Capítulo 1 ↝ Prólogo

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Setembro de 2004
          {6 anos}

   Um carro onde haviam duas pessoas parou em frente a uma esbelta casa, que se localizava em uma rua aparentemente tranquila.

   Dentro dele havia uma garotinha, que estava sentada na parte de trás. Ela tinha os cabelos escuros e cheios de cachos soltos, e usava seu vestido azul-marinho favorito. Ela estava ansiosa, e por isso mexia sem parar na barra do mesmo.

   — Está pronta, querida? — A voz doce de Wendy soou dentro do automóvel e Any apenas concordou com a cabeça, nervosa.

   Já esteve ali duas outras vezes, mas agora seria diferente: seria seu novo lar.

   A Sra. Urrea saiu do carro e se dirigiu a porta do lugar onde estava a pequena. Abriu e retirou o cinto de segurança que prendia seu corpo, a ajudando a descer. Any olhou pra casa e hesitou; E se não gostassem dela? E se ela não gostasse de viver lá?

  Wendy logo notou o olhar assustado e apreensivo da menininha, se pondo em sua frente e se abaixando, fazendo com que ela a encarasse.

   — Ei, está tudo bem. Não precisa ter medo. — A tranquilizou e sorriu da forma mais gentil, o que reconfortou Any. — Somos sua família agora. Nós já te amamos, Any. — Afirmou, colocando uma mecha de seu cabelo atrás de sua pequena orelha.

   A pequena assentiu novamente e sorriu, se sentindo mais acolhida com as palavras ditas por Wendy. A mais velha segurou em sua mão e a guiou em direção a entrada da casa.

   Dentro da casa havia, na cozinha, também havia um pequeno garoto. Seu nome era Noah e ele ajudava Sr. Urrea a preparar as coisas para a chegada de uma nova pessoinha que faria parte de sua família, e ele também estava ansioso por isso; E se ela não fosse tão legal?

   — Por que não escolheram um menino, assim como eu?  — Indagou Noah para seu pai. — Queria um irmão, assim podia falar de coisas de homem com ele. Meninas são chatas.

   — Que tipo de "coisas de homens"? — O mais velho riu da postura do filho e arqueou a sobrancelha, olhando para o menor enquanto despejava os biscoitos recém-assados e feitos por eles de uma forma para uma bandeja.

   — Futebol, videogame... Essas coisas. Você sabe. — Disse o garoto e se aproximou, pegando um dos biscoitos e o levando a boca.

   — E quem disse pra você que isso é papo só de homem? — Perguntou Marco. — Meninas também podem falar sobre isso.

  — Tá, mas continuam sendo chatas. — Noah insistiu, o que fez seu progenitor suspirar e o carregar, o colocando sobre o balcão.

— Nós não escolhemos ela, filho. — Disse, deixando o menino confuso. — Any nos escolheu. Ela confiou em nós e somos muito sortudos por isso. — Explicou e encarou o pequeno de forma séria; — Você tem que ser um bom irmão pra ela, Noah. Proteger ela sempre, porque agora ela sempre fará parte de tudo em nossa vida. — Falou.

   Eles escutaram a porta da frente se abrir e logo escutaram a voz de Wendy, anunciando que haviam chegado. Marco tirou o filho de cima do balcão de mármore e o desceu até o chão.

  Assim que Any adentrou a casa dos Urrea, observou com os olhos curiosos o ambiente de um modo diferente, já que a partir de agora ali seria sua nova casa. Ela observou também um homem que já tinha visto uma vez com uma aparência mais velha se aproximar, assim como um menino que por alguns centímetros não era de seu mesmo tamanho. Olhou para Wendy, que assentiu para ela, a incentivando. A menininha respirou fundo antes de se aproximar e falar como tinha ensaiado algumas vezes:

   — Oi, eu sou a Any. — Sua voz meiga e fininha pela idade foi ouvida pela primeira vez por Noah e Marco. Wendy sorriu orgulhosa.

   — Oi Any. — Disse o pai da casa que sorriu, comprimentando a pequena. — Eu sou Marco. E esse aqui é o Noah. — Apresentou o menino, que permanecia calado, observando a pequena pessoa a sua frente. Ela era diferente de todas as meninas que conhecia ou já tinha visto;

   — Fale com ela, querido. — Wendy falou para o pequeno, que olhou pra ela e depois voltou a olhar para Any.

   — Oi. Sou Noah, seu novo irmão.

   Quando Any ouviu a voz do garoto de cabelos loiros escuros, olhou pra ele e o observou, curiosa;

— Eu fiz biscoitos. — Informou. — São de chocolate. — Continuou e apontou para a cozinha atrás deles, onde estariam as guloseimas. — Você quer?  — Perguntou.

   Any ainda estava apreensiva com tudo ao seu redor, mas amava biscoitos, então aceitou, concordando silenciosamente; Noah se virou e caminhou em direção a cozinha, parando no meio da sala quando reparou que a menina não veio junto.

    — Vem.  — Chamou e a menina olhou pra Wendy novamente como se pedisse permissão pra ir com ele.

    — Vá com ele. — Disse e Any obedeceu, indo atrás do menino até a cozinha da grande casa.

   Noah continuou a andar quando ela o seguiu e pegou a bandeja onde Sr. Urrea havia posto os biscoitos, levando até a garotinha e a oferecendo. Any estendeu sua mão magra em direção a pequena massa crocante de formato esférico e mordeu um pedaço da mesma, gostando do presente sabor do chocolate.

    — Você gostou?  — Ela ouviu a voz do menino e olhou pra ele, terminando de mastigar o biscoito.

   — Sim. — Respondeu. — Eu gosto muito de chocolate.

   — Eu também. — Ele disse.

   Os pais da casa observavam a cena dos mais novos da casa interagindo satisfeitos e se entreolharam, sorrindo. Era definitivamente uma grande benção para eles ter a presença de outra criança em casa, e agora, uma menina.

   A partir daquele dia a família deles nunca mais seria a mesma, e todos sabiam disso.

sweet creature • 𝘯𝘰𝘢𝘯𝘺Onde histórias criam vida. Descubra agora