Memorias

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Uma semana se passou Tomy esta em seu quarto aliviado, esperançoso e muito ansioso, as notas das ultimas provas saíram em breve, logo ele esta de férias, este ano foi bem complicado para ele. No inicio do ano as índias e vindas do hospital infantil da cidade vizinha somando um total de cinco longas viagens. Deitado no chão do quarto ouvindo a musica que tomava conta da casa, uma melodia suave que lhe causava uma leve sonolência, nas mãos cartas antigas, duas cartas na mão esquerda, uma aberta na mão direita todas escritas em um alfabeto novo, criado por ele e o amigo Diego.

Outras 48 cartas podiam ser encontradas no quarto se a pessoa soubesse onde encontra-las, armazenadas em locais secretos, tão bem escondidas que ninguém da família sabia de suas existências. Estavam espalhados por toda a extensão do quarto, algumas nas paredes, no teto, no piso embaixo da cama, cômoda, da cadeira velha que se encontrava em um canto do quarto, atrás de quadros, no fundo falso de um pequeno baú que pertenceu ao próprio Diego. Mesmo a mãe estando diariamente no quarto quando achava que o local necessitava de uma limpeza mais detalhada ela nunca encontrou nem uma das cartas.

Ate os momentos em que lia algumas das cartas era escolhido cuidadosamente para que não corresse o risco de ser flagrado, no geral as lia no intervalo de tempo em que se encontrava sozinho na casa. Fez questão de aprender o horário de todos, que horas saiam e voltavam, aprendeu o barulho dos motores dos carros, do som que os moradores faziam quando andavam, podia distinguir qualquer um mesmo quando estavam juntos. Decorou os horários de banho de cada pessoa, felizmente todos tinham horários rígidos quando se referia a seus hábitos de higiene pessoais.

Mesmo tomando todas as precauções que achava suficientes ele foi flagrado pela mãe três vezes e pelo adolescente duas, a outra pessoas nunca o tinha flagrado, era o mais desatento de todos, ele imaginava que o costume de beber cerveja todos os dias é que fazia com que nunca o tivesse notado lendo as cartas. Mas, independente do que aconteceu ate o momento ninguém nunca se interessou pelas cartas, o mais próximo de uma demonstração de interesse partiu de sua mãe quando no verão a três anos atrás enquanto ele lia a carta 37 ela o flagrou em baixo da escada encolhido entre caixas de sapato, panelas velhas livros nunca lidos e descartados e produtos de limpeza. Ela se limita a perguntar – Que papel é este? Por que está ai dentro?- mas, nem se deu ao trabalho de ouvir a resposta para suas perguntas saiu, deu as costas à escada e ao garoto voltando para a cozinha.

Ler as cartas sempre lhe trouxe boas memorias, lembranças de dias felizes que sabia que jamais poderia ter, que se limitavam as palavras escritas nos papeis sujos e amassados de tanto serem retirados dos envelopes e lidos quantas vezes ele achasse necessario.

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