XIII

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- Enfim em casa. - Digo assim que abro a porta de nosso apartamento, mantendo-a aberta para que Nicolas entre carregando o pequeno bebê conforto, onde dorme serenamente o maior amor de nossas vidas. Ele deposita a cadeirinha na poltrona de nossa sala e retira seus sapatos, meias, jaqueta e camisa, deixando-os próximos da porta. Depois, vai até o lavabo e lava suas mãos, voltando rapidamente, desprendendo nossa filha do cinto de segurança e a pegando no colo. Eu observo cada movimento dele enquanto também retiro meus sapatos. Nicolas senta no sofá e coloca Catarina deitada em seu peito, ela dá um pequeno suspiro e continua dormindo tranquilamente. Ele ergue os olhos para mim, a felicidade que eu vejo em seu olhar preenche cada célula do meu corpo e me deixa tão paralisada de amor que eu sinto meu peito apertado e perco um pouco o fôlego. Catarina se mexe levemente e resmunga, e nossos olhares automaticamente se voltam para ela, que simplesmente cai no sono novamente. Sorrio, caminhando em direção à eles e depositando um beijo em sua pequena cabecinha, inspirando seu cheirinho. Depois, beijo os lábios de meu marido, tentando lhe transmitir toda a gratidão que estou sentindo dentro de mim. - Vou tomar um banho, tirar essa energia de hospital. Se ela chorar de fome, você a leva para mim? - Pergunto para ele, que afirma com a cabeça. Subo as escadas e enquanto caminho pelo corredor, penso que nada mais a partir de hoje será a mesma coisa. Não somos só nós dois, agora vivemos por uma criaturinha que precisa 100% de nossa atenção, cuidado e amor. Negamos qualquer tipo de ajuda agora no começo, estamos certos que podemos dar conta de nossa menina, de que juntos nós bastaremos para ela. Entro em meu quarto e ainda posso sentir nosso cheiro no ar, parece que foi há semanas que saímos daqui correndo para o hospital, mesmo tendo sido somente há dois dias. Entro no chuveiro e deixo a água quente agir sobre cada músculo de meu corpo. Catarina é uma neném calminha, dormiu a noite toda que passamos no hospital, precisando ser acordada por nós para poder mamar, mas ainda assim, aquela cama, o ambiente e a falta dos braços de meu marido não me deixaram ficar completamente relaxada. Lavo meus cabelos e ao me ensaboar sinto meus peitos doendo e pesados do leite que minha neném provavelmente já deveria ter mamado, se não fosse tão dorminhoca. Sorrio pensando que pelo menos nisso ela se parece comigo, já que decidiu sair a cara do pai. Estou me enxugando quando escuto seus chorinho cada vez mais próximo, e não consigo conter o impulso de ir até ela o mais rápido possível, ainda que pingando água por todo o quarto.

- Amor? - Nicolas franze a sobrancelha ao ver a situação que me encontro. Completamente nua e seca pela metade, termino rapidamente de enxugar meu colo e a tiro dos braços de Nicolas, a posicionando em meu seio, que ela abocanha prontamente. Levanto o olhar para meu marido, que continua me olhando confuso.

- Me desculpa. Eu simplesmente não consigo vê-la chorar. - Digo e ele ri, pegando a toalha que joguei na cama e passando pelo meu corpo, me secando. Depois, vai até o closet e traz meu roupão e me ajuda a vesti-lo enquanto Catarina suga meu leite sem interrupção. Eu me sento na cama apoiando as costas na cabeceira, e Nicolas coloca um travesseiro em minhas pernas, para me ajudar a sustentar o peso de nossa neném. Ele beija minha testa e entra no banheiro, de onde escuto o barulho do chuveiro novamente ligado. Catarina resmunga e esfrega seu narizinho em meu seio, perdendo meu bico. Aproveito para virá-la e oferecer o outro lado, mas percebo que ela já está praticamente adormecida. A coloco de pé contra mim para fazê-la arrotar e então a deito em minha cama enquanto vou procurar uma blusa de Nicolas para vestir. Coloco rapidamente um microshorts que costumo usar como calcinha e colo um desses absorventes que me entregaram no hospital, dizendo que eu poderia precisar deles por algumas semanas. Demoro alguns minutos tentando encontrar os sutiãs de amamentação que comprei poucas semanas atrás, e ao vestir um deles fico me encarando no grande espelho à minha frente. Se tem uma coisa que eu não estou é sexy, ou bonita, ou minimamente desejável, e um aperto em meu peito aparece onde minutos atrás só existia plenitude e amor. Tento afastar esses pensamentos e visto uma camiseta de Nicolas antes de voltar para meu quarto, onde suspiro ao encontra-lo já deitado ao lado de nossa filha, a admirando. Vou até ele e me apoio em seu peito, também observando Catarina. Ele coloca uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha e eu olho para ele, seus cabelos molhados conseguem deixá-lo ainda mais lindo, mais jovem, e um pensamento que há muito não me atingia, me acerta com tudo.

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