A História de Anny Scrooballs [Concluído]

Capítulo 7: O laço certeiro

Tentei decifrar o que Justin estaria pensando, quais eram as intenções dele ao se aproximar, assim, tão calmamente. Se ele estava imaginando o mesmo que eu, eu não poderia esquecer que, apesar das circunstâncias, ele ainda era um homem casado.

–  Não podemos... – falei, abrindo distância entre nossos corpos.

–  Por quê? - ele sussurrou ao pé do meu ouvido, soprando ar contra a minha bochecha.

Eu fechei os olhos e mordi os lábios. Depois, tentei conversar mantendo o máximo de calma de que era capaz.

–  Como por que? Você ainda pergunta? – deixei a consciência falar mais alto que o desejo - Você é casado, Justin. Está querendo trair de novo?

Eu pensei ter ouvido um gemido, um resmungo, mas ele não disse nada.

- Como posso confiar em você, hein? - continuei com meu discurso, embora estivesse realmente desapontada - Ainda hoje você me disse que estava arrependido do que fez com sua esposa.

–   Jessica e eu moramos na mesma casa, não somos mais um casal. - ele falou finalmente - O que houve naquela noite, com sua amiga, não se compara ao que estou sentindo agora, Anny.

Eu não sabia se Justin estava sendo sincero ou se estava se aproveitando da situação. No íntimo, estava louca para deixar me levar pelo momento, mas sabia que seria errado.

–   Sim, você e Jessica estão em crise, mas ainda são casados... – falei, ainda que me matando por dentro.

Justin deu um longo suspiro, afastando-se de mim de repente.

–  Você tem razão, me desculpe.

Depois disso ficamos em total silêncio novamente, apenas ouvindo os sons que vinham da mata. Tudo o que eu mais desejava naquele instante era ter o poder de ler pensamentos, assim eu saberia exatamente o que se passava na cabecinha de cabelos cor de caramelo de Timberlake. Só Deus sabe o quanto me esforcei para repreender o que sentia, mas algo que ele disse, martelava na minha cabeça e eu precisava de uma resposta.

–  Justin? – chamei, esperando que ele respondesse.

Estava escuro e nada me garantia que ele ainda estivesse acordado.

–  Estou aqui, Anny. – ele respondeu sem demora.

–  Aquilo que disse... – pausei a fala tomando coragem para continuar – Sobre aquela noite não se comparar ao que está sentindo agora...

–  Hã? – ele me interrompeu.

–  O que quis dizer com isso?

–  Tem certeza que deseja saber?

–  Sim. – confirmei mesmo apreensiva.

–   Sua amiga é diferente de você, Anny. Desculpe falar, mas eu a usei para satisfazer uma necessidade física, apenas isso. E ela se submeteu aquilo completamente satisfeita.

Achei sua resposta um pouco pesada. Machista com certeza. Mas permaneci calada para terminar de ouvi-lo. Afinal, era verdade.

–  E desde aquele dia você mostrou ser especial, Anny. Você me fez sentir culpa de ter feito aquilo. É uma pessoa que busca ser justa e correta. Alguém que tem empatia... - ele sorri fraco  - E isso é admirável. Você toda é completamente adorável.

Aproveitei o fato de que Justin não conseguia enxergar o meu rosto para sorrir escondida. Eu não poderia negar que estava gostando de ouvir tudo aquilo vindo dos lábios dele.