Prologue

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Samanta's P.O.V. On

   Mais um dia se acava e eu continuo nesse orfanato. Eu sei que não devo reclamar pois pelo menos tenho um teto para dormir, mas é frustrante ver famílias todos os dias levando crianças para morarem consigo, e eu sendo sempre rejeitada. Às vezes eu imagino como seria se eu vivesse um conto de fadas, como o da Cinderella, sabe? Aparecer uma fada madrinha e me ajudar a ter uma noite incrível, e por fim achar meu príncipe encantado. Mas não é assim que as coisas funcionam, daqui a quatro anos, quando completar dezoito anos, terei que sair daqui, e viver por conta própria; procurar um emprego para pagar um apartamento minúsculo e tentar viver uma vida mediana.

  — Sam, vem me ajudar aqui! - sou chamada por uma de minhas colegas, Josie. Ela estava na mesma situação que eu, ficando mais velha e com isso, com menos chances de ser adotada. Josie Lannister, uma das meninas mais velhas deste lugar: possui pele escura, cabelo com cachos cheio e volumosos, os olhos são negros como a noite. Ela é muito bonita e educada, mas poucos percebem; a sociedade é muito racista, por isso ainda não foi adotada.

   — Do que precisa, Josie? - perguntei me aproximando da morena com um sorriso simpático.

   — Pega pra mim a lata de tinta amarela? - Olhei para a parede a frente dela, ela pintava um jardim repleto de girassóis. Lhe entreguei o que me pedira, e passei a observar seus movimentos. Ela desenhava com uma delicadeza excepcional, até que percebo um desenho diferente, possuía asas e voava pelas flores, era uma fada! Sorri com aquilo pois, embora uma "anciã" do orfanato, tinha crenças de criança.

   — Sabe... Eu fico imaginando como seria ter uma família... Cara, se eu fosse um garoto perdido, nunca teria deixado minha família. Eles eram tão sortudos... - Percebi a melancolia em sua fala. Diferente de mim, ela amava o conto do Peter Pan, embora criticasse muito esse ponto.

   — Fique tranquila, alguém vai te escolher! - Dei um sorriso acolhedor.

   — Talvez... Eu descobri que um casal vem aqui para adotar uma menina. Se te escolherem, vá! Você merece um lar de verdade. - Abri a boca para respondê-la, mas fui impedida pelo sino tocando nos avisando que o horário do jantar se aproximava.

   — Vamos... - Lhe chamei, a fazendo soltar o pincel e sair da sala, seguindo para seu quarto assim como eu. Coloquei as roupas padrões que temos de usar nas refeições; eram vestidos longos e pesados, diziam que era para manter a ordem e respeito a Deus (a diretora era muito religiosa), além das sapatilhas desconfortáveis.

   Minutos se passaram, todos os órfãos se encontravam no refeitório já com seus pratos cheios, esperando as inspetoras acabarem a reza de sempre. Assim que fomos liberados para comer, não perdemos tempo; não queríamos ser interrompidos antes de forrar o estômago, já que a diretora daria um "aviso" hoje. Passos são ouvidos, ela estava chegando; todos param o que aconteceu estavam fazendo e, por fim a porta é aberta, revelando uma mulher de cinquenta anos.

   — Boa noite crianças! Aproveitando a refeição? - Disse com sua voz doce, por mais que só aparência fosse de uma megera, com uma carranca no rosto a maior parte do tempo; seu coração era mole como o de uma mãe.

   — Amanhã receberemos um casal que levará apenas uma das meninas. A escolhida irá para Seul, Coréia do Sul. Se preparem, e tenham uma boa noite. - Saiu do cômodo deixando as mais novas eufóricas, os meninos desanimados, e os mais velhos nem se preocupavam mais. Sabíamos que não nos levariam. Aos poucos cada um foi se retirando, indo aos seus quartos, já que amanhã seria um longo dia.

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⏰ Última atualização: Jul 09, 2019 ⏰

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