GONZAGA (Não editado)

Roma.

Quando chegámos à Roma, quatro semanas depois do ano novo, ou seja, quando faltava um mês de licença para Travis, havia um grupo de pessoas com fardas do exército esperando por nós.

"Maria Lúcia de La Cruz Gonzaga?" – Uma delas perguntou.

"Sim." – Eu respondi.

"E Travis Mark Müller?"

"Sim." – Travis disse.

"Por favor, sigam-nos."

Nós os seguimos até a um carro blindado. Esse carro nos levou a uma casa bem distante da cidade, cujo endereço era o mesmo que estava no papel que recebi. Quando descemos do carro, eu hesitei em abrir a porta da casa mas mesmo assim o fiz enquanto Travis segurava a minha mão.

Entrámos e as coisas lá dentro eram bem vintage. Havia imensos livros espalhados pelas várias estantes que lá estavam e os candelabros eram grandes e de cristal.

"Seja bem-vinda." – Um senhor que estava sentado por trás de uma secretária disse enquanto escrevia em um livro vermelho – "Sinceramente, pensei que não fosse querer vir."

O senhor olhou para cima e sorriu para mim. Seus cabelos eram inexistentes e seus olhos eram verdes e muito claros. Ele tinha uma cicatriz que atravessava o olho direito diagonalmente e uma tatuagem de um nome no pescoço. Quando li bem, me apercebi de que estava escrito "Adriana".

"Como você está?" – Ele perguntou.

"Bem..." – Eu respondi.

"E você Müller, como está?" – O senhor disse enquanto se virou para Travis.

"Admirado." – Travis disse – "Achei que seus olhos fossem castanhos e que seus cabelos fossem longos."

"Pois... Tinha que fazer algo para me manter... discreto..." – O senhor disse – "Ah, parece que me esqueci de dizer à Maria Lúcia quem eu sou..."

"Acho... acho que sei." – Eu disse.

Ele se levantou e andou para mim. Reparei que estava usando um cateter ligado a um saco com um líquido verde.

"Mesmo assim, vou me apresentar." – Ele disse – "General Giovanni Francesco Zanotti. Também conhecido por Major Alejandro Esteban Núñez ou Nada Lúcio Miguel Gonzaga." – Esticou sua mão para mim – "É um prazer finalmente a conhecer."

Apertei sua mão mas não disse nada.

"Entendo perfeitamente." – Lúcio disse e largou a minha mão.

"Porquê?" – Perguntei.

"Acho melhor eu me retirar..." – Travis disse e saiu.

"Porquê não se senta?" – Lúcio perguntou.

"Não precisa..."

"Como quiser." – Ele voltou a se sentar na cadeira atrás da secretária e continuou escrevendo – "O dia em que nasceu, foi o melhor e o pior dia da minha. Eu tinha 24 anos e estava completamente despreparado. Tudo o que eu sabia sobre amar alguém foi-me ensinado por sua mãe."

"E por isso me abandonou?"

"Eu não a abandonei."

"Então, o que fez?"

Ele olhou para mim e pousou a caneta.

"Eu a entreguei para Selena, para que ela pudesse cuidar de você caso eu morresse."

"Não entendo..."

"Luís Marcos, seu tio do coração, tentou me matar cerca de trinta e cinco vezes desde o dia que você nasceu até ao seu terceiro aniversário. Decidi que eu tinha que fazer alguma coisa para manter ambos salvos. Por isso, recorri a Bartoli."