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PARTE I

24 de setembro de 2019

Gisele acordou com o barulho do seu toque ecoando pelo seu quarto, ela olhou para a tela vendo que passavam das três da manhã e grunhiu alto, quem era o desocupado que se atrevia a ligá-la a essa bendita hora?
- Alô? - Ela atendeu ainda com os olhos fechados, esperando que você algum engano ou uma pegadinha da qual ela poderia ignorar dali em diante.
- Professora? - Gisele abriu os olhou e sentou na cama em um movimento rápido. Olhou para o visor do celular vendo o número de Emily, uma de suas alunas.
- Emily? Está tudo bem? - Ela se levantou e já foi direto para o guarda roupa procurando alguma coisa decente para usar. – Aconteceu alguma coisa?
- Será que você poderia vir me buscar no hospital São Pedro?
- Hospital São Pedro? Emily, o que você está fazendo em um hospital a essa hora da madrugada?
- Por favor, só vem. – A garota começou a chorar fazendo com que o coração de Gisele apertasse dentro do peito.
- Eu estou indo.
- Quarto 1006, décimo andar, área VIP.
Gisele colocou a roupa em um piscar de olhos e logo depois já estava dentro do carro seguindo pela avenida principal até o hospital. Emily era uma de suas alunas preferidas, ela era uma garota calada que sempre prestava atenção na aula e tinha notas impecáveis, não tinha muitos amigos, mas a amiga que tinha, Maggie, era parecida com a Amy Lee, vocalista do Evanescence e sempre tinha uma opinião formada sobre tudo. Gisele se afeiçoou a garota por ela lembrar tanto ela mesma quando estava naquela idade, especialmente depois de encontrá-la no fundo da biblioteca na hora do intervalo chorando porque uma das garotas da sua sala tinha sido uma perfeita megera com ela. Na mesma hora, Gisele pediu que Emily fosse sua ajudante durante o ano letivo, algo que todos os professores têm direito, mas que Gisele nunca usufruiu sempre dizendo que não precisava. A diretora aceitou na mesma hora já que o pai de Emily era um dos principais beneficiadores da escola e então Gisele descobriu que tinha matado dois coelhos com uma cajadada só: tinha caído nas graças da diretora e Emily teria algo a mais pra se distrair dos dramas do colégio.
Em uma das tardes da qual Emily ajudava Gisele a organizar alguns trabalhos, ela decidiu dar seu número para a garota dizendo que se caso um dia ela precisasse, não importaria a hora ela estaria lá para ajuda. Bem, parece que esse dia tinha chegado.
Gisele entrou no elevador depois de estacionar seu carro no subsolo, ela foi direto para o décimo andar batendo o pé impaciente. Ela olhou no relógio e já passava das quatro da manhã, saiu do elevador e saiu freneticamente procurando pelo quarto de Emily, ela o encontrou no final do corredor com uma placa dourada com o sobrenome da garota "Yates". Ela bateu na porta antes de entrar, porém a maior surpresa não foi o quarto quase do tamanho do seu apartamento, foi o fato do seu irmão mais novo, Alec, estar sentado na poltrona ao lado de Emily enquanto segurava sua mão.
- Olá, Emily! - Ela disse, fechando a porta atrás de si. - Alec, espero que você tenha uma boa razão para estar aqui. - Gisele parou ao lado da cama de Emily vendo-a sorrir fraco. - O que aconteceu, Emily? E o mais importante, você está bem? – A garota apenas abaixou a cabeça.
A garota apenas abaixou a cabeça e respondeu:
- Eu estou bem. - Gisele olhou para o seu irmão, cruzando os braços.
