18 - Aflição

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Christian

Chegamos na igreja e o padre nos recebeu amigavelmente. Fui direto ao assunto.

- Padre onde está a Ana? – perguntei aflito.

- Eu não sei filho. Ela não me disse pra onde ia. – respondeu.

- Como não disse padre? O caseiro falou que ela conversou com o senhor e se foi. – falei passando a mão no cabelo.

- Ela me falou muitas coisas em confissão, porém, não me disse pra onde iria nem em confissão, nem fora dela. Na segunda antes de partir ela me deu orientações sobre a chácara, pagamentos dos caseiros, venda das mercadorias, essas coisas. Me comprometi a tomar conta de tudo pra ela.

- padre ela falou de mim? – questionei.

- sim, filho. – respondeu triste.

- só mais uma pergunta. Ela soube do filho que Leila está esperando? – perguntei ansioso pela resposta.

- Sim, isso acabou com ela. – respondeu.

- Eu falei Taylor que ela não me atenderia mais se soubesse desse filho. Deus porque ela não me esperou? Não me deixou falar? O que eu vou fazer sem ela? – falei chorando. Eu não me importava mais em que vissem minha dor.

- Ela disse que você viria assim que ela não atendesse e que não queria ser a responsável por uma criança crescer sem pai.

- padre eu nem sei se esse filho é meu mesmo. E ele jamais ficaria sem pai. Estou me divorciando daquela mulher e meu filho, se for meu, ficará comigo.

- tente entender o lado dela. Ela se viu como uma destruidora de casamento e resolveu te deixar livre pra sua família.

- padre eu não quero ela longe. Eu não vou viver mais com Leila. Eu preciso dela na minha vida.

- Infelizmente filho não poderei te ajudar. Sabe, a Ana já sofreu tanto nessa vida que tudo o que quero é sua felicidade, ou pelo menos que fique em paz.

- eu também padre quero que ela seja feliz, eu a amo e nossa felicidade depende de ficarmos juntos. Eu quero minha mulher de volta. – falei chorando.

- Taylor ligue pra Welcker. Vire esse país de cabeça pra baixo e encontre-a. minha vida depende disso. – falei me virando pra Taylor que saiu imediatamente para ligar.

Me despedi do padre e sentei no banco da praça completamente desolado. Eu tinha vontade de gritar pra o mundo todo ouvir que eu a amo e que preciso dela. No fundo eu sabia que ela tomaria essa atitude quando soubesse do filho. Ela não se sentia bem em ser a outra e eu sempre dizia que meu casamento já estava arruinado antes do sequestro. Pode parecer clichê, conversa de homem pra ganhar mulher na lábia, mas era a verdade. Leila e eu não tínhamos mais nada.

Espera! Lembrei... o filho da Leila não é meu. Não pode ser meu. Quando fui sequestrado fazia mais de um mês que não dormíamos juntos. Passei uma semana no Japão visitando o complexo de empresas que iria comprar, depois viajei pra o Marrocos onde passei mais uma semana, voltei pra casa e não toquei nela a semana toda, e, então viajei pra Nova Iorque onde tudo aconteceu.

Teve o jantar na casa do sócio do meu pai em que tivemos que ir juntos. Ela passou a noite se atirando pra mim. Acordei no outro dia com uma puta dor de cabeça na cama que dividia com ela, porém não lembro se tivemos alguma coisa nesse dia. Espero sinceramente que não.

Taylor voltou e me disse que Welcker já estava tentando rastrear Ana. O número de celular que dei era no nome do padre.

- Droga. – falei socando o banco. Ela havia me falado que o padre é que tinha dado o telefone pra ela por precaução. Estamos no escuro.

Voltamos pra capital e quando chegamos pedi pra Taylor procurar um hotel.

- Taylor vamos ficar aqui até eu encontrar a Ana. Avise a Ross que viajei pra me recuperar do trauma. Avise também a meus pais e Gail. Não fale nada pra Leila e diga a Gail pra falar que viajei pra o Japão pra fechar uma aquisição, caso ela pergunte. Vamos deixa-la com o caminho livre.

Pouco tempo depois estávamos instalados no melhor hotel da cidade. Taylor saiu pra comprar algumas coisas que iriamos precisar e eu fiquei no hotel esperando uma luz do paradeiro de Ana. Minha vida estaria acabada sem ela.

No dia seguinte acordei com a ligação de Welcker.

- bom dia senhor Grey.

- bom dia Welcker. O que tem pra mim?

- senhor tenho um dossiê sobre Anastasia. Já enviei pra o seu e-mail. Quanto as buscas estamos procurando por ela. O carro não foi visto em nenhum pedágio, ela não usou cartão ou movimentou a conta em lugar nenhum e estamos aguardando por algum telefone. O sistema telefônico do Brasil é arcaico e obsoleto, mesmo que tenha comprado um telefone o sistema não oferece possibilidade de rastreamento exceto por e-mail. Se ela não cadastrar um será impossível rastreá-la.

- continue procurando. – respondi e desliguei.

Abri o e-mail e comecei a ler sobre Ana.

Anastasia Rosy Steele

Nascida em 22 de novembro de 1994 na cidade de São Paulo, Brasil.

Filha de Raymond Steele e Carla Rosy Steele

Mudou-se para Portland nos EUA aos três anos.

Formou-se em medicina pela universidade de Washington com honras por melhor aluna do curso, melhor TCC e nota máxima em residência em clinica geral.

Casou-se com Ethan Jones ainda na faculdade em decorrência de uma gravidez prematura, ele era irmão de sua melhor amiga Kate Jones. Ela deu a luz a uma menina e seus pais cuidaram da criança para que pudesse continuar a estudar.

Viveram juntos por três anos e na véspera de natal do ano de sua formatura Ana dirigia o automóvel do casal em direção à casa dos seus pais quando perdeu o controle e capotou caindo com o carro em uma ribanceira. Ethan e a filha deles Emily morreram na hora.

Ana mudou-se para o Brasil logo após o funeral e ninguém mais soube dela.

Meu Deus que história triste. Agora tudo faz sentido, o isolamento, a aversão por redes sociais, a ideia fixa de que tenho que ficar com o filho e com Leila.

Eu sabia que ela morava sozinha naquele lugar há cinco anos e que algo horrível havia acontecido com ela, só não imaginava que fosse perder uma filha e um marido. Ana era uma menina quando teve o bebê, tinha dezessete anos. Esse maldito irresponsável a engravidou com essa idade.

Tenho que encontra-la o mais rápido possível. Ana é minha vida, meu amor, meu tudo. Sem ela eu não sou nada.


Espero que gostem do capítulo. Nosso queridinho vai sofrer um pouquinho, mas prometo que não será muito.

votem e cometem! beijos no coração de todas!!!!!!!!!

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