Mermaid - Larry Stylinson

Uma guerra perdida

Zayn gostaria que a ninfa não fosse tão graciosa ao lutar, já que seus movimentos o distraiam e foi justamente em um desses momentos de distração, que sentiu o líquido dourado e viscoso característico de seu sangue divino escorrer por sua perna.

Um dos ciclopes de Poseidon o acertara em cheio, causando uma ferida profunda e dolorida em sua coxa.

Toda a sua ira veio à tona e o grito que deu foi tão forte que fez vibrar tudo a seu redor. A energia liberada pelo deus foi tamanha que as armas de seus oponentes começaram a derreter, fazendo surgir grandes bolhas de queimaduras na mão do ciclope, que pulou no mar em busca de alívio.

Gigi foi mais rápida, soltando a arma antes que o estrago fosse maior. Seus olhos arregalaram-se e o medo tomou conta de seu corpo. Nunca havia visto algo tão poderoso quanto o poder que emanava de Zayn. Estava paralisada.

Ainda movido por todo aquele poder e toda a raiva que a ferida lhe causara, empunhou a espada e partiu para cima da ninfa, encostando a lâmina a seu pescoço.

Mas antes que pudesse finalizar o movimento, percebeu o que estava prestes a fazer: tiraria a vida de uma ninfa frágil, amendrontada e desarmada. Uma covardia que jamais admitiria. Um ato pelo qual jamais se perdoaria.

Zayn era fruto do amor. Nasceu do amor. Criou-se no amor. E tornou-se um deus pelo amor. Não havia espaço para o ódio em sua vida. Nunca teria. Ele se negava a ser esse tipo de deus.

E tão rápido quando surgiu, a onda de poder que tomou seu corpo foi embora e a espada que empunhada deixou o pescoço da ninfa.

– Olhe ao seu redor. – Disse a ela. – É isso o que quer? Uma guerra?

– E-eu não... – Ainda com a voz trêmula pelo episódio anterior tentou formular uma frase, mas não conseguiu terminar, principalmente, porque não tinha como rebater a frase.

Gigi não queria nada disso quando aceitou o serviço de Poseidon. Queria apenas ser uma deusa, não sabia que para isso teria que matar seres pelos quais tinha profundo respeito. Não era isso que queria.

– Acha que isso terminará aqui? Essa guerra só irá se prolongar, outros deuses tomarão partido e o mundo corre o risco de acabar porque você decidiu me enganar. É isso o que quer?

– Eu não queria. – Começou a chorar. – Eu juro que não! – Quase gritou em desespero. – Eu só queria ser uma deusa. Ele me transformaria em uma se eu o ajudasse, mas eu não sabia o que teria que fazer. Eu não sabia!

Havia verdade nas palavras desesperadas da ninfa, o que fez com que Zayn se compadecesse dela. Era apenas uma garota que havia sido persuadida por Poseidon, como poderia julgá-la?

– Então pare isso. Pare de apoiar essa loucura! Poseidon está fora de si! Criou uma guerra por conta de um casal apaixonado! – Supliquei.

– Eu não posso... – Chorou ainda mais. – Ele nunca me perdoará, vai me matar ou então algo pior... vai me mandar ao Tártato ou...

– Acalme-se. – Zayn a abraçou. – Ele é um deus, mas não é o único. Eu vou protegê-la. Afrodite irá. Mas nos ajude a parar essa loucura!

– Eu sou só uma ninfa. Como poderia ajudá-los? Eu não sou nada...

– Você é um ser que merece respeito, que merece viver sem medo, exatamente como Louis e Harry. Como meus pais deveriam ter sido. – Sentiu um nó em sua garganta por relembrar o episódio, mas continuou firme vendo que a ninfa refletia sobre suas palavras.

– Como posso ajudá-lo? – Disse mais firme, convencida pelo deus que teve piedade mesmo após ter sido enganado.

– Me ajude a mostrar a todos que essa luta não tem sentido. Mostre a eles que os tritões continuam ao seu lado e que continuam cumprindo sua tarefa. Olhe a sua volta, Gigi...