Poesia da Decadência

Quem é ela?

Quem é ela?

Ela é menina dos olhos mais lindos que já vi. Ela é a menina do toque suave, dos gestos brandos e das mentiras não ditas com o dom da palavra, seu encanto.

Ela é a menina do cabelo despenteado, do olhar sincero, do sorriso secreto, da voz calada. Ela é a menina do andar mais belo, do chegar pouco discreto e da partida menos esperada.

Ela é a senhora da modéstia, dos melhores ensinamentos, mesmo quando não quer dizer nada. Ela é a personalidade, a causa e o efeito, uma contradição constante. Ela é o nome que escrevo num papel qualquer, meu suspiro ao acordar e a foto na minha estante.

Ela é um preço qualquer a se pagar por um incansável mistério que dá gosto de não desvendar. Ela é meu preto, meu branco, meu tudo vazio dentro do infinito além do mar. Um risco sem forma no canto do meu livro não escrito, o meu poema perdido, que o tempo não quis guardar.

Ela é uma peça mal descrita, uma conversa mal resolvida durante uma noite sem luar. Ela é a tarde de veraneio no extremo frio e um carinho sem pressa ao meio-dia, o qual não quero nunca abandonar.

Ela é minha melhor amiga, o encanto adormecido na memória de uma criança. A verdade por detrás da melhor história, e um armário cheio de doces lembranças. Ela é a loucura a qual me submete, e uma maldição da qual não quero me livrar. Ela é aquela que decifra a minha mente, e que descobre eventualmente, até aquilo que eu nunca ousei pensar.

Ela é o vento que esvoaça meus cabelos, e a luz do sol num dia de chuva. O som das folhas do outono passado, um desejo reprimido de correr em direção a ela na rua. Ela é uma estrela caída, e uma rosa com belos espinhos. Um perfume inesquecível que meus pés descalços não permitem rastrear.

Ela é um pássaro que voa em direção à montanha e um peixe que nada sempre ao fundo, mas nunca sabe o que quer encontrar. Ela é minha canção esquecida, meu poema preferido, e meu medo de rimar. Um coração palpitante quando me pego pensando nela e não sei onde ela está.

Quem é ela? Ela é a menina dos meus olhos, a menina dos sonhos que nem ousava sonhar. Ela é simplesmente tudo para mim, minha menina.

Mas, acima de tudo, ela é a esperança de que um dia, talvez, quem sabe, eu venha a encontrá-la.