Me solta!

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 Tudo estava escuro quando eu finalmente abri os olhos.

 Puxei o ar com força, tentando me localizar, mas não obtive sucesso. Tudo ao meu redor se movimentava, era escuro e sons muito altos e confusos ecoavam por todo lugar. Aquilo com certeza era um pesadelo.

Coloquei a mão em meu ouvido e fechei os olhos, rezando para que aquilo passasse.

Até que um tempo depois simplesmente parou.

Eu morri.

 Abri os olhos com medo, mas tudo permanecia escuro. A única diferença é que eu não estava mais em movimento e o barulho tinha sumido.

Respirei fundo, olhando ao meu redor, tentando entender o que estava acontecendo. Permaneci deitada, pois não tinha forças para me levantar. O chão que estava embaixo de mim era gelado.

Até que uma luz muito forte veio de cima, me obrigando a fechar os olhos mais uma vez. Meu coração batia muito rápido e acelerou mais ainda quando eu ouvi vozes.

Como instinto permaneci quieta, parada e de olhos fechados, como se estivesse dormindo. Não havia como fugir dali.

-Vocês estão vendo o mesmo que eu? - uma voz masculina disse.

Senti como se alguém estivesse mais próximo de mim, o que me deu mais vontade de abrir os olhos, mas permaneci estática.

-É uma garota! - outra voz masculina.

Certo, tinham duas pessoas ali.

-Ela está morta?

 Me arrependi na mesma hora de estar me fingindo de morta. Não teria como eu sair dali e eu não estava entendendo nada do que estava acontecendo. Ainda mais contando que era eu contra dois homens.

Até que senti alguém tocar em meu pulso.

Foi o suficiente para eu abrir os olhos e atacar quem quer que fosse, ignorando todo meu pensamento racional. Me joguei para cima da pessoa, a fazendo cair no chão, e subi em cima dela, tentando me defender de algum jeito. Percebi logo de cara que era um menino e seu olhar estava apavorado e assustado, tanto que ele não reagiu com tudo aquilo, dando espaço para que eu atacasse mais ainda.

Porém fui impedida por duas outras mãos, que me retiraram de cima dele, como previsto. 

-Segura ela! 

Me debati mais ainda, mas ele era forte e me segurava com força, impedindo que eu me soltasse.

Observei o menino que eu havia atacado levantar no chão, segurando o próprio rosto com a mão, onde eu havia deixado um arranhão que estava bem vermelho. Sua boca estava entreaberta.

-Me solta! - gritei como uma ultima forma de desespero.

-Fica calma trolha! - a pessoa que me segurava disse.

 O menino que eu tinha atacado respirou fundo e levantou as duas mãos, como se estivesse se rendendo. Ele me olhava com calma, o que era bem estranho visto o que eu tinha acabado de fazer.

-Não vamos te machucar - ele disse - Eu prometo.

Com aquelas palavras eu parei de tentar me soltar, mas ainda estava atenta. Ainda me seguravam com força.

Meu cabelo estava em meu rosto, resultado daquela quase briga.

-Eu sei que você deve estar confusa e com medo - o menino continuou - Todos nós passamos por isso e vamos te ajudar.

-Me solta! - gritei, me jogando para frente.

O menino fez sinal para que o outro me soltasse e foi o que ele fez. Relaxei um pouco ao estar livre dos braços dele. 

-Viu só? - ele continuou - Não vamos te machucar. Estamos aqui para ajudar.

-Onde eu estou? - perguntei.

-Você está na clareira. Por que não saímos daqui? Prometo que vou te explicar tudo.

 Foi aí que eu entendi onde eu estava. Era uma especie de caixa metálica. Olhei para cima, onde a luz do sol vinha e notei que muitas pessoas me encaravam

Ou melhor, muitos garotos me encaravam.

-Meu nome é Newt - ele disse - E esse atrás de você é o Alby. 

 Observei melhor os dois. O que me segurou era alto e muito forte. Sua pele era mais morena e ele parecia estar calmo demais. O que eu havia atacado era alto também, mas tinha uma pele branca e era loiro. Seu rosto tinha um arranhão que ia do olho até o queixo, passando por toda a bochecha.

-Lembra seu nome, trolha? - Alby perguntou.

Eu ia xingá-lo de qualquer coisa por ter me chamado de trolha, mesmo eu sem saber o que era aquilo, mas parei na mesma hora que percebi que não sabia meu nome. Tentei vasculhar por toda a minha memória, algo simples, qualquer coisa.

Eu não me lembrava de nada.

 Eles tinham feito algo comigo ou eu devia ter batido minha cabeça, pois nada me vinha na mente.

-Tudo bem - o loiro disse quando percebeu meu olhar de pânico - Isso é normal. Todos aqui passamos por isso.

-Isso o que? Eu não estou entendendo!

Senti meu coração voltar a acelerar e o medo me dominar mais uma vez.

-Eu vou te explicar tudo - o moreno disse - Vamos sair daqui primeiro.

 Observei ele sair daquela caixa com a ajuda dos vários meninos que estavam do lado de fora. Todos eles estavam quietos e me encaravam como se fosse um troféu ou um monstro.

 Segui seus passos meio indecisa. Não havia nenhuma saída por aquela caixa que não fosse daquele jeito. E se eu queria fugir dali, teria que ser por outro lugar.

Alby me ajudou a sair da caixa, segurando em minha mão e me puxando para cima.

 Me acostumei por um momento com a luz do sol e olhei ao meu redor. Era um lugar grande, mas o que mais chamava a atenção eram quatro muros gigantes que delimitavam o local. Estávamos presos ali. Não havia outra saída.

 Havia uns 40 garotos me encarando. Nenhuma menina.

Senti o ar começar a faltar por um momento.

-Eu sei que parece assustador - o loiro disse atrás de mim - Mas vamos te explicar tudo.

Olhei para ele por um momento. Nada ali fazia sentido. Ele havia colocado a mão em meu ombro, como uma forma de me reconfortar, mas eu a tirei na mesma hora.

 As coisas voltaram a girar e era como se eu estivesse mais uma vez no escuro daquela caixa.

-Trolha, você está bem? - ele perguntou me olhando com mais atenção.

E isso foi a última coisa que eu ouvi antes de desmaiar.



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Dependendo da quantidade de comentários eu solto o próximo capítulo rapidinho!

Pregnancy in the field - Maze RunnerOnde histórias criam vida. Descubra agora