Capítulo 1

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Eu me lembro exatamente do dia em que te vi pela primeira vez. Me lembro que me debatia na cama do hospital com duas enfermeiras me segurando firme. Me lembro da dor e do desespero que me consumia, mas principalmente, eu me lembro de ter me acalmado no minuto que você passou pela porta.

A postura confiante e o jaleco branco impecável. Os cabelos soltos caídos por sua cintura em cascatas adoráveis. Você parecia um verdadeiro anjo, e só confirmei as minhas suspeitas quando sua voz doce adentrou meus ouvidos.

Você pediu calma, em seguida dispensou de forma doce as duas enfermeiras que se encontravam descabeladas devido a minha força. Conversamos por horas para reconstruir os passos que dei na noite de trinta e um de dezembro de 2020, e depois de algum tempo finalmente tudo entrou em ordem: me despedi dos meus amigos, segui estrada por duas horas com Lizzie, parei em uma loja para comprar doces pro resto da viagem e depois de trinta minutos na estrada o acidente aconteceu. Lizzie não conseguiu desviar do caminhão que vinha violentamente em nossa direção, e em poucos segundos o nosso carro já havia caído no mar.

Cheguei com sinais de enforcamento devido ao cinto de segurança e com inúmeros cortes por todo o rosto. É estranho admitir, mas fiquei em coma por quatro longos meses enquanto lutava pela minha vida, me agarrando a qualquer respiração e a qualquer sinal de força. Eu não a escutei em momento algum, apesar de ficar sabendo mais tarde que você sempre me visitava no quarto.

Você não saiu do meu lado naquela noite. Segurou a minha mão enquanto eu fazia inúmeros exames e me deu apoio quando a mídia descobriu sobre o meu caso e milhares de repórteres se acumularam na frente do hospital. Eu fiquei assustada com toda aquela atenção, mas você fazia tudo parecer mais fácil.

Na madrugada em que acordei, você me contou que Lizzie também estava em coma e que ainda estava ligada a máquinas respiratórias, então sabendo disso, a difícil missão de escolher desliga-las ficou para mim.

Eu decidi não desliga-las. Acordei de um coma de quatro meses, não podia desistir de Lizzie também.

Nas noites seguintes você também retornou. Lembro-me vagamente de uma dessas noites, a mais especial para mim. Você levou refrigerantes, salgadinhos, doces e seu notebook para o meu quarto, em seguida se deitou comigo na grande cama de hospital e iniciamos o filme, mas acabamos por dormir no início dele.

No dia seguinte acordei com o peso de sua cabeça sobre o meu ombro, e sem processar direito o que estava fazendo, minhas mãos foram parar nos seus fios caramelados e longos, a fazendo carinho.

Eu gostaria de pensar que é como você se apoia no meu ombro

Acho que foi o primeiro sinal que meu coração me enviou. Em apenas duas semanas eu já não conseguia manter minhas mãos longe de você.

- Me mantendo sonolenta no horário de trabalho senhorita Josie? - Sua voz veio doce e seus olhos encontraram o meu. Sua mãos estavam abraçando minha cintura firmemente e por um segundo eu esqueci dos meus hematomas roxos naquele local.

- Não tenho culpa se você não resiste aos meus encantos.

Você sorriu e se levantou sonolenta, em seguida calçou sua sapatilhas e prendeu o cabelo de um jeito que deixasse todo o seu pescoço amostra. Meu coração automaticamente bateu mais forte e até as máquinas as quais eu ainda estava ligada passaram a apitar. Eu estava ficando quente por você.

Fogo nas chamas

- Oh, você está pálida, tá tudo bem? eu te machuquei durante a noite?

- Não, eu só... estou com calor.

Minhas bochechas ficaram vermelhas e você entendeu o duplo sentido na frase, mas apenas sorriu e me beijou na testa antes de deixar o quarto.

Você continuou dormindo comigo, mas as coisas ficaram estranhas quando entrei em contato com a minha amiga Hope e com o meu melhor amigo Mg, que vieram correndo me ver, então em um domingo de chuva, você não veio.

Fire On Fire [Posie]Onde histórias criam vida. Descubra agora