- Eu não fiz nada, eu só a trouxe aqui. - Alec levantou as mãos em defesa. Gisele levantou as sobrancelhas contorcendo a boca fazendo com que seu irmão respirasse fundo. - Nós estávamos em uma festa, Emily foi com a Maggie e mais alguns punks que iriam tocar nessa festa, elas começaram a beber como todo mundo e no meio da noite Eric a chamou para dançar. Um minuto os dois estavam dançando e no outro Emily estava de cabeça para baixo bebendo direto da mangueira de um galão de cerveja. Quando ela desceu ficou tonta, coisa que é normal, mas logo depois ela desmaiou. Eric, como um perfeito idiota, não soube o que fazer e ainda deu gargalhada com os minions que ele chama de amigos. Dei graças a Deus por Will estar sóbrio e de carro e pedi pra ele trazer a gente, Emily disse o nome do hospital no meio do caminho e eu apenas a obedeci. Você acredita que nós não tivemos que esperar nada e logo quando eu disse seu nome, o hospital inteiro parou para atende-la. Eu acho que você estava certa todo esse tempo, irmãzinha, ser rico realmente tem suas vantagens.
- Eu só queria me divertir como todo mundo. - Emily disse, enxugando suas lágrimas. - Eu queria aproveitar minha adolescência como todo mundo faz.
- E não existe nada errado com isso, Emily, eu te entendo completamente.
- Entende? Você não vai falar que eu fui uma boba por se deixar influenciar por um garoto?
- Bem, Eric é completo idiota e eu nunca gostei dele. Não sei o que as garotas veem nele, honestamente, ele nem é tão bonito assim. - Gisele fez uma pequena dancinha mentalmente quando viu Emily sorrir. - O que eu quero dizer é que não tem nada de errado em querer impressionar um carinha que você gosta, porém, se você tem que mudar sua essência para poder impressiona-lo, será que ele realmente vale a pena?
- Eu acho que não, pelo visto. – Ela respirou fundo e continuou: - Eu só achava que ele era o garoto certo pra mim, sabe? Nossos pais são amigos, nós fazemos parte do mesmo ciclo social, ele é popular e charmoso igual a todos os garotos que a gente lê nos livros.
- É, mas nem todos os garotos da vida real são que nem os garotos dos livros. Bem, alguns são. – Gisele deu uma piscadela para o seu irmão que ficou vermelho de vergonha. Aparentemente, ela tinha descoberto a garota da qual ele tinha uma quedinha. – Você só tem que achar o garoto certo pra você, aquele do qual você não tem que mudar quem você é só pra agrada-lo até por que um dia a gente cansa e você acaba percebendo que perder a si mesmo pra agradar alguém acaba te machucando aos poucos.
- Você fala como se soubesse, professora.
- Isso é porque eu também já gostei de um Eric, a minha má sorte foi não ter uma professora incrível pra me dizer que ele é um perfeito bundão. – Gisele respirou aliviada quando Emily gargalhou alto. – Agora, que tal você me dizer o que seu pai falou sobre isso? Ele está vindo te buscar?
- Pra falar a verdade, meu pai nem sabe que eu sai. – Emily disse sorrindo torto. – Ele ainda estava na empresa quando Maggie passou pra me buscar, não é a primeira vez que eu saio sem ele perceber.
- Eu vou ter uma conversa muito seria com senhorita Maggie na segunda-feira sobre essas festas das quais ela está te levando. – Gisele se virou para o irmão e continuou: - E nem pense que você vai escapar do sermão porque eu já tenho ele cuidadosamente preparado junto com as semanas que você vai ficar de castigo.
- Ei, o que eu fiz? Pelo o que eu me lembre, eu fui a ajuda aqui.
- Quem ajuda não espera nada em troca, espertinho.
- Professora, não castigue Alec, ele só queria me ajudar. – Emily segurou a mão de Gisele fazendo com que ela olhasse para ela: - Se não fosse por ele, algo pior poderia ter acontecido.
- Tudo bem, tudo bem, eu entendi. Adolescentes unidos jamais serão vencidos. – Gisele se afastou da cama e sorriu sem os dentes. – Mas uma coisa você não pode evitar, você tem que ligar para o seu pai e avisa-lo do que aconteceu.
- Provavelmente ele ainda está trabalhando, ele não vai perceber nada. Por favor, senhorita Callas, não diga nada ao meu pai.
- Meio tarde pra isso, Emily. – Gisele tomou um susto soltando a mão de Emily na mesma hora e se virando para a voz calma do pai dela, Oliver Yates. Gisele normalmente ficava nervosa quando conhecia os pais dos seus alunos, algo que era completamente normal, afinal de contas, ela era uma das professoras que cuidava da educação dos seus filhos, porém, quando se tratava do pai de Emily, ela ficava mais nervosa do que o normal, ela praticamente virava uma das suas alunas quando está perto do cara mais gato e popular de toda a escola. Também não era pra pouco, Oliver Yates era simplesmente um dos homens mais lindos que Gisele já tinha visto, ele era alto que até de saltos ela ficava mais baixa do que ele, ela sabia que estava na casa dos quarenta anos por seus cabelos e barba já serem um pouco grisalhos e ele ter uma filha de quase dezoito anos. Para completar ele andava pra cima e para baixo de terno por ser o dono de uma das maiores empresas de tecnologia do país e, claro, que Gisele tinha uma queda por caras de ternos. – Senhorita Callas, você por aqui, posso dizer que não estou nem um pouco surpreso. – Ele andou até a ponta da cama de Emily, parando a sua frente e cruzando os braços. Gisele olhou para o lado vendo o segurança e motorista do senhor Yates, Giles, ela deu acenou para ele que apenas assentiu com a cabeça. – O que aconteceu dessa vez, Emily? Por que diabos você está em uma cama de hospital as cinco da manhã?
- Eu fui a uma festa. – Emily murmurou abaixando a cabeça.
- Uma festa com certeza não te leva a uma cama de hospital, Emily.
- Eu bebi demais, ok? – Ela levantou a cabeça, jogando as mãos para o alto. – Eu só queria saber como é ser uma adolescente normal!
- Adolescente normal? O que faz você pensar que não é uma adolescente normal?
- Todos que eu conheço saem pra festas nos fins de semana com seus amigos, saem pro cinema, pro parque, pra shows e até fazem piquenique com seus pais enquanto eu nunca faço nada disso! Os únicos lugares que eu frequento são o colégio e os meus quartos dos quais eu fico trancado não importa o dia porque meus pais estão ocupados demais pra ao menos me perguntar como eu estou.
- Eu estou trabalhando pra que você tenha um futuro melhor, Emily, não sabia que isso era um crime.
- Se você continuar se comportando dessa maneira, não vai ter um lugar pra você no meu futuro.
- Que tal nós nos acalmarmos hein?! – Alec começou, se levantando e segurou a mão de Emily. – Todos estamos cansados e com os nervos à flor da pele.
- Cala a boca pirralho! Isso é entre mim e minha filha.
Gisele tinha ficado calado até o momento, se fosse ela na situação de Oliver, ela provavelmente teria uma reação parecida, porém, o jeito que ele falou com o seu irmão fez com que o lado maternal dela falasse mais alto e então ela se virou para Oliver, apontando para porta, dizendo:
- Lá fora!
- O que? – Ele perguntou, olhando para ela com as sobrancelhas arqueadas.
- Eu quero conversar com você lá fora.
- Você não vê que eu estou no meio de uma discussão com minha filha? – Gisele soltou o ar pela boca e em um impulso pegou no braço de Oliver, o puxando para o corredor.
- O que você pensa que está fazendo? – Ele perguntou, se afastando dela e arrumando seu terno.
- O que você pensa que está fazendo? Você não vê o que está acontecendo com Emily?
- Ela está dando uma de adolescente rebelde, o que era de se esperar andando com aquela garota da qual eu esqueci o nome.
- Maggie é o seu nome e para a sua informação, ela não é "aquela garota" e sim a melhor amiga da sua filha que a ajuda em tudo que ela precisa. – Gisele falou um pouco mais alto antes de continuar: - Emily era uma garota bastante solitária antes de Maggie aparecer, você sabia disso? Foi ela que a ajudou a sair um pouco da sua concha e se expressar mais, o que graças aos deuses ela o fez porque agora Emily é a presidente do clube de debate, uma das melhores escritoras da sua turma, e provavelmente vai ser a escolhida para representar sua turma na Olimpíada de Português no final do ano.
- Eu não vejo como essa informação é crucial, ela ainda a levou para aquela festa.
- Essa informação é crucial porque mostra que você não sabe absolutamente nada sobre a sua própria filha! Você passa tanto tempo trancando dentro de um escritório que nem ao menos sabe o que sua filha está sentindo, o que está passando na sua mente, quais são seus medos, suas inseguranças e seus sonhos. Qual foi a última vez que você passou um tempo com sua filha? Qual foi a última que você perguntou como ela está se sentindo? Se está tudo bem? Como anda seus estudos? Que tipo de pessoa ela quer ser? De nada adianta ganhar todo o dinheiro do mundo e usá-lo para tampar sua ausência com presentes insignificantes, no final vai ser você que vai terminar com mais dinheiro que você pode contar e completamente sozinho. – Gisele estava completamente ofegante quando terminou de falar, mas não se arrependia nem um pouco de tudo que disse.
- Com licença. – Gisele olhou para trás vendo um médico parado ao lado do quarto. – Eu sou Chase, o médico que atendeu Emily. Qual de vocês é o responsável?
- Eu sou o pai dela, Oliver. – Ele estendeu a mão para o médico que a apertou. – Foi alguma coisa grave? Está tudo bem com minha filha?
- Não, vocês não precisam se preocupar, Emily está extremamente saudável. Ela só teve uma queda de pressão por ter ingerido uma quantidade grande de álcool, mas com a medicação que ela tomou ela melhorou e está pronta para ir pra casa.
- Muito obrigado, doutor.
- Que isso, é o meu trabalho! Vamos entrar pra eu poder dar alta para Emily e vocês a levarem para casa. – Os dois seguiram o médico em um completo silêncio, Gisele não se arrependia de despejado tudo o que já estava engasgado na sua garganta desde a primeira competição de debate da qual Oliver Yates não apareceu, porém logo lembrou que ele era o pai de um dos seus alunos, que ela precisava muito do seu emprego e que se ele quisesse, podia muito bem usar sua influência para colocá-la no olho da rua.
Enquanto Chase explicava para Emily os malefícios de ingerir álcool antes da maior idade e em grande quantidade, Alec ficava ao lado de Emliy ainda segurando sua mão, olhando para ela uma vez ou outra. Emliy apenas assentia olhando para o médico completamente arrependida do que tinha feito enquanto seu pai continuava com a mesma expressão séria desde que entrou no quarto. Quando Chace terminou, Gisele se virou para o seu irmão e disse:
- Vamos, Alec! Já é de manhã e você sabe que eu preciso do meu sono de beleza pra funcionar direito.
- Mas nós não vamos esperar nem Emily receber alta? – Gisele arqueou as sobrancelhas para o irmão vendo-o corar. – Claro, nós temos que ir pra casa. Sono de beleza, sim! O pai de Emily está aqui para leva-la.
- Muito obrigada pela ajuda, Alec. – Emily sorriu largamente para Alec e Gisele pode jurar que ele corou ainda mais. – E você também senhorita Gisele, a senhorita é a melhor professora do mundo.
- Muito obrigada, Emily. – Gisele sorriu sincera antes de continuar: - Agora vamos Alec, eu preciso já dormir pra acordar. Eu tenho muito o que fazer.
Gisele olhou para o pai de Emily que apenas a ignorou e continuou olhando para filha, Alec balançou a cabeça passando o braço por cima dos ombros da sua irmã, mas não antes de olhar para Oliver e dizer:
- Parece que é verdade o que eles dizem, nem todo o dinheiro consegue comprar educação. – Oliver olhou para Alec com os olhos cerrados, porém Alec só sorriu para ele e disse: – De nada, senhor Yates. E então ele saiu do quarto com um sorriso de orelha a orelha, o que Gisele não sabia se era porque ele tinha conseguido segurar a mão da garota que ele gosta ou se era porque tinha conseguido irritar o pai dela.
- Emily Yates, hein?! – Gisele cutucou a costela do seu irmão fazendo com que ele se afastasse dela. – Eu nunca pensei que a garota que você gostava era Emily.
- Ela só tem o sorriso mais lindo que eu já vi. – Alex sorriu largamente e continuou: - E quando ela está em cima daquele palanque, falando sobre coisas das quais eu nunca imaginava que existiam usando palavras extremamente difíceis, fazendo o que ela mais gosta que é debater, não tinha como eu não me apaixonar.
- Então toda aquela vontade de ir aos debates não era pra acompanhar sua querida irmã?! – Gisele deu um tapa no ombro de Alec que a olhou com ódio nos olhos.
- Por que eu ia querer olhar mais pra sua cara? Eu te vejo todo dia e, acredite, é uma visão nada agradável.
- Seu pirralho! – Alec saiu correndo do hospital indo em direção ao carro de Gisele.
- O que você falou para Oliver Yates? – Alec perguntou assim que Gisele ligou o carro.
- Nada.
- Não pareceu nada pela a sua cara quando você voltou para o quarto. Eu juro que podia ver faíscas saindo dos seus olhos.
- Ele só me tira do sério, okay? Eu não gosto do jeito que ele trata Emily, a mãe dela, pelo menos, finge que se interessa e aparece em uma outra competição pra fazer foto com os troféus da filha e postar no Instagram. É triste? É! Mas pelo menos ela aparece, o que significa muito para Emily, mesmo não sendo as melhores das intenções, mas ele nem ao menos dá um sinal de vida. Pelo amor de Deus, Emily saiu escondida, e não era a primeira vez e já eram cinco da manhã? Quem em sua sã consciência trabalha até as cinco da manhã?!
- Emily disse que ele tinha um vídeo conferência com uns investidores da China, por isso não estava em casa.
- Sim, e as outras horas do dia? Ele não pode tirar um tempo do seu dia pra perguntar sua filha como anda sua vida?
- Sabia que ela se sente completamente sozinha na mansão que eles moram? É por isso que ela sempre passa a maior parte do seu tempo em tarefas extracurriculares porque ela prefere se distrair com milhões de coisas pra fazer do que lembrar que os pais dela não ligam pra ela.
- É péssimo, pode acreditar. – Gisele engoliu o seco. Ela sabia muito bem o que Emily sentia, embora seus pais não fossem podres de ricos, eles nunca foram presentes em sua vida. Seu pai foi embora um pouco depois que ela nasceu e sua mãe, quando Emily estava grande o suficiente aos seus olhos passou a cuidar da casa sozinha e logo depois do seu irmão pequeno também. Sua mãe, uma vedete aposentada, passava a maior parte do seu tempo em algum bar procurando uma nova presa ou subindo em cima de balcões para mostrar as suas habilidades na dança, inúmeras foram as vezes que Gisele teve que carregá-la para casa depois de uma das suas noitadas.
Gisele, na primeira oportunidade que teve, arrumou um emprego enquanto cursava sua faculdade, juntou suas coisas e foi dividir apartamento com outras garotas que conheceu na faculdade, mas não antes de prometer ao seu irmão que voltaria para busca-lo. Foram anos de lutar, mas ela conseguiu se formar e arrumou um emprego em um dos maiores escola particulares da sua cidade com um salário muito bom como professora tanto de Inglês como Português. E então Gisele voltou para buscar seu irmão, que estava vivendo sozinho, da mesma maneira que ela vivia e não via sua mãe há alguns meses. Ela o matriculou no colégio que ela trabalhava com uma bolsa integral onde ela não precisava pagar um centavo a não ser seus materiais escolares e uniformes, ela agradeceu aos deuses por Alec ser um aluno excelente e aplicado em tudo que fazia. Gisele estaria mentindo se dissesse que tudo foram flores, Alec estava com quinze anos e passando pela puberdade enquanto Gisele tinha acabado de completar os seus vinte e cinco anos tendo que sustentar um adolescente que comia por dois e fazia coisas estupidas que garotos faziam na sua idade.
Não foi fácil, Gisele precisou de muita paciência e sempre tentou ser o mais real possível com Alec sobre a sua situação financeira e sobre a importância de ele sempre estudar e Gisele via nos pequenos gestos, como sempre tirar notas boas e ajuda-la dentro de casa, que mesmo não parecendo, ele a escutava.
- Mas agora você não está sozinha.
- Claramente! Basta só olhar pra minha geladeira vazia. Falando nisso, nós temos que passar no supermercado.
- Ah não! – Alec grunhiu alto fazendo com que Gisele sorrisse de lado.

ReviravoltaWhere stories live. Discover now