Between Wind and gravity

Chapter four

Merry

Enathya Sylver Roscent, esse era o nome da duquesa mais falada nas redondezas. Merry não precisou se esforçar muito para descobrir até mesmo a família da garota, afinal, era tudo o que se circulava na boca das pessoas.
De certa forma, não era relevante para Merry ver a garota, mas apenas de ouvir comentários sobre sua aparência extraordinária, tinha vontade de vê-la e apenas confirmar se estavam sendo sinceros ou apenas implantando curiosidade nos aldeões. Ao que ouvia, seus olhos eram como cristais em tonalidade azul claro, lábios bem desenhados e cabelos castanhos. Na mente de Merry parecia ser uma pessoa bem comum, então não tinha altas espectativas.

Estava em uma taverna, então era comum ouvir sobre rumores recentes, ou até notícias confirmadas, é um bom lugar para saber quais são as novidades que passam de pessoa em pessoa até que atinja todas as pessoas; também serve de metáfora para o arco e flecha. Apesar de não ter tanta auto confiança, podia dizer que era boa nisso, treinou todos os dias incansavelmente após sua partida do ducado. Usou os problemas com sua família para lhe motivar, vez ou outra Merry até mesmo imaginava o rosto patético de seu pai em algum dos alvos que atirava; e por Deus aquilo era terapêutico.

Merry geralmente gosta de bebidas alcoólicas, e sempre preza por apreciar o sabor de cada uma delas, principalmente as mais fortes. Tem uma forte tolerância a bebida, o que chega a ser surpresa para algumas pessoas que não a conhecem, ou que estão bebendo juntos pela primeira vez.
Mas Merry não era viciada, não precisava daquilo para se afogar nas mágoas do passado, e se sentia superior não fazendo isso; sentia que isso a tornava mais forte. Ter tanto controle de si mesma, após virar tantos copos de álcool era revigorante.
Com um copo de whisky em mãos, passou o dedo anelar pelas bordas do objeto de vidro, podia sentir o olhar do rapaz atrás de si queimando sua nuca, e isso ficou apenas mais óbvio quando sentou-se justamente ao seu lado, quando tantas outras mesas e bancos estavam desocupados.

— O que faz uma garota tão bela em uma espelunca como essa? — falou, e era perceptível pela sua voz que tinha um sorriso idiota em seus lábios.

Sua noite estava tediosa, tudo parecia tão igual, como uma rotina, ou como se estivesse no modo avião. Apenas vigiava a floresta, matava alguns bastardos que tentassem algo com os animais que estavam ali, bebia um pouco e tudo começava novamente; chegava a ser insuportável. Não achava que seria má ideia brincar com alguém tão tolo quanto ele, fazia algum tempo desde que socava alguém.— Oh, eu apenas vim beber um pouco, vou voltar para casa em pouco tempo. — um sorriso meigo se formou em seus lábios, logo depois os umedecendo.

Se algum dia ver Merry sorrindo para alguém, corra se você zela sua vida, especialmente se você for um homem.

— Então o mínimo que um cavalheiro como eu poderia fazer, é oferecer que lhe escolte até em casa, está muito tarde para uma garotinha estar aqui fora.— a mão do senhor aparentemente mais velho deslizou pela bancada de madeira queimada até chegar no seu braço apoiado. Nesse momento, Merry sentiu como se fosse o matar alí mesmo, mas precisaria de muito mais para bater ou até mesmo matá-lo sem levar mais uma pena de prisão, tinha que ser "auto defesa"

— Eu agradeceria se o fizesse, mas antes eu vou ao banheiro, pode pedir alguma bebida pra mim? vou deixar você escolher já que esta sendo tão bom pra mim.— uma expressão genuína acompanhava sua fala. Podia ver enquanto se levantava do banco e se dirigia até o banheiro sua feição de glória, em seu mundo dentro de sua mente, ele iria se aproveitar de uma pobre garotinha indefesa.

Merry não foi ao banheiro, ela estava bem atrás de uma máquina de jogos. Podia ver de longe o pó em coloração branca que misturava em seu coquetel, enquanto conversava com o garçom, que apenas deu de ombros com expressão de desdém, aquilo devia ser algo comum em seu cotidiano, talvez até o fizesse as vezes, mas ele me conhecia muito bem, conhecia sua velha amiga Merry, e sabia que desde o primeiro sorriso forçado que o destino daquele homem estava em perigo.— Demorei muito? me desculpe! — minha expressão era limpa, sem nenhum rastro de desconfiança.— oh, coquetel? boa é uma bebida que gosto muito, é doce demais... sinto muito.