do it all again

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minha primeira fic yoonjin, peguem leve :( e, por favorzinho, não esqueçam de votar e comentar se quiserem :)

Não posso falar que minha história com Kim Seokjin foi uma história feliz, porém, se me perguntassem, eu faria tudo de novo.

Ele foi a primeira pessoa a me notar quando cheguei como calouro no 1° ano do Ensino Médio, não é de se admirar que me apaixonasse. Embora fosse introvertido, eu tinha bons amigos na antiga escola, cheguei com a ideia de que não precisava de novos, mas isso mudou quando no primeiro dia de aula vi todos em grupos e estava só. Gostaria de ter amigos naquele ambiente também, contudo, não sabia onde me encaixar.

Foi uma surpresa, portanto, quando um garoto com o casaco do time de futebol americano da escola veio até mim e disse "Ei, cara, você é novo, né? Quer sentar com a gente?" e, mesmo sabendo que jogadores de futebol não eram exatamente um grupo em que me encaixaria, aceitei.

E eu estava certo, nunca consegui engolir o time, mas me mantinha perto deles, calado, por Seokjin. Com o tempo, até assumi a função de assistente para ter mais em comum e passar mais tempo com ele.

Também não sei dizer o que me atraiu de primeira em Jin, ele era diferente de todos os garotos por quem já havia me interessado. Entretanto, à medida em que o conhecia, percebia que era tudo o que eu já havia sonhado. Quem o via nos corredores diria que era só mais um jogador babaca que fala vinte quatro horas por dia sobre futebol, que não tínhamos nada a ver. Não é verdade.

Jin era gentil, carismático e inteligente, entrou no time apenas para conseguir uma bolsa — mesmo sendo rico, pois não queria que o pai idiota pagasse a faculdade — era compreensivo, procurava o melhor em qualquer um, era capaz de conversar sobre qualquer coisa, inclusive assuntos que não dominava, pois estava sempre disposto a aprender.

E eu não era o único que enxergava isso, quando ele chegava na escola com sua picape todos os alunos paravam para observar, como se fosse Edward Cullen descendo do carro naquelas cenas clichês de Crepúsculo. O sonho de muitas garotas era ocupar o banco do passageiro, bem como de muitos garotos, inclusive jogadores de futebol (presos no armário).

Mas ninguém jamais tinha visto Seokjin com alguém, nem eu — que com o tempo me tornei seu amigo mais próximo — sabia sobre sua vida amorosa. Um dia, entretanto, apareceu com uma garota, do nada.

Pelo o que me contou, se conheceram numa festa. Ele disse que nunca encontrou alguém tão interessante quanto ela, e sabe o engraçado? Quando a descreveu, percebi que não passava de uma versão feminina de mim.

Não foi fácil, nessa época eu já havia admitido para mim que meu interesse por Seokjin não se resumia a observá-lo como amigo, eu queria mais. Todavia, além de estar namorando, eu nem ao menos sabia qual sua orientação sexual. Nunca escondi minha bissexualidade, ele sempre aceitou e respeitou, porém, quando o questionava sobre o tópico, Jin desconversava.

Por um longo período, senti-me como a Taylor Swift no clipe de You belong with me. Posso jurar que quando marcava em um jogo, era para mim que ele olhava na arquibancada.

Foi depois de um desses jogos que a grande virada aconteceu. Nosso time tinha ganhado, todos saíram para beber e comemorar na casa do capitão, mas ele me convidou para ouvir música e comer pizza em sua casa. Não é nenhuma surpresa que aceitei.

Depois de comermos, fomos para o quarto. Eu já havia estado sozinho com ele no cômodo muitas vezes, mas havia algo estranho no ar, um clima distinto, na verdade, nossa dinâmica inteira estava muito diferente desde que nossos olhares se encontraram após o touchdown. Seokjin colocou alguns discos para tocar, estava me explicando a história das bandas e eu podia perceber que o espaço entre nós estava diminuindo, até nossos joelhos se tocarem sem a menor necessidade considerando-se o tamanho do quarto.

Porém, alguns minutos depois a mãe dele chegou gritando: "Querido, adivinha quem encontrei no caminho pra cá". Era a tal namorada.

"Você pode ir se quiser". Ele sabia, sabia sobre meus sentimentos, inclusive mais tarde me confirmaria isso. Aconselhou-me a ir porque sabia que doeria vê-los juntos. Eu não fui, preferia aguentar a situação para ficar mais tempo perto dele.

No dia seguinte, eles terminaram.

