOE em breve.
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The Beauty Inside
RomanceStar Butterfly é uma princesa de outra dimensão que nasceu herdeira do reino e da varinha mágica de sua família, mas também com duas deficiências. Sendo a primeira herdeira parcialmente cega e quase que completamente surda, ela terá que provar para...