Reza uma lenda antiga
pros lado do Canindé
Terra das cangaceiras
Umas delas se apartava
Se juntava à ciganada
Que já vivia por lá
Numas tendas vermelhas
Kassandra era diferente
Deixava o povo doente
Eis que amava outras damas
Já quiseram lhe matar
lhe por fogo, lhe amarrar
Mas era escorregadia
Tava sempre prevenida
Ia de vila em vila
Pelos anjos protegida
Em seu alazão montava
seus cabelos pelo ar
Sempre alegre, maquiada
Já sabia das tocaias
Sorridente e bem amada
Enganava e conquistava
Quem pelo caminho passava
Eis que um dia de sol alto
A viram passar às pressas
Essa gente que conversa
Jura que ouviu essa prosa
Na pracinha do altar
Arraial Poço Redondo
Na manhã que antecedia
O bendito casamento
Da Ana Isa e Antônio:
- Ana Isa quer ter filhos
Sou seu noivo e legítimo
Não tire a moça dos trilhos
Mulher precisa é de homem
Pra poder se apoiar
- Sou bem entendida disso
Nosso filho é o que o destino
Há de nos presentear
Por demais apaixonada
Depois que a vi dançar
Não me resta outra saída
Vou com ela me casar
Tem alma é de boi bravo
Não aceita teu cabresto
Gosta mais de igualdade
Ama só na amizade
Morre antes de calar
- Tu não sabes do que dizes
É pecado e é mortal
Mulheres e meretrizes
Que vivem como tal
Pro inferno vais fervendo
Sem direito a julgamento
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A Caravana de Kassandra
RomanceUm conto de cordel, essa é a história de uma cigana cangaceira e meio diferente, que assustava o povo do sertão do Alagoas. Ela nem não sabia mas chamava tanto a atenção que virou lenda, Kassandra andava sempre com um lenço amarelo na cintura.