A partir daí, nos tornamos mais próximos do que já éramos. Descobri que ainda não conhecia Jin de verdade como costumara achar, ainda estava apenas na superfície como o resto do mundo. Ele me apresentou para outros amigos, não mais o time de futebol, eram pessoas diferentes, interessantes, de todos os tipos. Drag queens que fugiram de casa, um senhor de 40 anos que abandonou o trabalho no escritório para virar ator, uma senhora ainda mais velha de 55 anos que perdeu a família num acidente de carro e desde então só saía com adolescentes porque lhe lembravam aos netos, músicos, desenhistas, um corretor de imóveis, uma bailarina.

"Bem-vindo ao meu mundo."

Foi o que me disse quando saímos do clube onde seus amigos estavam, antes de me beijar pela primeira vez.

Segundo ano da escola, o terceiro para ele. Começamos o ano com nosso relacionamento assumido e muitas coisas mudaram, até o jeito de Seokjin se vestir: o casaco do time deu lugar a moletons de bandas e outras coisas que realmente representavam a personalidade de meu namorado. Por outro lado, muitas outras coisas mantiveram-se em segredo, como a banda que criamos com o senhor de 40 anos, a senhora de 55, o corretor e a bailarina; ou as madrugadas em que eu roubava a minivan de minha avó e fugíamos para lugares inusitados, para transar e fumar, além da noite em que pichamos a mansão de seu pai. Ele merecia, traiu a mãe de Jin e abandonou os filhos. Enviar dinheiro não significa estar presente.

Foi o melhor ano de minha vida. Ter alguém como Seokjin parecia irreal de tão incrível. Eu gostava de como as pessoas falavam sobre nós, que éramos um casal incomum que se completava, como eu introvertido virava outra pessoa elétrica com ele.

As coisas passaram a mudar no segundo semestre do quarto ano de Seokjin, o último ano de escola, último ano antes da faculdade. O nosso conto de fadas deturpado começou a entrar em ruínas quando Jin percebeu que ser ele mesmo havia o afastado do objetivo de conseguir a bolsa. Portanto, no último semestre, dedicou-se como nunca ao futebol e a tirar boas notas, o que levou ao fim da nossa banda, das nossas escapadas, e também reduziu consideravelmente o nosso tempo juntos.

Juro que fui compreensivo, mesmo sentindo falta dele, a todo momento eu me calei, pois sabia que precisava da bolsa, mais do que ninguém, sabia do quanto queria tornar-se independente do dinheiro do pai e dar orgulho à mãe. Porém, por mais que eu não quisesse admitir, doía, e muito. Então, decidi que o melhor para nós dois seria que eu arranjasse algo para fazer enquanto meu namorado estava tão focado. Dei continuidade à banda, os amigos de Jin viraram meus amigos e agora eram minha melhor companhia, até usei seu exemplo e me dediquei mais aos estudos.

Era um dos raros dias em que estava com ele quando chegou a carta de aprovação. Nós dois choramos de felicidade e alívio, gritamos, comemoramos. Deveria ser só a primeira de muitas aprovações, mas não foi o que aconteceu, os dias passaram e nenhuma outra chegava. A felicidade transformou-se em angústia, pois a única faculdade que o aprovara ficava no outro lado do país.

Nossa história, já enfraquecida pelos últimos meses, não durou muito depois daí. Tentamos aproveitar os últimos momentos juntos, mas parecia mais uma despedida obrigatória do que algo que realmente queríamos fazer. O choque só nos atingiu no aeroporto, quando percebemos que, apesar de nossa relação ter caído na rotina, de a excitação ter diminuído, nós nos amávamos. Foi a primeira e última vez que dissemos "eu te amo" um para o outro e, por isso, porque nos amávamos e sabíamos que seria doloroso demais, decidimos não manter contato.

E a vida continuou, mas ainda sinto falta dele toda noite antes de dormir, quando fecho os olhos e lembro das madrugadas em claro no seu quarto e de seu peso ao lado do meu, o ritmo da sua respiração e seu cheiro. Não é mais uma dor desesperadora como no início, quando meu peito doía fisicamente de tanta aflição; hoje em dia a saudade se mistura à gratidão, a honra de ter Kim Seokjin como um personagem da história da minha vida, a certeza de que ele me transformou em alguém melhor.

Recentemente, embora tenha me prometido que nunca faria isso, procurei suas redes sociais. Ele tem um novo namorado. Foi um incômodo receber essa notícia, mas o fato de eu ter ficado mais feliz do que triste por Seokjin ter seguido em frente é a prova máxima de que o amo. E sei que ele também me ama, então é hora de me permitir seguir, mesmo que certas coisas fiquem para sempre.

everything i dreamed of; yoonjinOnde histórias criam vida. Descubra agora