O sonho começou com a neblina. Eu não enxergava nada, além do branco, até uma figura totalmente negra aparecer. Paralisei em meu lugar. Eu não sabia onde estava ou o que estava fazendo ali, sentia apenas o medo. A figura, que agora percebi ser um homem, me encarava. Seus olhos eram pretos até as órbitas.
-Quem é você?- Perguntei com a voz trêmula.
-Eu sou seu pesadelo - ele respondeu. Sua voz era como vidro estilhaçado, arranhando uma superfície lisa, que me arrepiou.
-E o que você quer?- Perguntei
- Eu quero gritos. Você pode gritar para mim?- O canto superior esquerdo de sua boca ergueu em um sorriso debochado.
Um vento gelado soprou meu cabelo. Encolhi com o frio. Meus instintos entraram em alerta quando ele deus alguns passos na minha direção, saindo da neblina.
Percebi com um sobressalto que ele tinha asas. Elas eram grandes e pretas, e refletiam sua alma. Na ponta de cada uma de suas penas, havia sangue. Olhei mais atentamente para ele. Se eu não estivesse tão assustada, poderia até acha-lo atraente. Seu queixo era quadrado e as maças de seu rosto eram grandes e rosadas. Seu cabelo era preto e escorria liso por sua testa. Suas roupas pareciam de mordomo, uma calça social, e um colete preto em cima de uma camiseta branca com respingos de sangue. Fiquei fascinada. Como algo tão belo, possuía uma alma tão fria?
-Você está ferido?-Perguntei antes que pudesse me conter. Mordi o lábio inferior e fechei meus olhos, esperando sua resposta. Ele riu. Uma risada com Humor sombrio.
-Não, mas você vai se ferir - Ele pronunciou o "você" com ênfase, e tão convicto do que disse que eu realmente quis ser ferida... Mas por ele. Eu estava totalmente hipnotizada.
-Como... - Não pude concluir minha pergunta. Em um salto ele percorreu a distancia que havia entre nós.
Como se eu estivesse fora do meu corpo, me vi caindo em câmera lenta. Meus cabelos negros voaram com a gravidade do impacto. Meus olhos castanhos desbotados se arregalaram com um grito de pavor que escapou de meus lábios rachados. Ele estava em cima de mim. Seus joelhos prendiam minha cintura, e suas mãos prendiam as minhas um pouco acima da minha cabeça. Eu estava completamente imobilizada.
Suspirei quando uma lagrima rebelde escorreu do meu olho. Ele a secou com o polegar e a provou, colocando na ponta da língua. Um sorriso estranho se formou em seus lábios, como se ele tivesse apreciado o gosto, e apreciasse mais ainda o medo que fluía de meu olhar. Ele pegou uma mexa do meu cabelo e colocou atrás da orelha. Arrepiei-me com seu toque
. -Isso, pequena e frágil humana - Ele sorriu. O sorriso mais psicótico ele dera - Chore para mim.
Perdi o ar quando ele foi chegando perto. Cada vez mais perto... Seus lábios tocaram o meu, a principio com leveza, mas ficando mais selvagem, assim que o beijo se prolongava. Tentei escapar e fracassei. Ele era muito forte, e o máximo que consegui foi uma mordida no pescoço. Mas afinal, porque eu estava resistindo? Virei meu rosto e fitei seus olhos sombrios, que dançavam a me encarar. Mordi meu lábio e fechei meus olhos, esperando por ele, desejando ele.
Acordei sobressaltadas, às duas da manhã, totalmente encharcada de suor. A brisa que entrava pela minha janela aberta era bem-vinda.
Suspirei e virei para lado, na vã tentativa de voltar a dormir, mas satisfeita por ter sido apenas fruto da minha imaginação. Um movimento Do lado da janela chamou minha atenção. Olhei para a direção da sombra preta, paralisada pelo medo.
Era ele!Estava no meu quarto, e dando aquele sorriso estranho e psicótico novamente. Mas dessa vez, ele estava apenas com a camisa branca, e uma navalha afiada na mão.
Num surto de adrenalina, pulei da minha cama, indo em direção a porta, mas ele foi mais rápido, e em um segundo, estava na minha frente, bloqueando minha passagem. Quando estava prestes a puxar todo ar que conseguiria para gritar por ajuda, ele levou o dedo ao lábio:
-shh... - E pulou em cima de mim, mais uma vez, se cobrindo de sangue. Do meu sangue.
Enquanto minha alma saía pela minha boca, um grito silencioso de misericórdia me escapou e a ultima coisa que pude ver foram suas asas.
Ele realmente era um anjo. Um anjo mau. Doente. Sádico. Ele era meu pesadelo. Meu inferno.
Ele era meu anjo ceifador
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The Nightmare
FantasyAs vezes sonhamos com a morte. As vezes a morte sonha conosco. Mas uma coisa é certa: Sua hora vai chegar. Em um lugar totalmente desconhecido, nossa protagonista se vê em um perigo iminente. Assustada e com medo, ela fascina-se pela face do inimigo...