Capítulo 3

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- Tudo se torna pior quando todos estão quebrados, você corre em direção ao certo, mas ainda está no caminho errado. É fácil fazer de conta que aguenta, porém tudo nos tira o foco do que nos atenta. Agora cada passo e cada palavra são importantes, mas algo sempre surpreende em poucos instantes.

Sábado veio como outro dia qualquer em Gramado. Céu cinza, nublado e vento frio. Desde a última conversa na noite de quinta-feira os jovens De'Alcan e seus pares bruxos não haviam se visto, não haviam se falado. Durante a tarde, encostados em um carro esportivo, alto e preto, Alesso, Gaya e Alana esperavam por Cler e Anthony numa estrada deserta da cidade, próxima a mata, para que pudessem achar a Pedra de Sangue. Mas apenas o rapaz apareceu.

– Onde está Cler? – Perguntou Alesso, curioso.

– Não sei. Não a vejo desde... – Anthony hesitou ao dizer. – Desde o dia que vocês... – Ele não terminou de dizer, mas o vampiro entendeu. E levando o assunto a outro foco, ele jogou um pequeno frasco cheio de uma coleta de um líquido vermelho e grosso para o vampiro. – O sangue de Mavla Cianne.

Alesso pegou o frasco no ar e com a outra mão pegou no bolso de sua jaqueta preta um frasco igual aquele. Também cheio com o líquido vermelho, ele encarou-os em suas mãos, pensando que com o sangue da mãe de Cler e de seu pai, agora só faltava o de Eikon para fazerem o feitiço de ligação das linhagens. E enfim, adentraram ao carro e seguiram para as terras do colégio.

***

Chegaram. Gaya tirou duas pás do porta-malas do carro e em seguida atirou uma para seu irmão e outra para Anthony, que a olhou com os olhos estreitados.

– Não me olhe assim! – Falou Gaya, passando por ele.

O lugar estava totalmente vazio. Entraram, Anthony abriu o papel da planta da casa dos anciões. Eles seguiram os corredores até chegarem ao pátio, e pelo que a planta indicava eles estavam de frente para o campo nos fundos do colégio. 

No papel encontraram o local exato onde a estante com a pedra ficava em 1971. Ficava no mesmo lugar onde a árvore a alguns metros depois do gol estava. Foram até o local e os dois rapazes começaram a cavar bem onde o tronco encontrava o chão gramado. Eles eram ágeis, não levou muito tempo e o buraco já estava com um metro de profundidade.

A pá de Anthony bateu em algo e fez um barulho diferente. Menos de um palmo de terra e estava lá, a pedra de sangue, era do tamanho da palma da mão de um homem adulto, cor escura, cor grafite para ser exato e possuía finas ramificações por toda a sua superfície.

Anthony a pegou, ele e Alesso a admiravam. Enquanto que Gaya e Alana perceberam que não estavam sozinhos e olharam para trás.

– Alesso! – Gaya chamou em tom baixo o seu irmão.

Ele e Anthony se viraram e viram. Cerca de quinze vampiros espalhados pelo campo, usando roupas compridas de variados tons. Homens e mulheres. Os gêmeos De'Alcan já haviam cruzado com eles a algumas décadas passadas e sabiam que aquele era um clã conhecido por não serem discretos. Eram arrogantes, egoístas e causavam o caos por onde passavam, até mesmo porque não ficavam por muito tempo em um mesmo lugar. Com tudo, eles eram liderados por um vampiro alto, de cabelos castanhos, compridos e ondulados na altura de seus ombros. Esse usava um casaco comprido de couro preto e sobre sua camisa de cor terrosa que destacava seus colares ao colo de seu peitoral. E assim como os outros atrás dele, seus olhos já estavam expostos em vermelho.

– Olá, sou Atos D'Angelo. – Seu tom, e sua expressão eram debochadas. Ele olhou para Alana. – Oh, vejo que não te matei direito. Mil perdões, incompetência minha.

Eternidade - Volume 2Onde histórias criam vida. Descubra agora