A menina do Jardim

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A MENINA DO JARDIM

 

Ela sempre foi uma menina mimada.

Ao olhar da janela do seu quarto, havia um jardim.  Apenas um. Sem flores, sem cor, sombrio.

Por mais que o amor banhasse ao seu redor, ela era triste. Uma menina jovem e amarga. Suas amigas eram felizes. Cada uma cuidava de seu jardim e parecia mágico ao pisar em cada um deles. Além de manhosa, era ansiosa. Não queria esperar o tempo certo, não cuidava do seu coração e então ela pôde observar que era estranha. Foi então que resolveu cuidar de seu jardim, mas de uma forma que ficasse bonito e mostrasse que também era capaz de  cuidar dele.

A menina queria mostrar a felicidade que não tinha. Pediu a governanta de sua casa, aquela que por muitos anos tolerou suas crises, para comprar flores e não sementes. Quando chegou, a menina desceu as escadas e foi até o jardim. E plantou, plantou e plantou. No entanto, as flores eram de plásticos.

Em um falso jardim, a menina interpretou estando satisfeita. Mas não houve plantio e sim acomodação. Não havia cuidado e carinho. Seus olhos não brilhavam e não se sentia confortável ao se sentar em seu banco superficial.

Entre seus dias tristes e praticamente obrigatórios em seu jardim, surgiu um homem; um senhor de roupa simples e chapéu antigo, ele sentou ao lado dela. E sem dizer uma palavra, leu através de seus olhos, toda mágoa. Foi então que o gentil senhor se levantou do banco e tirou do bolso uma semente e a fez observar. Ele plantou. E sem dizer uma palavra, virou-se e partiu.

A menina sem entender, continuou no seu jardim; contemplou o crescimento da semente. Percebeu que para sentir a emoção, deveria plantar e construir com o coração. Rapidamente, desfez-se de todas as flores falsas que estavam em seu jardim. Providenciou sementes de todos os tipos de flores. E todos os dias, sua missão era plantar e contemplar o crescimento de cada cantinho de seu jardim.

A menina do jardim aprendeu que a felicidade não se comprava, não se falsificava e não se inventava. Que fingir ser algo ou estar bem para impressionar era inútil. Ela compreendeu que plantando com amor, a alma se acalma, a mágoa se vai e a paz se sobressai.

 Joyce Xavier.

Brilho da Minh'almaOnde histórias criam vida. Descubra agora