art nouveau • vhope

01. le portrait

Era uma manhã de outono. Taehyung estava tendo um dos seus melhores sonhos, quando começou a sentir leves pingos de água gelada em seu rosto. Afinal, o que era aquilo?

Levantou-se com a ajuda do cotovelo e ainda desnorteado pelo sono tentava assimilar o que estava acontecendo. Arregalou os olhos quando viu sua janela aberta e uma chuva grossa começar a adentrar o cômodo. 

— Droga, droga, droga... — repetia como um mantra enquanto puxava suas telas para deixar fora do alcance da chuva — Está tudo bem Taehyung, se acalma...

O jovem respirava fundo, tentando pensar positivo. Não era a primeira vez que aquilo acontecia, na verdade, já enfrentou chuvas mais severas que chegaram a alagar todo aquele cubículo que ele insistia chamar de casa. 

Mas justo naquele dia, depois de horas sentado e pintando, Taehyung decidiu colocar suas recém-pintadas obras para secar com a brisa que adentrava pela janela, pois precisaria delas em poucos instantes. Parecia uma boa ideia na hora... Só não contava com aquele imprevisto.

Vendo que conseguiu manter tudo sob controle, o jovem olhou seu relógio e constatou que estava um pouco atrasado para pegar o trem. 

— Hoje é um dia tão importante, tem que dar certo!

Bravejava enquanto vestia uma roupa social que ele havia separado dias atrás justamente para aquele momento. Estava preocupado com o atraso, temia que não chegasse a tempo para expor suas obras.

Taehyung era um pintor que havia saído de seu país de origem para aperfeiçoar seu conhecimento sobre pintura. Agora ele estava morando sozinho em um quarto alugado próximo da capital. Para ele já foi uma grande vitória ter conseguido com que seus pais aceitassem sua saída e largasse os estudos para viver de arte, já que os mesmos não concordavam com o estilo de vida que o filho levaria dali a diante, e sim esperavam que se graduasse logo em algo que garantisse seus próximos anos de vida e construísse uma família.

Por outro lado, ele havia se encontrado nas várias faces da arte e estava decidido a seguir caminho naquilo que amava. Quando menos percebeu havia trocado aquela vida acomodada que tinha bancada por seus pais para sair pelas ruas de Paris com apenas seus pincéis no bolso e com a esperança que seria notado por aquilo que fazia. Mas aquilo não era nem de longe só um mar de rosas.

Não havia nem um mês que ele chegara na nova cidade e já tinha que arcar com os custos do aluguel no qual morava e se preocupar com o que comeria até o final de semana. Não era apenas uma metáfora quando saía apenas com pincéis no bolso, seus pais não enviavam dinheiro para si então ele teria que ir atrás.

Por esses motivos que Taehyung – ou Vante como prefere ser chamado no ramo da arte – estava se esforçando para levar todo seu material de pintura enquanto corria para conseguir pegar o trem que o levaria à famosa mostra de artes. Seu coração palpitava pela adrenalina e um suspiro de missão cumprida foi solto após ele se sentar no banco do trem. Ele havia perdido o trem que pegaria para chegar no horário previsto, mas por sorte conseguira chegar a tempo do próximo.

 Estava tão feliz e confiante que naquele dia ele iria mostrar às pessoas o seu talento que nem ao menos se importou com os olhares curiosos sobre si que carregava uma enorme bagagem de pintura, chamando atenção.

Assim que chegou ao local tão aguardado se sentiu em casa, até mesmo podia jurar que ao pisar naquele grande salão seu coração se acalmou por ver tantas pessoas reunidas pela mesma paixão que ele: arte. Se aprontou de organizar aquelas que considerava suas melhores obras e o seu material de pintura.

Sentiu os olhares de algumas pessoas que passavam e admiravam seus quadros, algumas até mesmo comentavam algo bom a respeito mas nenhuma delas ainda havia pedido por um desenho seu. Taehyung queria pensar positivo mas não podia negar que estava com um pouco de medo de voltar para casa sem nenhum dinheiro mais uma vez. Precisava pagar o quanto antes o aluguel.