O Diário.

17 - Eu vou te esperar.

Eu ouvi dois tiros serem disparados. Em seguida senti minha blusa se encharcar com algo melequento, devia ser sangue, mas eu não sentia dor. Será que é assim que se sente quando está morto? Talvez tenha sido rápido e indolor, talvez ele tenha atirado em mim e eu pude ouvir o tiro que ele deu no Chim. Então porque ainda sinto o meu corpo? Porque eu sinto uma pressão envolta do meu corpo, ouvi mais três disparos. Eu não estava morto. Abri os olhos. Os quatro bandidos estavam no chão, pareciam sem vida. O corpo de Jimin que estava ao meu lado, não está mais lá, ele estava envolta do meu. Ele usou o seu corpo para me proteger.

-JIMIN!

Eu abracei seu corpo forte.

-Acabou, Chim, eles estão mortos, acabou.

O corpo dele amoleceu na hora e eu o amparei. Levantei os olhos e vi uma equipe policial nos cercar. Tae, Hobi, Yoon, Jin e Namjoon vieram correndo até mim, uma ambulância apareceu no local. Eu ainda abraçava o corpo do Jimin contra o meu.

-Senhor, precisa soltar ele.

-Não! Eu não vou soltar ele!

-Senhor, precisamos cuidar dele ou esse tiro pode matá-lo.

Eu arregalei os olhos. Tiro? Que tiro?Eu fiquei paralisado e aos poucos os paramédicos tiraram Jimin do meu abraço. Eu olhei pro corpo dele, havia uma mancha enorme de sangue na lateral do corpo dele, abaixo no peito, olhei pro meu próprio corpo e ele estava banhado de sangue.

-Senhor, preciso que venham comigo na outra ambulância.

-Não! Eu vou com ele! Eu não vou se não for com ele!

-Está bem, vamos, não podemos perder tempo.

-Está bem.

Eu entrei na ambulância e sentei ao lado da maca onde Jimin estava, eles tinham mobilizado o corpo dele e analisavam o lugar do tiro. Logo Tae entrou e mandou eles seguirem, a ambulância ia rápido, eu nem ao menos olhei para o Tae, estava concentrado no rosto do Chim, em segurar sua mão, eu não ia sair do lado dele, não importa o que aconteça, eu não vou largar a mão dele. Eu não sou médico, mas acho que perder tanto sangue assim não é bom sinal.

-Jungkook.

-Obrigado, Tae.

Olhei para ele com os olhos cheios de lágrimas, elas não demoraram a cair.

-Agora Jimin tem chance de sobreviver, obrigado, Tae.

-Vocês tem.

-Eu não, sem ele eu não vou viver, Tae, se ele não sair vivo de seja lá pra qual hospital estejamos indo, eu também não sairei. Eu darei meu jeito, eu vou junto com ele.

-E deixar que o sacrifício dele seja em vão? Nem pensar. Jimin sabia que precisava de ajuda, Jungkook, ele veio preparado pra morrer.

-Que?

-Toma, lê isso.

Tae me entregou um pedaço de papel, eu peguei com uma mão, e sacudi para abrí-lo, era uma espécie de bilhete, tinha a letra de Jimin lá.

" Tae, Jungkook me ligou, ele está bêbado, não quis me dizer onde estava, mas eu rastreei o celular dele. Ele está numa área muito perigosa, eu não sei como ele está, mas eu vou fazer de tudo, eu vou buscar ele. Se eu não voltar em uma hora chama a polícia e os meninos. Cuida dele, Tae, primeiro ele, depois eu, está bem? Se tiver que escolher, escolhe ele. Eu vou te mandar o endereço no caminho. Estou contando com você."

-Chim...

-Ele quer que você viva, Jungkook. Se ele se for, você não pode ir junto, nem eu vou deixar você fazer isso, ele pediu pra eu cuidar de você e eu farei isso.