sempre estarei ao seu lado

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Lindsay

Quando Henry me chamou pra sair, eu aceitei. Ele parecia ser um cara legal, do tipo piadista e engraçadinho. Só que depois de tudo isso, eu percebia que não era bem assim

Henry usava uma máscara. Essa mascara era linda, enfeitada e cheia de gliter e felicidade. Mas em baixo dela havia outra coisa. Dor. Tristeza. Solidão. Ele tinha tudo e mais um pouco em si. Alguém sensível por de baixo da camada. Quando me contou sobre seus pais eu mesma não consegui segurar as lágrimas. A forma como ele falava deles, já me fazia ver que haviam sido pessoas incríveis.

Eu não sabia o que poderia dizer para consolar ele. Então só fiquei lá, sentada ao lado dele em um canto do shopping.

- sabe, o motivo de eu querer me tornar comediante era porque meu pai amava piadas. Ele era o típico tio do pavê ou pra comer. Sempre tinha uma piada. Eu quero fazer aquilo que ele fazia. Trazer um sorriso para todos aqueles à sua volta

A mais que droga , manchei toda minha maquiagem. Eu imaginei uma versão velha de Henry como seu pai em um jantar em família fazendo piadas. Era fácil, pois não era muito diferente do que Henry já era.

- eu admiro você- as palavras saiam antes mesmo de eu saber o que estava dizendo- passar por tudo isso e ainda assim fazer piadas e dar risada. Ser alegre e gentil. Eu realmente admiro você

Henry olhou para mim com os olhos lagrimejados. E então sorriu. Não o sorriso que ele sempre dava, esse parecia... o sorriso do verdadeiro Henry atrás da mascara.

- eu não consegui seguir em frente anos atrás. E não consegui agora.

Isso apertou meu peito de uma forma que eu não sabia descrever.

- isso era porque estava sozinho- eu disse enfim tomando coragem para dizer algo -mas agora, você pode sim seguir em frente , pois não está sozinho.

Eu o abracei. Para mostrar que estaria ali. Para mostrar que estaria ao seu lado. Para mostrar que me importava com ele. Ele riu.

Eu pude jurar que ouvi ele resmungar. "Pai,eu cresci e ainda não descobri" .

- vamos. -Eu disse finalmente me levantando e estendendo a mão para ele

- mas... e o filme?- ele perguntou quando aceitou minha mão

- já acabou acho. Vamos dar uma volta

Eu não soltei a mão dele, e nem ele a minha. Andamos juntos olhando as lojas ate sairmos do shopping. Estavamos em silêncio. Quando enfim saímos para a rua, ele suspirou.

- você me ajuda... a seguir em frente?- eu podia ver a tristeza em seus olhos aflitos

- sim, vou estar do seu lado. Sempre.- não me arrependi dessas palavras nem um pouco, pois era a mais pura verdade

Ele assentiu. Apertou minha mão com mais força e seguiu em uma direção específica. Eu não sei quanto tempo andamos. Eu só sei que eu estava la. Por ele. E de certa forma, ele por mim.

Quando chegamos na frente do lugar que Henry queria eu finalmente entendi. Um cemitério.

-isso é...

Ele confirmou com um aceno.

-eu só vim aqui uma vez. Eu estava com noah, não passei nem do portão.

Vi suas pernas travarem, vi seu peito subir e descer irregularmente.

- ei, eu estou aqui por você. Não esqueça disso.- eu precisava ajudá-lo a enfrentar aquilo que o assombrava, minha mão com a sua era uma constante lembrança de que ele podia contar comigo.

Ele demorou muitos minutos olhando para a placa do cemitério. Até que enfim, deu um passo. Depois outro e outro. Então estávamos dentro, indo a uma parte mais afastada do cemitério. Ele já sabia o caminho, provavelmente já o havia trassado mentalmente dezenas de vezes

Paramos. Em frente, dois túmulos um ao lado do outro. Haley brice e Ricciardo brice. Haley, Então era por isso que ele estava chorando. O nome da garota do filme era o mesmo de sua mãe. Nem imagino as lembranças que isso despertou nele.

Pela primeira vez desde que saímos do shopping, ele largou minha mão. Ele se ajoelhou na frente dos dois túmulos, abraçou um com cada braço, e chorou.

- me desculpem... me desculpem... eu não me despedi de vocês a tempo... me desculpem.. por ser um maldito covarde... por não deixar vocês seguirem em frente... por não conseguir seguir em frente... me desculpem

Tudo o que fiz foi colocar as mãos em seus ombros e derramar algumas lágrimas. Eu não sei quem vocês foram senhor e senhora brice, mas vendo o filho de vocês já posso dizer que vocês eram fantásticos. Já era tarde, muito tarde. Quando Henry enfim se levantou.

Ele me abraçou com força. Não era um simples abraço. Era a mais pura necessidade de um. Eu retribui, em uma intensidade que nunca havia feito antes.

- eu estarei do seu lado Henry- eu disse contendo minhas lágrimas e limpando os olhos dele- sempre que precisar, eu estarei aqui

Andamos pela noite estrelada. Saímos do cemitério e estávamos fazendo um caminho a esmo. A lua brilhava com uma intensidade ofegante.

-obrigado- ele quebrou o silêncio da noite profunda que nos cercava

Eu sorri para ele deitando a cabeça em seu ombro.ele olhou espantado para mim, mas nada disse. Eu não era idiota, sabia que não éramos só meros conhecidos. Muito menos amigos. Naquela noite criamos algo maior que isso. Eu iria cumprir a promessa de ficar ao lado dele

-minha casa é para aquele lado- eu disse nos desvencilhando

Ele olhou fundo nos meus olhos com outro obrigado silencioso.mas Antes de ir, eu dei um selinho nele, para seu espanto e para o meu.

- boa noite Henry.

- boa noite- ele disse com o rosto vermelho, mas dessa vez não era por causa das lagrimas

O Silêncio Das PalavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora