Park Jimin é perfeito. Extremamente perfeito em tudo que faz.
Perfeito em conquistar as pessoas, em encantar os olhos alheios. Perfeito em saltitar bobamente quando está feliz ou alegre demais. É perfeito até no modo de sorrir, quando seus pequenos olhos se tornam ainda mais pequeninos numa linha quase invisível, enquanto seus dentes brancos ofuscam quem quer que fosse, sem se importar com danos morais.
Ele é perfeito. E por isso, eu o odiava.
Odiava a forma que ele sorria para todos. Odiava como sempre ficava rubro ao rir espontaneamente, como passava a mão no cabelo buscando penteá-lo, ou apenas bagunçá-lo mais. Odiava quando sua voz doce e tímida me chamava de “Jungkookie-ssh” pelos corredores tumultuados do colégio, só para me provocar. Odiava suas mãozinhas gordas que insistiam em agarrar cada parte exposta do meu corpo num gesto visível de pura tortura e aflição, sempre que estávamos juntos.
E, acima de tudo, odiava o fato de ser perfeito. Nossa, como o odiava.
Era um desgosto natural ter de odiá-lo todo dia, afinal, isso cansa. Tinha sempre de conter o sorriso ao vê-lo chegando no colégio, apressado em pegar seus materiais num passo extremamente fofo, ou quando ele inocentemente deixava o lápis cair e me pedia com toda suavidade do mundo para juntá-lo, com as bochechas enormes coradas. Fala sério, como alguém pode ser perfeito tendo bochechas daquele tamanho?
E eu pegava o lápis apenas para lhe devolver com um olhar de ódio. Puro ódio. Porque, caramba, eu o odeio, muito além da irritação ou ranço superficial que sentimos de pessoas em específico.
Não demorou muito para que o ódio aumentasse, já que ele sempre era irritantemente perfeito. Não havia uma alma viva sequer que não se encantasse com seus gestos calorosos ou suas palavras doces, com suas piadas e brincadeiras, charmes e piscadelas. Nenhuma alma exceto a minha, que perdia o tempo em odiá-lo e jogar videogames. Principalmente odiá-lo.
E obviamente, já era possível imaginar como eu fiquei quando tivemos de fazer um trabalho em dupla, obrigados pela maldita professora de química, com todo o respeito.
Meu peito poderia se rasgar de ódio, porque lá vinha Park Jimin, com toda sua perfeição, se sentar ao meu lado, escrevendo numa letra perfeita com sua mão gordinha perfeita num caderno perfeitamente organizado. Ele começou a construir frases e tópicos perfeitos, discutindo perfeitamente o assunto que deveríamos estudar, e entoava o sotaque perfeito como se tivesse orgulho disso, sempre acrescentando uma nota final mais longa no seu insuportável "Jungkookie-ssh".
Queria gritar, queria sumir! E acima de tudo, entender o porquê de até mesmo seu perfume ser tão perfeito. Porque era, malditamente era!
Mas foi numa fração de segundos, quando ele se vira para pegar alguma coisa, que nossos rostos se encontram.
Ele sorri, estupidamente. Porque, tinha total consciência de sua perfeição, e “gostava” de expor isso para os outros.
E então, eu vi, ali de perto, algo nunca notado antes. Seu dente da frente, brilhante como todos os outros, era torto, e não se encaixava na linha dos demais.
Algo tosco, quase impossível de se notar, mas que eu notei. E fiquei notando, por longos segundos incessantes.
Me pergunto como nunca vira aquilo, e por que ficara tão fascinado de repente. Um dente torto, é apenas um dente torto! Tão pequeno quanto uma unha de dedo mindinho...
Mas é porque foi aí que percebi: Park Jimin não é perfeito, nunca foi.
Um sorriso de comemoração brota em meus lábios, e sinto meu corpo vibrar de alegria. Sem perder mais um segundo sequer, junto nossas bocas num encaixe quase surreal de tão perfeito, por mais que fôssemos ambos imperfeitos.
E tudo isso porque eu descobrira, ah, finalmente descobrira! Park Jimin não é perfeito, mesmo que por um mínimo detalhe.
E só assim é que aceitaria ficar com o imperfeito que sou...
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Imperfect - jjg×pjm
FanfictionEle é perfeito. E por isso eu o odeio. [One-shot/jikook, kookmin/soft]